3650 DIÁRIO DAS SESSÕES Nº 145
mar, não tem possibilidade de orientar i; coordenar o turismo ultramarino e oportuno seria que desde já se começasse a pensar em modificar o statu que existente, substituindo-o talvez por um gabinete de estudos e planeamento turístico com pessoal técnico profissionalmente habilitado para fazer frente a complicada máquina que movimenta todo o complexo turístico das nossas províncias de além-mar.
E se porventura vier a. concretizar-se o ideal que já se murmura e que muita gente apoiaria, isto é, a criação do Ministério ou Secretaria de Estado da Informação e Turismo, no qual os serviços poderiam passar a funcionar no âmbito nacional, englobando os actuais serviços de turismo do S. N. I. e os da Agência-Geral do Ultramar, cada um como uma direcção-geral ou direcção de serviço, funcionando nas províncias ultramarinas os respectivos centros nos mesmos moldes em que hoje ali funcionam o Serviço Meteorológico, a Polícia de Defesa, a Aeronáutica Civil, etc.
Entretanto, como as vicissitudes actuais emergentes do nosso ultramar prejudicam efectivamente as grandes realizações no campo turístico, aproveite-se o tempo para dotar o quadro de pessoal com elementos habilitados ou a preparar em estabelecimentos apropriados ou ainda em estágios aconselháveis, de modo a estarem integrados na complexa engrenagem que regula o turismo nacional e internacional, para que de uma vez para, sempre se saia do marasmo em que sem querer continuamos vivendo.
Há que recuperar o tempo perdido e em passadas largas procurar-se atingir a. meta das nossas preocupações; há que estruturar em bases sólidas o nosso sistema turístico; lia que coordenar os esforços e as normas, visando a unidade de concepção e planificação e realização de todo o nosso esforço turístico: enfim, há que encontrar um cérebro pensante e orientador para este enorme corpo acéfalo, que se não for acudido acabará por perder todos os seus movimentos e tornar-se num montão de desenganos e realizações falidas.
Aproveitemos as condições naturais e excepcionais que possui o nosso ultramar e não nos deixemos desanimar. Uma rápida análise das nossas possibilidades servirá para nos encorajar. Senão vejamos:
Comecemos por Cabo Verde, essa reunião de ilhas crioulas que os nossos maiores acharam nas plagas do Atlântico sem quaisquer sinais de povoamento e onde mais tarde viriam a constituir uma das maiores realizações sócio-etnológicas com a criação do elemento cabo-verdiano, produto da mestiçagem entre o português continental ou ilhéu com os negros da Guiné. Encruzilhada das rotas marítimas e aéreas, constitui Cabo Verde um entroncamento importante para as carreiras intercontinentais e base aérea de grande categoria.
A docilidade da sua população, em permanente nostalgia, a sua riqueza folclórica, especialmente no campo da dança e da música, com as mornas dolentes e as coladeiras trepidantes, encantam o turista mais exigente que procure a. quietude daquelas ilhas para descansar e para gozar a pesca desportiva.
Os serviços de turismo ultimamente criados pouco ou quase nada puderam ainda fazer, mas é de esperar que, com o dinamismo o saber do seu dirigente e resolvido o magno problema das comunicações aéreas com a metrópole e com a província da Guiné, aquelas ilhas atlânticas possam vir a ter dias melhores com a canalização cuidadosa de uma grande corrente turística de alto valor, aproveitando a grande colónia cabo-verdiana residente nos Estados Unidos e cujos elementos tudo farão para ter oportunidade de visitar a terra natal, desde que tenham a certeza de serem bem recebidos e não serem tratados como «americanos».
O arquipélago dispõe de- um bom hotel na ilha do Sal, de boas pensões na Praia e em S. Vicente e de uma pousada na Praia, equipamento insuficiente, contudo, para se fazer turismo a sério, pelo que o seu reapetrechamento deve ser encarado com interesse pelos Poderes Públicos, na falta de iniciativa privada.
S. Tomé e Príncipe. - Estas duas ilhas tropicais, de grande beleza e cor, constituem um cenário maravilhoso para o turista mais exigente e que em rápida visita queira sentir-se abraçado pela luxuriante vegetação africana.
O seu cartaz turístico assenta na curiosidade que emprestam as conhecidas lavadeiras de S. Tomé e que, entoando cantares regionais, se reúnem as centenas em várias ribeiras que atravessam a ilha e ali se dedicam à lavagem da roupa.
As ricas e interessantes roças de cacau, coconote e copra, com os seus grupos folclóricos, são outras tantas atracções que encantam os turistas que visitam a província.
S. Tomé está bem servida por quase todos os barcos que demandam Angola e Moçambique e pela linha da T. A. P. que liga Lisboa - Guiné - S. Tomé - Angola e Moçambique.
O equipamento hoteleiro é fraco, mas, em contrapartida, S. Tomé possui uma boa piscina, um restaurante de boa categoria e uma pousada.
Angola constitui, hoje em dia, uma das maiores atracções turísticas do continente africano. Com um equipamento hoteleiro que se pode classificar de muito bom, a imensa província portuguesa de Angola não receia confrontos com qualquer outro território do continente negro. Bem servida por ligações aéreas e férreas, sem. contar com um razoável serviço de camionagem, o turista não encontra qualquer dificuldade para se deslocar de um ponto para outro neste vasto território.
A sua vegetação exuberante, a beleza dos cafezeiros e laranjeiras em plena floração; as maravilhosas quedas de água do duque de Bragança; as Pedras Negras e o Tunda Vale, o atraente deserto de Moçâmedes; a beleza urbanística de Luanda. Nova Lisboa, Sá da Bandeira, Lobito, Benguela e tantas outras cidades que honram a arquitectura e construção portuguesas; o contraste étnico da sua população e a riqueza cinegética do Sudeste de Angola, própria para os mais exigentes apaixonados pela caça, sem contar com a variedade da sua grande riqueza em todos os sectores da actividade económica, fazem com que Angola ocupe lugar importante entre os pólos de desenvolvimento turístico do mundo português. Está bem servida de carrearas aéreas e marítimas, garantidas pela T. A. P., Companhias Colonial e Nacional de Navegação e Sociedade Geral.
Moçambique. - Com as suas condições naturais, em que as praias ocupam lugar de destaque e chamariz irresistível para o turista da África do Sul e das Rodésias, esta província tem ainda a grande atracção do seu parque da Gorongasa e uma riqueza omogética capaz de satisfazer os mais exigentes organizadores dos xafarix, a par de um conjunto de bons e confortáveis hotéis, voos regulares em aviões da conceituada D. E. T. A. e um bom serviço dos caminhos de ferro que fazem de Moçambique uma companheira inseparável de Angola na valorização turística do País e servida pela T. A. P. e pelos barcos nacionais da Companhia Colonial de Navegação, Companhia Nacional de Navegação e Sociedade Geral.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Macau. - Com a sua enorme população heterogénea característica da interpenetração de duas civilizações próximas, a cidade do Santo Nome de Macau