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3406 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 136

apenas contaram com 57 201 dormidas em Janeiro, 61 186 em Dezembro e 68 400 em Fevereiro.
Será agora altura de pôr um pouco mais de ordem nos números referidos, sintetizando assim as ilações que os mesmos permitem tirar:

E modesta a posição de Portugal em confronto com os outros países europeus, nomeadamente os de condicionalismos geográficos e económicos idênticos aos nossos, no que se refere, tanto no plano absoluto como no plano relativo, ao turismo.
A taxa média anual de acréscimo de turistas tem conhecido entre nós oscilações muito variáveis, embora pareça ter atingido em 1963, relativamente a 1962, o aumento mais espectacular (24,3 por cento).
Os maiores contingentes turísticos têm sido, em valores absolutos, fornecidos pela Espanha, seguida a grande distância pelos Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha.
A presença de turistas escandinavos é muito reduzida.
O enfraquecimento nos índices de permanência de turistas, enquadrado numa tendência geral, poderá ser contrariado entre nós, na medida em que se estimule o turismo nórdico.
Tal facto está, de resto, relacionado com a receita média por turista, que tem certa expressão entre nós e revelou tendência para crescer.
A repartição geográfica do turismo revela uma grande concentração na zona de Lisboa. Funchal, Porto e Coimbra situam-se a grande distância. O Algarve usufrui relativamente uma posição muito modesta.
Finalmente, no que respeita à distribuição anual dos turistas, a concentração segue a regra comum na Europa: valores elevados nos meses de Julho, Agosto e Setembro, sendo relativamente insignificante a presença do turismo de Inverno, sector onde, aliás, as possibilidades de algumas zonas do País são grandes.

Como se processará o desenvolvimento do turismo nos próximos anos em Portugal?
Creio não ser seguro fazer afirmações muito decisivas.
Referi atrás argumentos que podem justificar boas perspectivas. Tudo dependerá ainda da forma como soubermos estar à altura de uma actuação inteligente e operosa, corresponder às exigências dos novos afluxos de gentes sequiosas de sol, de mar, de natureza livre e de ... comodidades.
Um boom turístico pode contrariar previsões baseadas em taxas normais de crescimento. Os índices acusados pela Espanha são testemunho de tal facto.
Convirá, por outro lado, contar com os riscos da moda turística. Tal como as outras modas, poderá ser passageira, embora se me afigure menos provável que isso aconteça entre nós nos anos mais próximos.
No trabalho Elementos Preparatórios da Um Plano de Desenvolvimento Turístico para o Período de 1964-1968 faz-se uma estimativa da evolução global e por países do número d« turistas que visitarão nos anos próximos Portugal.
Analisemos a situação relativamente, a cada um dos países que têm dado maior contributo ao desenvolvimento do nosso turismo:
Espanha. - Sabe-se que a Espanha tem fornecido o maior contingente de turistas que nos visitam (embora seja muito maior o número de portugueses que vão a Espanha - 381 636 em 1961). Os Espanhóis não são contudo dos que mais gastam em Portugal. Vimos mesmo como é diminuta a sua taxa de permanência no nosso país.
Tenderá a aumentar o número de espanhóis?
Embora a sua presença global seja grande, a taxa de crescimento nos últimos anos, como atrás vimos, é irregular.
É natural que a relativa semelhança entre os dois países não estimule um incremento na visita dos Espanhóis. Creio que Fátima e Lisboa serão ainda assim os dois grandes cartazes que lhes poderemos oferecer. Muitos deles utilizarão as facilidades da proximidade fronteiriça para ao menos poderem dizer como o desiludido Miguel Unamuno (Por Tierras de Portugal y de Espana) relativamente à cidade da Guarda: «Também já lá estive!».
O desenvolvimento económico de Espanha a que atrás me referi pode constituir um incentivo à maior mobilidade dos Espanhóis, na medida em que aumente o seu nível de vida. Por outro lado, surtos inflacionários na moeda espanhola constituirão uma possibilidade que poderá ainda aqui ter a sua projecção.
Mas no caso do encarecimento da vida na Espanha o que nos interessará são os milhões de turistas que hoje a visitam. O que importa, em suma, é diligenciar para estender a Portugal a permanência destes.
Estados Unidos - Pela primeira vez, em 1962, o número de norte-americanos ultrapassou os franceses na visita a Portugal.
A melhoria nas condições de exploração dos transportes aéreos poderá ainda incrementar a deslocação dos Norte-Arnericanos. De facto já hoje 70 por cento utilizam o avião na sua vinda ao nosso país.
A própria tendência que se afirma de os turistas americanos fazerem grandes circuitos pela Europa poderá constituir um estímulo a que pugnemos para que Portugal (até agora visitado por menos de 10 por cento dos americanos que vêm à Europa) seja incluído nesses cruzeiros.
A presença dos turistas americanos é altamente valiosa, pela percentagem dos gastos que habitualmente realizam e pelo interesse que resulta da obtenção dos dólares.
Franceses. - Depois da Espanha (25 por cento) e da Jugoslávia (22 por cento), foi Portugal o país que acusou maior, taxa de acréscimo de franceses nos últimos anos (15 por cento).
O turismo francês não é dos mais rendosos, podendo dizer-se que uma boa parte busca os países onde a vida é barata, de forma a realizar econòmicamente umas férias.
Fizeram-se em França sondagens sobre as férias dos respectivos nacionais (cf. a revista Études et Conjoncture n.º 5, de Maio de 1962). Tais elementos revelam a partida para férias segundo as idades, a categoria sócio-profissional dos respectivos chefes de família que se deslocam, as comunas de origem, etc., esclarecendo ainda sobre a duração das férias, as épocas do ano em que se gozam, os alojamentos e meios de transporte utilizados e as regiões ou países preferidos.
Refiro estes trabalhos por duas razões: o interesse que há em conhecer o comportamento dos Franceses em matéria turística, até saber do que poderemos esperar quanto a evolução das suas visitas a Portugal; o desejo de entre nós se fazerem idênticas sondagens ou estudos.
No trabalho citado, as férias de franceses no estrangeiro representaram 13 por cento do seu total, ou seja um pouco mais de 2 milhões de indivíduos, assim distribuídos: Itália, 710 000; Espanha e Portugal, 430 000; Suíça, 240 000; Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo, 150 000; Alemanha, 140 000; Grã-Bretanha e Irlanda, 110 000; outros países ou circuitos não localizados num único país, 290 000.