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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 121 3088

os benefícios da sua virtude formativa e a vantagem de lhes facilitar extraordinariamente o estudo do português.
4.º E, que assim seja, se deve concluir dos resultados calamitosos que os professores do ensino superior estão a verificar quanto à forma por que os seus alunos redigem a língua materna.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tudo isto, Sr. Presidente, reclama que o problema seja revisto no sentido de se introduzir de novo o estudo do latim no 2.º ciclo liceal, onde, conjugado com o português, deveria preencher cinco horas semanais.

Tal se conseguiria facilmente fazendo integrar o programa da física e química nas ciências naturais - mineralogia e geologia - no pressuposto que o descritivo da geografia política havia sido desenvolvido no 1.º ciclo.

Por outro lado, aliviada da história de Portugal, nos termos que atrás sugerimos quanto ao 1.º ciclo, a disciplina da História poderia reduzir-se a 2 aulas semanais. E assim se manteriam as 24 aulas semanais previstas para este ciclo pelo artigo 4.º do vigente Decreto n.º 36 507.

Quanto aos programas, seria, a nosso ver, de aconselhar n sua conscienciosa, redução ao essencial, sobretudo nas ciências naturais e físico-químicos.

Na matemática pensamos que alguma redução se poderia promover, atendendo ao que me parece deva dilatar-se para o 3.º ciclo. Obtida essa redução e atendendo a que este ciclo põe termo ao curso geral, com obtenção da respectiva carta, não conviria voltar-se aí a ensinar, em referência ao- estudo das progressões, a teoria dos logaritmos, com tão úteis aplicações práticas?

E até no desenho não seria possível voltar a incluir no seu programa do 5.º ano uns elementos de projecções ortogonais que habituariam os alunos a começar a ver no espaço?

E pela respectiva justificação perante o júri do figuração geométrica vencer-se-ia a vigente anomalia da dupla prova escrita de desenho,- restabelecendo a correspondente prova oral.

Sr. Presidente: cumpre-nos que digamos agora algo sobre o que pensamos do actual 3.º ciclo.

Já atrás condenámos nele o propósito da excessiva especialização. Pensamos que esta nunca devia passar da sabida em letras e ciências.

Quanto às primeiras, pensamos que seria de eliminar o estudo do alemão, a não ser para os impetrantes do curso de «germânicas», como o grego para o de «clássicas». Em substituição dessa língua propúnhamos a língua viva que é afinal hoje a matemática - não a matemática que progressivamente estudam os que se destinam a ciências-, apenas três ou mesmo duos aulas semanais no sentido de ministrar aos letrados noções práticas suficientes para habilitá-los a compreender fáceis equações e curvas que hoje são de uso corrente nos trabalhos económicos. Estou certo de que, praticamente, tal estudo seria bem mais útil para os estudantes de Direito do que o alemão.

E mal estão os respectivos futuros licenciado se não obtiverem esta opção em face dos diplomados em «Económicas».

Em contrapartida, para os alunos de ciências substituiria duas das aulas de desenho por duas aulas de português e história, para completar a sua formação cultural.

Quanto ao alemão e grego, nos termos supra-reservados, elas caberiam como disciplinas à parte, nas horas que os actuais programas consentem para os de «germânicas» e «clássicas».

Sr. Presidente: de mais cansei á atenção de V. Ex.ª,. Mas em problema de tal monta eu não poderia deixar de exprimir o que penso, sobretudo para descargo da minha consciência. E se no que dissse há construtivamente alguma coisa que se tenha por aproveitável, que siga o seu destino.

Algo nos faltava falar ainda sobre a actividade circum-escolar que deveria concatenar-se na Mocidade Portuguesa», fazendo-se viver a esta vida em conjunção com o ensino liceal, intercalada no seu ser orgânico, e não como corpo estranho e paralelo. Mas o tempo foge ... E, por isso, também o que sobre o ensino superior nos ocorre reflectir para outra oportunidade, porventura, o reservamos.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: confiando nos altos propósitos que o Sr. Ministro da Educação definiu nas suas nobres comunicações oficiais e confiando em que o Governo possa despender, apesar de tudo, verbas vultosas, mas largamente reprodutivas, com tão imperativo sector da administração pública, ouso pedir desde já, e isto não traz aumento de encargos, que esta Câmara se pronuncie em sequência do presente aviso no sentido de, na futura reforma do ensino secundário, se substituir, como manda o bom senso, no 1.º ciclo o programa das matérias das chamadas ciências Geográfico-Naturais e no 2.º ciclo se restabelecer o ensino do latim.

Restabelecimento reclamado por piedade para com o futuro da língua portuguesa e para com quem haja de estudá-la frutificadoramente.

Nestas sugestões destacamos, em todo o caso, como mais instante a relativa ao latim.

Com efeito, ainda que as ditas ciências continuassem a ensinar-se como hoje, a distorção deformativa que operasse nos espíritos infantis ainda poderia corrigir-se pela ulterior lição do latim, que com a sua disciplina formativa não deixaria de influir humanísticamente sobre os já adolescentes.

De sorte que a indesejável manutenção da primeira seria contudo mais um argumento para a restauração do latim.

O que não quer dizer que da eventual não manutenção daquela se possa tirar, e isto é curial, válido argumento a contrario!

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem; muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente: com a apresentação do aviso prévio sobre educação e ensino cujo debate está a decorrer prestaram os Srs. Deputados que o estruturaram um relevante serviço ao País.

Concebido em termos de ajustada latitude, no seu completo sumário se englobam os mais importantes problemas que tumultuam neste vastíssimo sector da vida nacional.

Felicito muito sinceramente o Sr. Deputado Nunes de Oliveira e os Srs. Deputados que subscreveram a nota de apresentação deste aviso prévio e os ilustres oradores que me antecederam nesta tribuna.

E faço-o muito gostosamente, porque tenho ouvido depoimentos de rara elevação, desassombrados e justos, como o devem ser aqueles em que se apreciem os pontos essenciais da estrutura nacional.

Aqui se tem denunciado e evidenciado as mais salientes deficiências do nosso ensino e as grandes lacunas dos nossos métodos educacionais em qualquer dos seus grandes ramos, reflectindo ideias e pensamentos que, por bem conhecidos e criticados, andam na consciência geral.

Isto se tem feito, porém, a sombra do melhor espírito construtivo e no cumprimento de um imperioso dever de. colaboração, em busca das soluções que se afiguram como as melhores.