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2954 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 119

remos de reduzi-la neste campo ao papel muito mais modesto de fornecer mera informação cultural, relegando a função formativa para instituições marginais. Mas então sejamos justos: não culpemos a Universidade de falhar no cumprimento de uma missão para a qual lhe recusamos os meios.

O Sr. Sales Loureiro: - Muito bem!

O Orador: - Um outro problema que se põe e em estrita ligação com a reforma dos planos de estudo é o que se relaciona com a limitação do número de alunos por classes ou turmas. Em muitos países o número máximo preconizado para um ensino eficaz é de 25 alunos, ao contrário do que se verifica entre nós, em que esse número ultrapassa de muito longe todo o limite razoável. Senão, vejamos: na instrução primária existem classes a funcionar com 40 e mais alunos, apesar de muitas centenas de professores primários por colocar. Tal situação, que briga com os melhores princípios pedagógicos, não permite o trabalho individual intenso que por vezes se impõe, pois todos sabemos que a capacidade intelectual difere entre os alunos, e só esse trabalho individual conduz a prodigiosas e reconfortantes recuperações.
Nos liceus raríssimas são as turmas com menos de 40 alunos, e todos sabemos também o sistema de ensino que aí impera e a fornia, por vezes caprichosa, como o aluno é apreciado e classificado ..., não tanto por culpa dos professores, mas pela natureza das possibilidades de que dispõem para ministrar um ensino mais eficaz e mais de acordo com renovados processos pedagógicos.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - No ensino universitário, o que decorre diariamente nos seus laboratórios com os trabalhos práticos é verdadeiramente deplorável. Das turmas fazem parte qualquer número de alunos até ao limite de 50, pois só uma vez atingido este número a lei faculta o desdobramento remunerado.
Dentro desta obrigatoriedade, quando um curso tem, por exemplo, menos de 50 alunos, como por vezes se verifica, como é possível criar condições de investigação, mesmo modesta, repetimos, que permita sequer o aparecimento do interesse pela investigação?
Nas Faculdades de Letras, outro exemplo a considerar, nas aulas práticas de línguas vivas, onde o professor tem de manter diálogo com o aluno, o sistema que impera é absurdo, porque para se efectivar o desdobramento importa que seja atingido o número limite de 100 alunos. (Risos).
Sobre os sistemas de exames em vigor, tão discutidos e criticados, também não queremos omitir uma referência, e começamos exactamente pelos de admissão ao liceu e à Universidade. Não vemos, realmente, qualquer vantagem no sistema actual, por falho de objectivo em relação à personalidade intelectual do estudante.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Ainda compreenderíamos que para avaliar do grau de capacidade de um aluno, a ingressar especialmente num curso universitário, este fosse submetido a determinados testes a estudar. Mas tal qual agora se faz apenas resulta numa duplicação de exames, com perda de tempo para professores e alunos, sem qualquer finalidade plausível, e certo desprestígio para o professorado primário e liceal.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Além disso, é necessário meditar na injustiça relativa, digamos assim, que se verifica com os alunos que no liceu alcançam a média de 14 valores, nas disciplinas consideradas nucleares, dispensando dessa forma do exame de admissão à respectiva Faculdade. E dizemos injustiça relativa porque as diferenças de critérios de classificação, se já podem ocorrer no mesmo liceu, mais acentuadamente surgirão quanto aos alunos que provêm de liceus diferentes.
Além destes exames de transição, também o sistema de exames que vigora no ensino liceal tem de ser modificado, por não corresponder aos seus fins específicos, e à elaboração dos pontos escritos deverá presidir um são critério.
O volume das provas escritas que em cada liceu se acumula nas épocas de exames e a forma apressada como têm de ser corrigidas e classificadas, em prazos de tempo que é preciso respeitar, obrigam os professores a um esforço incompatível com a tranquilidade de espírito e a disposição moral que deveriam presidir a um julgamento de delicada e rigorosa apreciação.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Supomos que haveria a maior vantagem em fazer diminuir o número de examinandos, para o que bastaria estabelecer critério menos exigente para a dispensa de exame final.

Vozes: -Muito bem !

O Orador: - Mas voltemos de novo o nosso pensamento para mais alguns aspectos de projecção futura inestimável.
Na expansão escolar que procuramos enfrentar e que é, como tantas vezes tem sido acentuado, factor primordial de desenvolvimento económico, surge desde logo como dever primeiro formar professores à altura das suas pesadas responsabilidades e promover o seu recrutamento, como é evidente, entre os melhores elementos de cada geração.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Confessamos que não nos seduz o uso da terminologia hoje tanto em voga, o de formação acelerada de professores. Ainda não conseguimos divisar verdadeiramente o que se entenderá por formação acelerada, que poderá dar a ideia de celeridade de formação em ordem à quantidade, quando não podemos, sem perigo de graves riscos, minimizar a qualidade.
Tenho lido que se fala muito de recrutamento de professores, mas demasiado pouco da sua formação. Ora, esta tem de constituir a preocupação dominante, para que aqueles que vêm a ter à sua guarda a juventude possuam as qualidades pedagógicas, científicas e morais que se impõe.
Um dos motivos fundamentais da dificuldade que se nos depara no recrutamento dos mais bem dotados reside especialmente num aspecto, a todos os títulos humano e legítimo: de darem a preferência a posições em que o seu esforço e o seu trabalho sejam mais conveniente e justamente remunerados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No sector universitário este facto evidencia-se no mais alto grau, pois que, por um lado, essa situação lhes é propiciada por organismos privados, dado que o desenvolvimento na indústria e no comércio tem