14 DE MARÇO DE 1964 3651
constitui um centro urbano e industrial de grande categoria e onde o turismo está estruturalmente edificado em bases sólidas e registando um elevado movimento anual.
Possui magníficos hotéis e restaurantes; velhas e tradicionais igrejas católicas e templos budistas; fortes e fortalezas de construção portuguesa e vários outros motivos de atracção turística. Tem uma vida nocturna muito animada, incluindo o jogo, que ali é permitido.
É servido por inúmeras carreiras aéreas e marítimas que demandam Hong-Kong e com todos estes predicados bem merece o nome de «jóia do Oriente».
Timor. - Conhecida pelo seu maravilhoso café de fama mundial, esta nossa longínqua, província constitui um centro de atracção turística com as suas danças guerreiras e trajos característicos das suas gentes, sem falar nas suas belezas naturais, em que sobressaem as afamadas orquídeas, consideradas como das maus belas do Mundo.
E servida pelas linhas aéreas que escalam Darwim e Jacatra, cujos aeroportos têm ligação com o de Díli por meio de carreiras locais.
A Companhia Nacional de Navegação tem uma carreira directa para Díli e os barcos, da K. P. M. mantêm ligações com várias carreiras do Japão, China e África.
Guiné Portuguesa. - «The last but not least!».
A Guiné Portuguesa, encravada entre os territórios do Senegal e da República da Guiné, tem aproximadamente a superfície de 36 126 km2 e uma população de cerca de 560 000 habitantes e foi descoberta por Nuno Tristão no ano da graça de 1446, tendo sido incorporada na mesma data como território nacional.
As suas tradições históricas, os costumes das suas gentes, a variedade do folclore local e a beleza luxuriante da sua vegetação, tudo isso a juntar à sua. riqueza cinegética, fazem com que a Guiné Portuguesa seja considerada um centro de atracção turística que bem merece ser acarinhado para nele se estabelecerem as bases de uma infra-estrutura capaz de aguentar a corrente turística que para ali se conseguisse canalizar.
As ruínas do Forte de Cacheu, a velha e tradicional igreja e a Fortaleza de S. José de Bissau constituem prova real de uma ocupação vivida que os nossos navegadores ali deixaram quando dos primeiros contactos com as terras africanas.
Esta paradisíaca Guiné, com o seu xadrez etnográfico ricamente representado pela grande variedade de raças que a povoam, entre as quais se destacam os leais e sempre alegres Fulas e Mandingas, os lutadores Felupes, os dançarinos Bijagós, os laboriosos mas irrequietos Balantas e os tecelões e bons marinheiros Manjacos; esta Guiné, dizíamos, tem condições excepcionais para centro de turismo, favorecida pela curta distância que a separa da metrópole e portanto própria para proporcionar os primeiros contactos com a verdadeira. África aos portugueses que nunca saíram do continente.
Com todas estas características essenciais, parece-me que se podiam criar na Guiné três pólos de desenvolvimento turístico, a saber: Varela, Bubaque e Bolama, localidades que reúnem todas as condições para o desenvolvimento da indústria turística.
Procurarei concretizar as razões que me levaram a esta conclusão:
Varela foi fadada pela Natureza como sendo o local paradisíaco para umas reconfortantes férias e isso tornou-se tão patente à observação de todos que durante a vigência governativa do almirante Sarmento Rodrigues (governador que deixou o seu nome ligado à Guiné pelo muito que lá fez) foi considerada ponto nevrálgico do incipiente turismo guineense.
Em verdade, Varela rapidamente se transformou numa. verdadeira estância balnear com grande cartel turístico não só dentro da província, mas sobretudo entre os franceses residentes no vizinho território do Senegal e que para ali convergiam em massa, emprestando certo colorido a dando vida e movimento àquela nova estância balnear.
A enorme procura que começou a verificar-se das atraentes condições de Varela levou o então governador Sarmento Rodrigues a aproveitar uma compreensiva colaboração entre os funcionários administrativos e os técnicos agrícolas e de obras públicas, sob a sua directa orientação, de que resultou que num tempo record e a começar do nada se edificasse um verdadeiro centro turístico de fama internacional, rodeado de extensos parques de eucaliptos e de casuarinas e constituído por uma série de lindas e confortáveis vivendas mandadas construir pelo Governo da província e por algumas entidades particulares, entre as quais o Banco Nacional Ultramarino, que ali mandou edificar algumas moradias para colónia de férias do seu pessoal.
Instalou-se a luz eléctrica e abastecimento de água no novo centro, construiu-se um grande restaurante com esplanada para festas, construiu-se uma boa pista de aterragem susceptível de receber todos os aviões da província e que iniciaram imediatamente a fazer carreiras semanais certas e género táxi aéreo em qualquer altura.
Infelizmente, os últimos acontecimentos ocorridos na província motivaram o enceiramento temporário da estância, que, como é de prever, está sofrendo as inclemências do tempo e do abandono, e se este estado de coisas persistir por muito mais tempo, é de prever que os prejuízos sejam grandes, a não ser que as forcas armadas, que têm aproveitado a estância e as suas instalações para repouso dos seus efectivos, prestem a sua colaboração na conservação dos bens móveis e imóveis ali existentes, tanto mais que o conselho de administração do Banco Nacional Ultramarino, num gesto simpático, pôs à disposição do Governo da província a bonita soma de 100 contos para as reparações da Praia Varela, desde que fosse garantido o policiamento e defesa da mesma.
Bubaque tem uma magnífica praia em Bruce, de alguns quilómetros de- extensão e marginada por tufos de palmeiras e outras espécies florestais de luxuriante porte. Com a construção de uma pousada ou pensão e melhoradas as condições técnicas da pista de aterragem, Bubaque poderá entrar abertamente para o circuito turístico da Guiné, pois como atracção para os turistas tem, além da sua privilegiada situação, o folclore típico da sua população.
Bolama, antiga capital da província e que tem vindo a decair de uma maneira assustadora desde que a capitai foi transferida para Bissau, merece ser acudida e ajudada a suportar a pesada cruz que lhe foi imposta. Dotada de um clima excepcional, com um magnífico porto de águas límpidas, Bolama pode e deve tornar-se um dos pólos de desenvolvimento turístico da Guiné, e, dado que possui muitas habitações devolutas e em vias de completa ruína, por falta de inquilinos, poderia aquela cidade ser adaptada para o turismo de férias, desde que essas habitações fossem reparadas ou reconstruídas com o auxílio do Estado ou com adiantamentos por ele realizados através do município local, e estabelecidas carreiras marítimas e aéreas a preços módicos, os habitantes de Bissau, privados do conforto saudável de horas bem passadas nalguma praia, poderiam gozar as delícias da praia de Ofir, na ilha de Bolama, com a sua pousada, ou instalando-se no magnífico Hotel do Turismo, instalado no antigo e sumptuoso edifício da filial do Banco Nacional Ultramarino.
Com estes três pólos de desenvolvimento turístico beneficiar-se-ia a população de Bissau e de outros pontos da