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30 DE JANEIRO DE 1964 3015

3; Desenho, 2; Formação Portuguesa, 2; Religião e Moral, 2; Educação Física, 2: Canto e Músico. 2. Total 27 tempos.
Parece-nos vantajoso esto plano de estudos para o ciclo inicial, não só pelo equilíbrio das matérias, pela índole formativa que reveste e que o Estado cumpre manter, mas ainda por assegurar uma maior sincronização com o plano de estudos do ciclo subsequente.
A subida do nível de vida e. de cultura tem lançado no ensino secundário um número cada vez maior de alunos que anseiam por uma valorização económico-social.
Todavia, tal ascensão vem sendo feita mais com base na localização dos institutos ou nas possibilidades económicas dos candidatos que propriamente na natural selecção dos melhores valores.
Os de debilidade económica têm entretanto, recebido notável protecção da parte do Estado, através da concessão de bolsas de estudo e de redução de propinas, cujos objectivos e espírito, nem sempre são cumpridos pela actual regulamentação. E preciso ter em conta que entre os estudantes pobres a nota de 16 valores é demasiado alta para acesso a bolsas, porquanto as condições do meio ambiente e mesmo as alimentares não são favoráveis à meditação e ao trabalho de profundidade.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Muitos alunos nestas condições, só pelas tabelas classificativas das suas provas de exame, vêm adquirir a almejada bolsa de estudo, para logo a perderem nos anos imediatos, graças u, usura na distribuição valorativa que caracteriza o recorte da fisionomia moral e intelectual de muitos dos nossos professores.
De tudo isto ressalta a premente necessidade de fazer baixar o índice valorativo das classificações na concessão das bolsas para que delas se não «arrede um tipo social de estudante que merece maior incentivo e apreço pelos que, postos no caminho da educação, se desviaram da sua rota, tomando pelo caminho estreito do ensino, esquecendo a maior parte da melhor dignidade da sua função.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Só educa verdadeiramente quem comparticipa da existência do educando!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Incentivo largo é o que vem sendo conferido neste domínio pelo Ministério das Corporações, iniciativa do antigo e ilustre Ministro Dr. Veiga de Macedo e agora continuada pelo actual e distinto Ministro Prof. Gonçalves de Proença, que, pela via da previdência, vem ano a ano alargando o número de bolsas de estudo.
Também não é despicienda, no aspecto educativo, pelo notável intento que encerra, a determinação do Sr. Ministro das Corporações, quando determinou a obrigatoriedade do 1.º ciclo para exercício de determinadas funções.
E importa aqui saudar o grande esforço que este Ministério tem exercido no domínio educativo - haja em vista as diversas escolas e cursos que vem criando, inclusive um de nível superior.
Do mesmo modo apontamos o largo mecenato a favor da educação que a Fundação Gulbenkian vem a realizar, graças à superior visão do seu ilustre administrador, Dr. Azeredo Perdigão.
No enfiamento das considerações atrás expressas, conclui-se como determinativa imperiosa a razão de chamar à escolaridade prolongada o todo humano nacional.
São muito baixos os índices de acesso aos cursos geral p complementares dos liceus, assim como aos de formação das escolas técnicas. Outro tanto vem sucedendo no domínio universitário.
Por outro lado, nota-se, quer no curso geral dos liceus, quer no complementar, uma quebra de resultados nos exames finais, traduzida em números de reprovação que, conjuntamente com outras causas - sobejamente conhecidas e de ordem económica vêm sendo os motivos da sua diminuta frequência.
Não é de menor importância na actual rarefacção desses cursos a organização do plano de estudos vigente.
Além de que tal organização não vem inventariando, como seria mister, o devido aproveitamente das capacidades inatas dos alunos.
Parece-nos, todavia, que. as motivações da rarefacção escolar do 2.º ciclo se devem procurar, para- além de outras, na actual programação das matérias, que, fazendo demasiado apelo à memória, impingem uma erudição balofa que na prática se revela estéril, visto que. além do mais, não perdura, enquanto por outro lado não desenvolve, na medida desejável, a inteligência e o engenho dos alunos.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A seriação das matérias não vem sendo feita de acordo com o desenvolvimento mental dos estudantes, a maior parte dos livros didácticos não acompanham o espírito dos programas, sobrecarregando-os com conhecimentos tantas vezes inúteis.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E a coroar tudo isto, um sistema de exames no 5.º ano com uma revisão programática que se apoia na exigida em três longos anos, com a vantagem de tal pressão de estudos se apoiar numa excessiva memorização dos conhecimentos.
Só se aprende quando se estuda com alma: quando tal estudo vai direito à inteligência e ao coração dos alunos!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Muitos deles estudam ignorando a finalidade e as vantagens das matérias sobre que se debruçam.
Desta sorte, revelar-se-ia da maior utilidade que cada livro tivesse a antecedê-lo uma introdução, onde se apontasse a evolução histórica da matéria sobre que versava, aludindo ainda às suas vantagens e. objectivos.
Mas, regressando novamente ao 2.º ciclo, infere-se que a sua missão é dar ao aluno uma razoável cultura geral e, através de uma sistematização de diferenciadas matérias, conceder ao estudante a possibilidade de se orientar na escolha profissional, rumo ao seu futuro, pelas possibilidades de indagação das suas virtualidade».
Para que o curso geral dos liceus tivesse uma maior rentabilidade, necessário seria expurgar dos seus programas muitas das inutilidades que apenas têm o demérito de sobrecarregar demasiadamente a memória, concedendo aos alunos a razão de se darem conta de que lhes exigem coisas inúteis e que não os capacitam decisivamente nem para a cultura nem para a vida.

O Sr. Alberto de Meireles: - Mas para o exame apenas.