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1 DE FEVEREIRO DE 1964 3091

Igualmente se verifica que as modalidades mais praticadas são o futebol, com 19 415 jogadores, o voleibol, com 15 968, o andebol, com 14 610, e o basquetebol, com 10 709.

A ginástica só tem expressão nos distritos de Lisboa, Porto, Santarém e Setúbal, onde contou com apenas 6854 praticantes ...

O atletismo não interessou a mais de 6875 pessoas era todo o País ...

Para os números totais já referidos contribuíram 41 266 atletas do desporto federado, 62 227 do desporto escolar e 10 802 do desporto corporativo, o que demonstra que em cerca de 10 milhões de pessoas que formam u nossa população metropolitana apenas l por cento dessa população se dedicou ao desporto nesse período que pode ter-se como integrado nas médias gerais dos últimos unos ...

Ora isto é simplesmente impressionante ...

Muitas e muito valiosas lições se podem extrair dos números que se deixam indicados; a maior é, porém, a da grande precariedade do nosso desenvolvimento desportivo, fortemente acentuado nos meios rurais e fora das grandes cidades ...

Este estado de coisas evidencia a imperiosa necessidade de urgentes e ajustadas soluções.

Quando se equaciona a pequenez do número absoluto de praticantes desportivos e se verifica que os mesmos se agrupam nos três sectores já referidos -federado, escolar e corporativo -, que abarcam todas as modalidades, logo surge a questão de saber se não haveria vantagem em reunir todos os atletas da mesma modalidade numa única federação, em que teriam assento os representantes dos vários sectores - em que tal modalidade se cultiva.

Estou em crer que sim e louvo-me, para tanto, no que se passa nos grandes países europeus.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Suponho que desta concentração poderiam resultar assinalados benefícios, não só na difusão da respectiva modalidade, como ainda no ajustado planeamento da sua prática.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tendo cada desporto as suas leis específicas, racionalmente fixadas, interessa que elas sejam cumpridas por todos os praticantes de maneira semelhante, e não com desvios arbitrariamente fixados.

Não se compreende, por exemplo, que, por falta de contacto entre o desporto federado e o desporto corporativo, os respectivos atletas, que muitas vezes pertencem a ambos, tenham regimes diferentes e, por vezes, até antagónicos ...

Um outro aspecto que importa salientar é o da falta de professores de Educação Física e de instrutores e de monitores desportivos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Bem se lhes reconheceu a necessidade quando, em 23 de Janeiro de 1940, se publicou um decreto-lei criando o Instituto Nacional de Educação Física, vulgarmente conhecido por I. N. E. F., destinado precisamente à formação desses professores, instrutores e monitores.

Fixado em Lisboa no decreto instituidor, no mesmo se afirmava que outros institutos ou centros semelhantes seriam criados nas cidades em que se reconhecesse a sua necessidade, nomeadamente em Coimbra e no Porto.

Mais de 24 anos vão decorridos sem que se tivesse dado cumprimento às disposições deste decreto.

Por dificuldades financeiras ou por quaisquer outras razões, o certo é que durante este período de mais de duas décadas apenas se diplomaram neste Instituto, que permanece em Lisboa, 250 agentes desse ensino especializado.

Se se tiver em conta, como notou há pouco o ilustre director-geral dos Desportos, em magnífico discurso que proferiu no momento da posse do novo director deste Instituto, que, no ano de 1962-1968, para uma população escolar metropolitana de cerca de l 200 000 alunos de todos os ramos de ensino, se dispunha apenas de 158 daqueles agentes especializados, chega-se ú desoladora conclusão de que se não atingiu mais do que uma insignificante parcela, dos programas ha tanto tempo elaborados ...

Urge, portanto, que, sem mais delongas, tais programas se cumpram e se criem desde já nas cidades de Coimbra e do Porto, onde não faltam condignas instalações, institutos de estrutura semelhante n do I. N. E. F., ou delegações do mesmo, concebidas na escala das reais necessidades que lhes cumpre satisfazer.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estes institutos são imprescindíveis na formação dos técnicos desportivos de que tanto carecemos, para que, com inteiro sentido das nossas realidades políticas, económicas e sociais, possamos progredir neste sector, sem continuarmos a ter de lançar mão de técnicos estrangeiros, cujos serviços custam uma afrontosa exorbitância.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Se pudermos dispor dos técnicos de que necessitamos nas várias modalidades desportivas e a estes for assegurada actuação eficiente, em moldes universalistas, e não limitada por critérios mais ou menos estanques, teremos dado um avantajado passo em frente na difusão racional do nosso desporto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tenho defendido a ideia de que aos municípios, na sua missão de fomentarem o engrandecimento e a dignificação de vida local, cumpre velar pelo progresso da educação física o do desporto nas respectivas circunscrições.

Quero insistir neste ponto de vista, que se me afigura de saliente importância.

Como é sabido, e os números há pouco citados abundantemente demonstram, nas zonas populacionais que se situam fora das grandes cidades do litoral a educação física não tem expressão na vida local, como pequeníssimo é o valor do seu desporto.

Isto significa que as colectividades e clubes ou não existem nessas zonas, ou sofrem de uma- mediocridade tão acentuada que não podem cumprir a vasta gama das suas muitas missões.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Se continuarem a permanecer desacompanhadas ou não se lhes revigorar a vida, a sua latente penúria continuará a produzir o vasto cortejo de inibições da hora presente, com evidente prejuízo local e nacional.

Vozes: - Muito bem!