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19 DE MARÇO DE 1964 3699

consubstanciou-se com a evangelização da província, primeiro, e depois da sua vastíssima Arquidiocese.
Tanto que, volvidos apenas três anos, graças à sua acção denodada e inteligente, Moçambique era logo enriquecida com as Dioceses da Beira e de Nampula, sufragâneas da Arquidiocese de Lourenço Marques, a que sucessivamente vieram juntar-se as novas Dioceses de Quelimane, Porto Amélia, Inhambane, Tete e, ultimamente, a de Vila Cabral. Ergueu uma catedral maravilhosa, levantou seminários (maiores e menores), colégios, hospitais, e fundou esse belo órgão da imprensa portuguesa que se chama Diário, certamente a melhor afirmação de portuguesismo que lá possuímos.
Quando a Santa Sé o nomeou cardeal, pelo Consistório Secreto de 18 de Fevereiro de 1946, S. Ex.ª Revma. tornou-se, de facto, como escreveu Mons. A. da Silva Rego, «o cardeal africano, por excelência».
E de tal modo fez de Moçambique a sua terra, que, quando já condenado, os médicos lhe asseguravam que voltar lá era. morrer, ele quis fechar os olhos junto dos seus cristãos, à sombra, da sua querida catedral.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Bem merece, pois, Srs. Deputados, a homenagem que sentidamente se lhe vai prestar. Que ela seja grandiosa, digna do homem e do português que sempre foi.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E, ao mesmo tempo, que esse monumento seja o preito de todos os portugueses ao esforço missionário em terras nossas do Indico; sobre a epopeia do missionário anónimo, a figura augusta do cardeal Gouveia.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: vi-me forçado a de novo ter de pedir a palavra a V. Ex.ª Entendi ser meu dever sublinhar nesta alta Câmara uma data que se aproxima e merece na verdade ser enaltecida. Trata-se. Sr. Presidente e Srs. Deputados, do centenário do Sameiro, o grande santuário mariano do Norte, o grande santuário que tem sido teatro das maiores e mais brilhantes comemorações religiosas que se têm dado neste país. Estão já constituídas as comissões que vão promovei-as festas centenárias. A elas preside o venerando arcebispo primaz, que já tinha recebido esse encargo do seu saudoso e sempre lembrado antecessor.
Todos nós, os homens do Norte, estamos empenhados em que as comemorações atinjam aquele brilho que é próprio das manifestações religiosas que a Roma portuguesa costuma promover. Haja em vista o que se passou na posse de há dias do novo arcebispo primaz, que, pelo número e qualidade das pessoas que a ela assistiram, constituiu como que um referendo da Arquidiocese à graça da Santa Sé colocando na cátedra de S. Martinho, de João Peculiar, do Beato Lourenço, de D. Diogo de Sousa, de D. Manuel Vieira de Matos e do D. António Bento Martins Júnior quem, pela sua acção de bispo auxiliar, já há muito tinha conquistado direito a ocupá-la.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: tenho medo de cansar a atenção de VV. Ex.ªs (não apoiados), mas quero dizer alguma coisa sobre a história do Santuário do Sameiro e sobre o ambiente em que se situa a sua criação.
Todos nós sabemos que a monarquia liberal estava desenraizada dos sentimentos católicos deste país.
Recordo-me de uma carta que li há pouco, da Sr.ª D. Amélia de Bragança e dirigida a D. Manuel Baptista de Pina, em que a rainha dizia ao seu antigo confessor que não devia dirigir as suas cartas para o Paço, pois temia as reacções que isso poderia provocar.
Meus senhores: Portugal foi e será sempre um país católico.
Quero ainda dizer que, quando foi definido o dogma da Imaculada Conceição, em Portugal o Governo não permitiu que durante muito tempo fosse pelo bispo proclamado esse dogma. Era uma intromissão do Governo, um acto de injusto regalismo, que causou em Braga, como um todo o País, a maior revolta. E foi então que um virtuoso sacerdote da minha terra, o P.e Martinho, resolveu erguer no alto do Sameiro um monumento à Imaculada, iniciativa que em todo o País foi secundada.
Assim se tornou aquele local digno da peregrinação de todos os crentes e de todos aqueles que vêem em Maria a mãe do Redentor.
Sr. Presidente: recordarei que na minha infância, se falava com admiração e enternecimento da grande hora de 1904 em que a Senhora foi coroada pelo representante do Santo Padre e que nessa coroa, que Ela ainda hoje ostenta, feita com o ouro que lhe foi oferecido pelas mulheres de Portugual refulge uma
pedra preciosa que a rainha de Portugal, a Sr.ª D. Amélia de Bragança, que Salazar num acto de justiça trouxe para a terra portuguesa,...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ...lhe ofereceu como preito de homenagem e lembrando-se por certo de que D. João IV tinha entregue já a realeza de Portugal à Imaculada Conceição.
Recordo que foi Braga, no sínodo que ali se realizou sob a chefia do arcebispo D. Sebastião, a primeira arquidiocese a reconhecer, mesmo antes de a Igreja o fazer oficialmente, a Imaculada Conceição de Maria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nos nossos tempos, quero referir a grande comemoração de 1954. Foi ali então, como legado de Sua Santidade o Papa, o Sr. Cardeal-Patriarca de Lisboa - e, a propósito, tenho a certeza de interpretar os sentimentos da Assembleia desejando que depressa retome a sua saúde, para bem da Igreja e da Pátria, quem tão nobremente a tem servido.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Esteve também representado o Governo, pelo então Ministro da Justiça, Prof. Doutor Cavaleiro de Ferreira. E esteve ali na montanha santa uma multidão calculada em mais de 600 000 pessoas, aclamando a Virgem como a «Alegria do Nosso Povo», a Mãe de Jesus, a Saúde dos Enfermos» e a «Sede da Sabedoria».
E, mais adiante, quero recordar ainda o Congresso do Sagrado Coração de Jesus, onde de novo esteve um legado do papa, do grande papa do nosso século, Pio XII, ...

Vozes: - Muito bem!