O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3518 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 140

rismo, etc., está hoje largamente ultrapassado, e apenas pode continuar a existir na defesa de um património local a, integrar em interesses mais vastos.
O turista que hoje se desloca nos seus carros a 100 km à hora, que numa tarde deu a volta a um distrito, que foi tomar chá a 50 km ou 70 km de distância e regressa à sua base não pode ter interesse ou prender a sua atenção a âmbitos tão limitados como o da vila ou do concelho em que se instalou.
A coordenação de actividades que o possam interessar tem de ter possibilidades mais vastas e mais de acordo com as possibilidades de deslocação actuais. o assim será a região mais ou menos homogénea e característica a que tem de estar dotada com meios para o receber, distrair e interessar.
Para o turismo o País tem quatro regiões: Norte, Centro, Sul e Lisboa, com os seus motivos e lugares de atracção próprios.
Tudo o mais se reduz a uma maior ou menor actividade de comissões de aformoseamento ou melhoramento local, que com o turismo apenas tem a ver a sua integração num conjunto de suficiente interesse e, variedade de aspectos. O que tem finalidade turística é o conjunto ou a grande região.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tanta comissão de turismo ou zona de turismo de acção muito limitada e em aspectos tão limitados e independentes apenas tem interesse quando se destinava ao turismo interno de permanência, por motivo de férias ou tratamentos balneares, mas que hoje fica a perder de vista do interesse no acolhimento mais ou menos prolongado do turismo de passagem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para receber de mar eira satisfatória esse turismo no Minho, a sua cobertura em hotéis é insuficiente e, na sua generalidade, fraca. Parece evidente o interesse imediato, instante, urgente, em que se estabeleça uma rede de hotéis mínima no Minho, que, se tiver aquele sucesso que nós todos esperamos e lhe auguramos, dará possibilidades à iniciativa particular de se lançar depois na sua ampliação e desenvolvimento.
É um problema a que só o Estado pode e deve dar um princípio de solução, mas urgente e com visão larga e adequada.
Há um mínimo que o Minho necessita imediatamente c para o qual o Estado não pode estar à espera da iniciativa particular. Essa virá depois do sucesso garantido e da certeza da canalização de uma frequência justificativa ampliar e melhorar a certeza inicial que se lhe dá. Antes disso não se arrisca e o País perde nas suas possibilidades e no seu destino tão caracterìsticamente turístico.
O Hotel de Santa Luzia é aflitivamente insuficiente e com deficiências gravíssimas e imperdoáveis, que ainda só não remediaram depois de tantos anos de exploração e da sua verificação imediata. 0s casos de Braga, do Bom Jesus, de Guimarães e de Barcelos, sem um hotel em condições, hão se podem pôr, como crítica, a cargo de uma falta de iniciativa particular, mas sim a débito de um ordenamento ou planeamento turístico que, na falta da iniciativa particular, já devia ter sido suprida pelo Estado, pois compromete gravemente toda e qualquer possibilidade de desenvolvimento turístico de toda a região.
Mas não basta a rede de hotéis. O turista quer mais alguma coisa para encher as suas horas de ócio, que são todas as que passa no hotel. O turista quer distracção, campos de ténis e de golf, piscinas, exibições folclóricas ou artísticas, excursões, etc.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E nada ou quase nada disto existe na vasta região turística do Minho.
A água do Atlântico é fria, teria as piscinas; não gosta do mar, teria o ténis e o golf para se distrair; o tempo está incerto ou chuvoso, teria distracção dentro de casa; mas se apenas se lhe oferece a paisagem com toda a sua beleza incontestável, ele vê, aprecia, pode voltar a ver, mas vai-se embora irremediàvelmente, porque não tem onde entreter as longas horas de ócio que apenas a visão de uma linda paisagem não chega a preencher.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E é este o problema do Minho, região excepcionalmente dotada pela Natureza, mas enjeitada pela iniciativa particular, que não se atreve a lançar-se numa ou várias iniciativas sem que o Estado lhe dê primeiro o exemplo, e o Estado, por sua vez, está à espera da iniciativa particular para lhe dar o seu apoio; assim não se sai deste ciclo vicioso e estamos a comprometer e até a menosprezar um incontestável valor do turismo nacional.
A política de apoio, estímulo, saneamento e valorização das actividades particulares afins com o turismo é afinal a missão em que todos nos devemos empenhar e quase a razão de ser deste aviso prévio.
Esforços isolados, boas intenções, capitais particulares empregados localmente com mais ou menos sucesso, dedicações, entusiasmos, sonhos, visões, etc., tudo é esforço inglório se não for coordenado e apoiado pelos serviços especializados do Estado e das suas repartições competentes; e ainda mais se a um bom apoio, coordenação, orientação e disciplina não corresponder também um bom esforço de propaganda no estrangeiro que faça saber tudo o que temos para lhe mostrar ou para lhe fazer passar um tempo agradável num ambiente propício, favorável e acolhedor em que o turista possa dar por bem empregado o tempo que gastou em chegar até nós, em nos conhecer, em gozar o bom clima que lhe podemos proporcionar, não só na sua boa proporção de factores climáticos, mas, sobretudo, o bom clima de calor humano de simpatia com que todos acolhemos os que um dia se decidiram a visitar-nos e a conhecer-nos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Além disto tudo, o melhor entendimento turístico com o país vizinho, que sem pelas burocráticas ou dificuldades antipáticas permita visitar Portugal quase com a facilidade com que se desloca em Espanha, o que estamos convencidos traria aumento largamente substancial ao turismo nacional e até mais um motivo de interesse ao turista que se dirige à península.
Não podemos parar, que isso será morrer; não podemos progredir tão lentamente que apenas seja vegetar; não podemos permitir que se alargue a nossa dependência ou atraso de países estrangeiros, necessitamos de uma expansão cada vez mais veloz, intensa ou dinâmica que nos permita, a par dos outros povos, acompanhar a ascensão constante da civilização contemporânea.
Partimos de mais atrás ou de mais baixo porque nos deixámos atrasar ou alcançar por outros povos e neces-