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2960 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 119

sacerdotes serão indispensáveis; congregados os auxílios dos departamentos do Ministério da Saúde e Assistência, do Instituto de António Aurélio da Costa Ferreira, do Instituto Profissional de Maria Luísa Barbosa de Carvalho, do Instituto Nacional de Educação Física, da Mocidade Portuguesa, etc., há que retomar a caminhada, há que dar continuidade ao trabalho do Prof. Serras e Silva.

A Sr.ª D. Maria Irene Leite da Gosta: - Muito bem!

O Orador: - E, Sr. Presidente, essa caminhada futura está já muito bem planeada em todos os seus pormenores - naqueles pormenores qualitativos e quantitativos que constituem um verdadeiro programa.
Programa cuidadosa e sabiamente delineado já, há alguns anos, por uma comissão nomeada para proceder ao estudo da reorganização dos serviços da saúde escolar. E não me parece esse estudo nem desactualizado nem inexequível, pelo que, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é óbvio não haver vantagem em passar das ideias gerais que tenho vindo a expor e que considero fundamentais no espírito da reforma, para a enunciação particular, qualitativa e quantitativa, dos diversos serviços que por outros já foram muito bem idealizados.
Resta-me, portanto, só acrescentar os meus muito sinceros e veementes votos para que a reforma dos serviços da saúde escolar saia da gaveta abafada onde se encontra, e tome o ar puro indispensável para poder transmitir à saúde escolar, até pleonàsticamente, toda a saúde de que precisa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: está escrito em letra deforma e com reconhecida idoneidade que o «milagre» alemão da recuperação no pós-guerra mergulhou as suas raízes no sistema educacional e, sobretudo, lá no fundo, na saúde escolar.
Isto faz-me reflectir sobre este período difícil da nossa integridade nacional que ora atravessamos, mas que, com a graça de Deus, a mestria fulgurante de um chefe excepcional e o vigor natural e espontaneamente fluente do nosso temperamento, lá se vai vencendo, e com toda a dignidade. Mas precisamos de ter sempre presente no nosso espírito que não é imprevisível uma crise ainda mais grave.
Tão grave que, para dominá-la, tenhamos de possuir uma reserva especial nos escaninhos da alma, nos recessos do coração. Aquela reserva, aquela outra saúde ou força oculta e sobre-humana que faz um herói e gera um santo e foi a real razão do nosso «milagre» de Aljubarrota.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O fundo, Sr. Presidente, a moral desta história, impõe uma adaptação particular e metafísica do conceito universal e puramente científico da saúde ao carácter nacional defendido pela nossa Constituição Política.
O carácter português - resultante do poder ancestral de uma milenária formação católica -, sem desrespeito pelo objectivo imediato, individualista, pessoal, do conceito científico de saúde, impõe, todavia e em verdade, um programa, sanitário concebido com os olhos fixos sobretudo nos objectivos mediatos, quero dizer, com o espírito unido à noção da eternidade.
O fim imediato não è verdadeiramente o fim consistente e duradouro, enquanto o objectivo mediato tende claramente para a eternidade. O imediato lembra, às vezes, a fugacidade traiçoeira do prazer e o mediato idealiza a suavidade perene da alegria.
Diz Fulton Sheen, que já aqui foi lembrado hoje, que o prazer é sempre acção e reacção e a alegria é irreversível, porque é a simples e santa paz da consciência como prémio das grandes virtudes.
Nós, Portugueses e católicos, espontaneamente meditamos sobre o significado de «bem-estar físico e psíquico» e não nos quedamos sem reacção, sem raciocínio, diante dessa expressão que não foi perfeitamente definida.
Ao debruçar-me, Sr. Presidente, sobre, este problema da saúde escolar, reflecti e meditei, mais uma vez, sobre a ideia de «bem-estar», desde a ausência utópica de tensão ao «bem-estar» do místico e mártir no auge das atrocidades dos algozes. E com todo o respeito pelo mais actual conceito científico da unidade biológica psicossomática tenho, todavia, de me manter conscientemente fiel à dualidade divisível pela minha fé. Deslumbra-me a mais extraordinária maravilha da criação, onde há um corpo complexo, transcendente, genial, que sempre morre, e sobre ele uma alma sublime, infinita e eternamente viva.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinheiro da Silva: - Sr. Presidente: tenho para mim que a atenção, o carinho, os cuidados dedicados à criação de estabelecimentos de ensino e educação, bem assim a sua estrutura, nível e espírito que os anima, denunciam, em larga medida, tanto o sentido como os fins de um estilo de acção ultramarina.
E bom é notar, desde já que a existência de instituições escolares no Portugal de além-mar compatíveis com os ideais da Nação, adequadas ao condicionalismo local, constituiu sempre, entre nós, séria preocupação de quantos possuem a consciência exacta dos deveres de patriotismo e da função que nos cabe desempenhar no Mundo.
Realmente, desde os tempos heróicos da arrancada da dilatação da Fé, fundar escolas no ultramar, rodeá-las das condições necessárias ao seu pleno funcionamento, são imperativo dos ideais e interesses nacionais.
Como se sabe, os missionários que, desde a primeira hora, acompanharam o soldado, o funcionário, o colono, foram os abnegados professores das escolas logo construídas, ministrando as letras e ciências, as artes e ofícios. As primeiras letras tanto quanto as humanidades, que nos colégios da Ordem de Jesus mereceram aturada atenção. A qualidade e a condição de tais mestres garantiam, a um tempo, a boa marcha do ensino e a consecução dos objectivos almejados.
Por exigências político-sociais-religiosas, a integração escolar dos de cor, problema enorme para o germânico, ainda hoje sem solução nos nossos dias, é por nós praticada a partir das primeiras instituições do ensino ultramarino, como um acervo de documentos irrefragáveis no-lo prova.
Estando, com efeito, na raiz da expansão da grei a ideia da unidade nacional; sendo o conceito português de nação desprovido de ideias perniciosas de raça e geografia; cedo arreigada a crença, de cariz cristão e hispânico, na possibilidade da aquisição da lusitanidade pela