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3648 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 145

Em relação aos países de origem, verifica-se que o maior contingente turístico entrado no nosso país pertence à Espanha, seguindo-se-lhe a França, os Estados Unidos e o Reino Unido.
Ao contrário do que era de esperar, foi deveras modesto o aumento do turistas entrados de origem brasileira, o que é de lamentar, e interessante seria que se procurassem estabelecer novas directrizes ou melhorar a nossa propaganda naquele país irmão, para que a sua corrente turística estendesse as suas visitas ao nosso país.
No que se refere à demora dos turistas entre nós, os ingleses ocuparam lugar de destaque com uma média de 8,6 dias. seguidos dos alemães com 4,6 dias, os latinos americanos com 8,7, os franceses com 3,5 e os americanos com 3,4, colocando-se os espanhóis na cauda com 1,1 dia. Esta posição dos nossos vizinhos explica-se pela aproximação dos nossos países, o que facilita as deslocações, diminuindo as permanências, tanto mais que as suas maiores frequências devem ter-se processado nas regiões fronteiriças.
Quanto à procura de hotéis, verifica-se uma apreciável tendência dos americanos para os hotéis de luxo e de 1.ª classe, o que em parte deve ser devido ao grande nível de vida desses turistas, facilitado pelo valor do dólar; seguem-se os ingleses, brasileiros e franceses.
Ao contrário, verifica-se uma maior frequência de alemães e de espanhóis nos hotéis de 2.ª e 3.ª classes e nas pensões.
No que toca a dispersão dos turistas pelo País, continua sendo muito irregular, verificando-se uma predominância de cerca de 65 por cento em Lisboa e arredores, 7,8 por cento no Funchal, 1,7 por cento no Porto e 4,5 por cento em Coimbra.
Comparando a evolução numérica do turismo estrangeiro no nosso país com o que se passou entre os anos de 1952 e 1961 em Espanha- e Grécia, por exemplo, verifica-se que enquanto em Espanha esse aumento andou por 402 por cento e na Grécia 547 por cento, entre nós não passou de 247 por cento.
A que atribuir esta fraca frequência turística no nosso país, enquanto na vizinha Espanha essa evolução se vem processando em ritmo acelerado?
Segundo a opinião de dois peritos suíços que vieram estudar as condições turísticas do nosso país, a causa principal resido na escassez de equipamento hoteleiro fora das três principais cidades de Lisboa, Porto e Coimbra. Segundo os elementos estatísticos referentes a 1961, em todo o continente existiam no fim daquele ano 44 055 camas, número inferior à Irlanda e mesmo ao Luxemburgo.
Neste particular é interessante realçar a acção da política de fomento hoteleiro por parte do Estado e que, com a criação de pousadas em pontos de alto interesse turístico, veio amenizar em parte essa acentuada deficiência, embora a reduzida capacidade destes modelares estabelecimentos não pudesse contribuir de uma forma mais eficaz para a melhoria da situação.
Entretanto, o grande interesse que o Governo vem dedicando ao turismo nacional, mais uma vez evidenciado nas afirmações ultimamente feitas pelo ilustre Subsecretário de Estado da Presidência, Dr. Paulo Rodrigues, tem permitido que, por meio de financiamentos ao abrigo da Lei n.º 2073, se continue desenvolvendo, de uma maneira visível, um dos pontos mais frágeis da nossa estrutura turística: a construção, reconstrução e, melhoramentos de hotéis.
Tem sido com esta grande ajuda que a actividade particular tem conseguido sair do ponto morto em que se encontrava e, principalmente nos três principais centros do País, se esteja verificando um surto de progresso neste sector com a construção de uma série de novos hotéis, na sua maioria de alta categoria, e que não receiam confrontos com os seus congéneres do estrangeiro no que respeita a conforto e asseio.
Pena é que este progresso se limite principalmente a Lisboa, Coimbra e Porto, pois em quase todas as outras cidades da província, algumas com grande cartel e tradição turística, como, por exemplo, Évora, Braga, Faro, Aveiro e Viana do Castelo, persistem as habituais dificuldades para a acomodação de turistas por falta de hotéis capazes.
Esta deficiência continua prejudicando regiões, como o Minho e o Algarve, que poderiam ter um acentuado desenvolvimento turístico, mas que continuam num plano secundário devido à falta do indispensável equipamento hoteleiro, acompanhado dos indispensáveis restaurantes, bares, dancings, casinos, etc.. sem contar com a formação de grupos folclóricos, tudo para quebrar a monotonia que caracteriza certas regiões classificadas de turísticas.
É que o turista de hoje não sai de casa para apreciar apenas as belezas naturais, as obras de arte, e em seguida repousar, aproveitando a benignidade de clima de alguns países privilegiados.
Pelo contrário, o turista sai hoje de casa para gastar algum dinheiro, amealhado muitas vezes com sacrifício, mas com a condição de conhecer terras novas e sobretudo viver. Portanto, quer e exige conforto nos hotéis e pensões, regateia a falta de diversões e não volta mais ao local visitado se não for bem tratado.
No que se refere à parte insular do País, merece referência especial a ilha da Madeira, essa pérola situada no Atlântico e avidamente procurada pelos turistas ingleses que de há muito a descobriram.
A Madeira tem condições excepcionais para ser colocada entre os melhores centros turísticos, dado o seu clima benigno, a sua riqueza paisagística e o baixo custo de vida, principalmente para os turistas estrangeiros.
Se não fossem as dificuldades de transporto para a ilha, em especial a falta de um aeroporto capaz para garantir um tráfego aéreo seguro, poderia a Madeira ter a veleidade de ser considerada um dos melhores pólos de atracção turística do País.
Assim, enquanto não for sanada esta grande barreira e não se dotar a ilha com as indispensáveis atracções que os turistas de hoje exigem, a Madeira continuará a ser batida pelas Canárias, que têm hoje, mais do que ontem, melhoradas e ampliadas as suas condições turísticas.
E ainda quanto à Madeira, que já visitei de passagem perto de uma dezena de vezes, não resisto à tentação de aqui deixar registado um reparo que por mais de uma vez me foi dado constatar: quero referir-me à verdadeira mágoa dos motoristas de praça pelo facto de durante algum tempo, e não sei se ainda hoje, os barcos nacionais de passageiros e que escalam o porto do Funchal a caminho dos portos do nosso ultramar chegarem àquela ilha quase sempre noite cerrada, o que impossibilita a realização dos habituais circuitos turísticos, privando assim os passageiros, na sua maioria portugueses, de mesmo de relance conhecerem as belezas naturais da ilha e os motoristas de melhorarem as suas receitas.
Ignoro se este estado de coisas ainda hoje se mantém; porém, no caso afirmativo, estou certo de que não será de difícil solução para bem do turismo desde que haja um pouco de boa vontade das autoridades competentes e das companhias de navegação.
Quanto aos Açores, não me foi possível obter elementos seguros para uma análise em forma; porém, parece-me