O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 DE MARÇO DE 1964 3517

sença de um guarda fiscal, que pagará e que acompanha o aparelho de televisão desde a sua entrada até à saída, para comprovar que o aparelho não ficou cá denro do País num contrabando lesivo do Tesouro Nacional.
É claro que o turista neste e em muitos casos parecidos volta-nos as costas e desiste de vir a Portugal. E o que dirá de nós e da nossa burocracia emperrativa que por um lado convida o turista a visitar-nos e por outro lhe cria toda a casta de dificuldades e aborrecimentos para lhe permitir a entrada?
O nosso turismo fronteiro está, pois, apenas orientado no sentido de receber os Espanhóis, que já conhecem as dificuldades de fronteira que têm de arrostar e vencer, e alguns estrangeiros que ao visitar a Espanha já igualmente estuo dispostos a cumprir todas essas formalidades e nada mais.
Nas condições actuais não podemos contar com o estrangeiro que sem destino fixo e nas suas deambulações pela península poderia atravessar Portugal, coleccionando mais um país, ou incluindo o nosso país nos seus percursos por facilidade de comunicações ou de trajectos, por curiosidade natural de um país, costumes e paisagens diferentes e de incontestável interesse.
É na sua grande maioria um turismo de grande número, mas de pequena permanência, e daí o seu mais franco rendimento unitário; nem é pròpriamente um turista, mas um viajante que se desloca a um fim determinado, negócio ou assunto semelhante, que uma vez tratado regressa imediatamente, fazendo um mínimo de despesa.
Parece-nos que isso seria mais uma razão para com facilidades de fronteira adequadas permitir também que o verdadeiro turista ocasional de entre os muitos milhões que visitam o país vizinho também aqui se deslocasse.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mesmo mais, essas facilidades de fronteira, quase inexistência para o turista como deviam ser, seriam motivo de larga propaganda no estrangeiro, suscitando o interesse para a visita ao nosso país.
Dadas as boas relações entre os dois povos vizinhos, o bom e franco entendimento que entre nós existe, não se compreende facilmente a existência de uma barreira de dificuldades burocráticas, mais antipática que difícil de passar, cujo prejuízo para o desenvolvimento do nosso turismo é evidente e talvez não tenha paralelo ou equivalência com qualquer vantagem ou geometrismo burocrático que se invoque.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ao dar vantagens ao turismo de lá para cá é evidente que o tratamento tem de ser recíproco e então só se surje nalgum espírito a ideia de que assim algum turista fazendo apenas passagem no nosso país com mais facilidade o deixara para se dirigir a Espanha. É possível que tal viesse a suceder, mas é também legítimo pensar que o inverso seria verdadeiro, e então entre o possível desvio de alguns turistas do meio milhão que nos visita e irmos aproveitar alguma coisa dos 10 ou 11 milhões que visitam a Espanha, parece-nos que não é de pôr em dúvida que a vantagem seria a nosso favor.
Para ganhar a batalha do turismo mesmo antes de fazer aquela propaganda intensiva no estrangeiro a que atrás aludimos, há uns mínimos a que temos de atender na nossa preparação para receber os turistas.
Méritos absolutos de atracção turística temo-los espalhados por quase todo o País, em que só talvez seja difícil definir os critérios justos ou pertinentes do seu mérito relativo.
Podem talvez concentrar-se os nossos esforços de momento numa determinada região, mas não podemos esquecer que as outras regiões do País não têm por vezes as mais elementares condições para receber turistas e, se através das agências de viagens nos é relativamente fácil canalizar de certo mudo o turista preferentemente para uma região, não podemos evitar que ele visite ou queira conhecer outras, e talvez não seja ganhar a batalha do turismo se verificar um desnível chocante de condições de recebimento ou de acomodação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O grande mal, o irreparável, não está em existir pouco e que não tenha capacidade para receber todos os que a ele se dirigem, mas em não existir nada ou o que existir não ter condições para receber seja quem for por pouco exigente que se mostre.
Ora o Minho, que melhor conhecemos e que aqui temos a honra de representar, com méritos turísticos indiscutíveis, quer em absoluto, quer relativos, não possui as superstruturas necessárias a ser um elemento válido do turismo nacional.
Há um bom hotel em Santa Luzia, em Viana do Castelo, mas com pouquíssimos quartos e sem aquecimento central, o que o condena desde logo para ser frequentado na maior parte do ano.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A antiga frequência do Inverno, dia a dia mais exigente, abandonou-o, pois, embora as instalações sejam boas, as comodidades oferecidas não estão de acordo com a categoria. Parece impossível que ainda até hoje não se tivesse resolvido definitivamente tal problema, bem como o da sua ampliação, pois o número dos seus quartos é inadmissível para uma exploração económica.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há uma explêndida pousada em Valença, há boas instalações em Ofir e em Esposende e depois disto tudo, e tão pouco é, resta o Porto.
Não se compreende, que ainda hoje não exista um bom hotel, ou mesmo mais que um, na cidade de Braga e o mesmo suceda em Guimarães. Já atrás dissemos o que pensamos e quais as possibilidades da iniciativa particular. Ela virá, certamente, mas primeiro tem o Estado de garantir a viabilidade do destino turístico da região.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Os hotéis do Bom Jesus - daquele maravilhoso sítio - ainda são só os «Camilianos».

O Orador: - Muito obrigado.
Com as possibilidades de deslocação actuais o turista não se fixa num só ponto, desloca-se permanentemente através de um espaço cada vez mais vasto, com as cada vez maiores possibilidades e facilidades que o automóvel lhe dá e que ele usa na sua grande maioria. O turismo de pequenos espaços, com locais privilegiados, pouco interesse tem hoje em dia, a não ser na medida em que está enquadrado num conjunto muito mais vasto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É evidente que o interesse das zonas de turismo, comissões municipais de turismo, juntas de tu-