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3520 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 140

c) Motivos de atracção turística, Dão só paisagísticos e históricos, como ainda de carácter desportivo ou simplesmente recreativos, que interessem o turista, quer pelo seu ineditismo ou exotismo, quer por serem de agrado geral, e, finalmente,
d) Propaganda eficiente e bem orientada que possa atrair a atenção e despertar a curiosidade do visitante em potência, e sem a qual de pouco servirão as anteriores.

No aspecto de transportes, dispunha Macau de três barcos de passageiros que faziam a ligação diária com Hong-Kong, cobrindo a distância de 40 milhas em cerca de 3 horas e 30 minutos, o que se considera não só insuficiente, como demasiado moroso. Precisamos de comunicações mais rápidas e que facilitem a deslocação dos turistas.
Com a entrada ao serviço, que se prevê para breve, de três unidades novas, os hidroplanadores ou hidrofoils, capazes de fazer o percurso em cerca de uma hora, o que, além da rapidez, possibilita o aumento de número das carreiras diárias, parece ter-se encontrado solução adequada para o problema dos transportes marítimos. No que respeita aos transportes aéreos, a ligação presentemente está sendo feita com aviões anfíbios de construção italiana, que, além da sua pequena lotação, têm o horário condicionado às marés, visto o avião em Macau descer sobre água e o assoreamento do porto não permitir a sua amaragem com qualquer maré.
Há, assim, que providenciar no sentido de obviar os inconvenientes apontados, dando-lhes solução adequada. E, já que me referi às condições do porto de Macau, desejo frisar que o seu desassoreamento se impõe sem maiores delongas nem subterfúgios, pois já há anos se nota que, em períodos de marés vivas, os actuais navios da carreira só com muita dificuldade e roçando o casco no fundo conseguem franquear o porto, vezes havendo que encalham e outras em que partem as pás da hélice.
Há que encarar o problema com urgência e solucioná-lo.
Ainda ligado com os transportes está o problema dos vistos de entrada em Macau dos estrangeiros. No que se refere aos chineses e aos estrangeiros residentes em Hong-Kong, possuidores da respectiva cédula de residência ou identificação, foi o problema solucionado na base de reciprocidade, facilitando-se os seus movimentos de vaivém. Porém, no que diz respeito aos outros estrangeiros, a sua entrada só é permitida mediante visto próprio a obter no Consulado de Portugal em Hong-Kong, o que, além da despesa, importa perda de tempo, desencorajando muitos que, sem a exigência do cumprimento de tais formalidades, possìvelmente iriam de visita a Macau.
Há assim que se encontrar uma fórmula mais prática e cómoda para tais situações.
Passando agora para as acomodações em Macau - hotéis, pousadas, pensões, etc. -, são elas insuficientes e, de um modo geral, impróprias para as necessidades que crescem dia a dia. As pequenas unidades, constituídas por pousadas e um novo pequeno hotel que se construíram no ano findo, representando, embora, apreciável melhoria, não só quantitativa como qualitativamente, são, porém, insuficientes para as actuais necessidades.
Importa beneficiar e modernizar as antigas instalações hoteleiras, assim como insistir-se na construção e conclusão, sem demora, do "conjunto turístico", casino-hotéis, que está nas obrigações contratuais da actual sociedade concessionária dos jogos, que, dispondo de 300 novos quartos, deverá solucionar por alguns anos, pelo menos, o problema de acomodações adequadas.
Quanto aos motivos de atracção turística, impõe-se o alindamento e saneamento da cidade no aspecto urbanístico, a conservação do património histórico, a ampliação e enriquecimento do seu museu, a construção, se possível, de um campo de golf na ilha de Coloane ou Taipa, construção de campos de ténis e de lawn-ball, fora do âmbito clubista, para uso dos visitantes com demora em Macau, a incrementação do desporto aquático, vela, esqui, pesca desportiva o a instalação de dancings de nível internacional.
Propositadamente deixei para o fim um dos grandes cartazes turísticos de Macau no campo desportivo, que é o das corridas de automóveis, o já célebre Grande Prémio de Macau, que, há dez anos, se vem realizando sempre com crescente interesse e sucessos, organizado por um grupo de entusiastas do automóvel e sob o patrocínio do Automóvel Clube de Portugal, e já incluído no calendário desportivo internacional.
É o Grande Prémio de Macau um dos acontecimentos desportivos de maior repercussão no Extremo Oriente e, se me não engano, o único naquelas paragens, e que anualmente atrai a Macau para cima de 10 000 espectadores ávidos de sensações fortes. Ao certame têm concorrido corredores não só do Extremo Oriente, como até ingleses que, da Inglaterra, ali se deslocam propositadamente.
Seria interessante, e até útil, que no próximo Grande Prémio pudessem alinhar alguns dos conhecidos volantes metropolitanos, mesmo que, para tanto, fosse necessário subsidiar-se o transporte dos seus carros.
No que se refere a jogos de azar, está a sua exploração entregue, em regime de exclusivo, a uma sociedade concessionária com direitos e obrigações fixados em contrato, pelo que não me parece oportuno ou conveniente tecer quaisquer considerações a tal respeito, limitando-me a frisar apenas que constitui motivo de atracção principalmente dos chineses de Hong-Kong que, persistentemente, tentam a sorte.
Somos chegados à última das constantes do turismo por mim aqui referidas: a propaganda, eficiente e bem orientada, e sem a qual nada se conseguirá. Deve aqui a função oficial fazer-se sentir predominantemente, quer tomando a iniciativa da propaganda, com publicações abundantemente ilustradas e convenientemente estruturadas, quer com a produção de documentários filmados para o cinema e para a televisão, no sentido de tornar Macau conhecida do Mundo em cada um dos seus muitos e variados aspectos, destacando a sua acção histórica e missionária, quer ainda orientando, coordenando e até fomentando a iniciativa privada, em ordem a que toda a propaganda, oficial e particular, seja uniforme, homogénea e eficaz.
Por outro lado, há que se estudar convenientemente os locais de incidência dessa propaganda, que, devendo, em princípio, ser de âmbito mundial, num ou noutro ponto poderá e deverá ser feita com maior insistência, por constituírem fontes de corrente turística de mais fácil e pronta exploração.
Para se avaliar da importância que o turismo já representa para a economia de Macau, não resisto à tentação de indicar o movimento de passageiros entrados em Macau, por via marítima, vindos de Hong-Kong nos últimos quatro anos, segundo a estatística que gentilmente me foi fornecida pelo Centro de Informação e Turismo:

Ano de 1960:

Chineses vindos de Hong-Kong ................ 498 089
Outros estrangeiros vindos de Hong-Kong ..... 33 136
Total ...... 531 225