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2956 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 119

dentro do princípio de que «todos devem ser colocados no mesmo pé de igualdade de possibilidades para prosseguirem os estudos», importa fomentar a criação de uma rede mais ampla de escolas secundárias - liceus e escolas técnicas -. com as suas respectivas cantinas, meios que permitam uma proveitosa educação física, prática de desportos, etc. Tudo, enfim, que possibilite um espírito de camaradagem, sempre agradável e proveitoso, quando bem orientado.
Numa época de acentuada crise moral como aquela em que vivemos, resultante de um mundo enfermo e desorientado, porque iluminado mais pela luz do materialismo do que pela luz da Fé, importa sobretudo actuar no sentido de que a mocidade viva e se oriente por determinados ideais, que muito simplesmente poderíamos resumir no amor a Deus, à Pátria e à Família.
Podemos, na generalidade dos casos, aplicar à educação a sentença sagrada, que reza assim: «leva a criança ao caminho que deve seguir; e quando for velha não se arredará dele».
Todos deveremos contribuir para que a profecia se realize no mais elevado grau: Mas para isso supomos que existe hoje muita tendência em alijar a responsabilidade da educação dos filhos exclusivamente para a escota, como se fosse admissível que alguma instituição entre em competência com os pais e os procure substituir nas suas prerrogativas próprias.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Evidentemente que a escola não rejeita o papel que lhe cabe, mas para que algo do útil possa sor atingido é necessário que se mantenha uma estreita e contínua ligação com a família.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Só assim, desse espírito de colaboração entre o professor e os pais, dessa perfeita compreensão e mútua, ajuda, poderá surgir uma obra frutuosa, com as suas inerentes repercussões sociais. Daqui se deduz logicamente que, além de professores com sólida formação moral e intelectual, é fundamental e indispensável uma instituição familiar à altura do grande objectivo a alcançar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Recordamos ter lido algures que, além de outras condições - como a autoridade e a compreensão -, «a primeira condição de todas e o primeiro requisito para uma educação frutuosa é o amor», e este só na família poderá encontrar-se plenamente. Mas, ainda como complemento da acção que compete à família, a Igreja, como instituição de primeira grandeza, que com o seu facho luminoso inundou de luz toda a filosofia da educação e toda a cultura de séculos, terá de continuar a desempenhar pelos tempos além um papel dos mais relevantes.
É indispensável que a evolução do estudante através dos primeiros graus do ensino culmine com uma sólida formação moral e intelectual na Universidade, e, sem perigosas transigências ou intransigências, interessa ouvir e acolher a juventude, saber aconselhar e aproveitar a sua generosidade, de forma que todos compreendam que ao prestígio das instituições que a instruem, e que dela depende em larga escala, estará sempre ligado o prestígio das profissões que desempenhará e do país em que nasceu.
No abandono da nossa juventude, na indiferença com que se encara por vezes a formação da personalidade numa das fases mais significativas da evolução do homem, está a causa dessa tão apregoada «crise da juventude», que urge combater por meios apropriados.
Esta crise afecta, como todos sabemos, a população escolar nos níveis do ensino secundário e superior, onde há carência de meios para a realização de uma tarefa da importância não inferior à que corresponde à ministração dos conhecimentos inerentes aos respectivos cursos. É fundamental e urgente rever métodos e sistemas por forma a conseguir os resultados que os superiores interesses da Nação exigem.
Voltemo-nos, por isso, com devoção e com entusiasmo para a juventude de hoje, garantia promissora do futuro da Pátria, a quem os problemas da educação afectam de um modo muito especial. E para ela, para essa juventude portuguesa sã e generosa, nos dirigimos ao finalizar estas palavras.
E, com o Prof. Correia da Silva, diremos:

Diante de nós há uma realidade - a realidade do mundo português. E essa realidade, esse mundo português, pertence-vos a vós, que sois juventude de Portugal! Que cada um se esforce por senti-la. E sentindo-a, e compreendendo-a, e amando-a, que cada um possa concorrer, por pouco que seja, para a sua grandeza e para a sua eternidade.
Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Délio Santarém:-Sr. Presidente: requeiro a generalização do debate.

O Sr. Presidente: - Está deferido o requerimento de V. Ex.ª

O Sr. Délio Santarém: - Sr. Presidente: tem passado por aqui, nesta VIII Legislatura, com a frequência própria do ritmo do nosso século, em que o óptimo de hoje é já o insuficiente de amanhã, uma série de reformas notáveis pela quantidade e pela qualidade.
Citemos, como exemplos, a reforma da assistência, a reforma da previdência, as desenvoltas alterações no complexo agrário, etc.
E se nesta última composição -mais precisamente, no já famoso emparcelamento e parcelamento da propriedade rústica-, sem embargo de um prelúdio heróico de sabor wagneriano e de um primeiro andamento allegro agitato a traduzir toda a alacridade e todo o colorido da região nortenha, nos quedamos contemplativos num interlúdio infinito a denunciar receio da dolência nostálgica do segundo e último andamento, nem por isso o Governo deixou de se mostrar- profundamente irmanado com as exigências de uma evolução cada vez mais vertiginosa. Mas foi pena, realmente, que às vivas ressonâncias vindas das ramadas e dos enforcados, das eiras e dos milheirais - de todo esse pequenino mundo emaranhado em cristianíssima fraternidade e que o doce cantar das águas ribeirinhas eleva, tantas vezes, ao misticismo e à ascese -, se não seguisse - em segundo e último andamento- a melodia compassada, dolente, profundamente sentida no seio daquelas searas sem fim e abençoadas por Deus.