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19 DE MARÇO DE 1964 3701

os principais lugares. Por outro lado, a análise das rubricas relativas às mercadorias importadas permite concluir pela insuficiência das indústrias manufactureiras, especialmente têxteis, pela ausência de indústrias de produção de equipamentos, nomeadamente tractores, maquinaria e automóveis, e pela oportunidade das indústrias químicas, incluindo os medicamentos.
Estas debilidades no sector do comércio externo projectam-se nas razões de troca e na capacidade média de importar.
O seguinte, quadro é ilustrativo, para o período de 1957-J961 (cf. Walter Marques, Problemas do Desenvolvimento Económico de Angola):

[ver quadro na imagem]

Poderemos, em suma, concluir pela vantagem de diversificar, incrementar e valorizar as exportações e de procurar, através do desenvolvimento das forças produtivas internas, uma auto-suficiência que permita eliminar, ou diminuir consideràvelmente, algumas importações.
No decorrer desta intervenção começarei por abordar algumas infra-estruturas da industrialização (o homem, a localização das actividades, as linhas gerais da circulação, os apoios agrícola, florestal, pecuário, as pescas e a energia). Analisarei seguidamente aspectos da indústria extractiva e da indústria transformadora. E depois de discutir pontos conexionados com a problemática do desenvolvimento industrial e com o crescimento polarizado, oferecerei à consideração desta Câmara algumas conclusões.
Angola, cerca de 14 vezes maior do que a metrópole, dispõe de metade da sua população, o que se traduz numa densidade média quase 28 vezes inferior.
É certo que o crescimento da população, entre 1950 e 1960, foi de mais de 16,5 por cento, o que representa um sucesso, comparado com os índices de crescimento anteriores a 1930 (cerca de 7 por cento).
Mas a própria distribuição espacial revela notáveis desequilíbrios. Os distritos de Huambo, Luanda e Benguela, com, respectivamente, 19,5, 12,7 e 12,5 habitantes por quilómetro quadrado, estão muito distantes da Lunda (1,4), do Moxico (1,3) e de Mocâmedes (1,2). Mas dentro dos próprios distritos as médias mais elevadas são obtidas à custa de um ou outro centro. É, por exemplo, o caso do concelho de Luanda, com 106 habitantes por quilómetro quadrado, em oposição ao concelho de Quissama, com 0,75.
Os largos espaços deixados à ocupação humana são, além do mais, um apelo às populações da metrópole. E se é certo que o aumento da população branca se tem intensificado (de 47 por cento de acréscimo entre 1930-1940 para 79 por cento entre 1940-1950 e para 103 por cento entre 1950-1960) estamos muito longe daquele ritmo indispensável ao desenvolvimento das forças produtivas da província e à consolidação de uma sociedade multirracial que, nos tempos futuros, há-de ser exemplo para o Mundo e título de justificado orgulho para as nossas gerações.
Mas, ao lado desta estrutura quantitativa da populações, há que cuidar da sua qualidade. Ainda aqui se pode dizer que o homem é a principal infra-estrutura do desenvolvimento económico.

O Sr. Gonçalves Rapazote: - Muito bem!

O Orador: - Detenhamo-nos na instrução.
A um índice 100 de alunos matriculados em 1955-1956 correspondeu um índice 156 em 1959-1960. Terão sido os primórdios de uma revolução no sector do ensino que posteriormente se terá intensificado, mas que importa multiplicar em termos de autêntica cruzada nacional.
Esta explosão projecta-se, de resto, num aspecto inúmeras vezes destacado nesta Assembleia, mesmo a propósito da metrópole: o da exigência de élites que enquadrem a promoção cultural e estimulem as actividades produtivas da população.
Estou convencido de que o plano de desenvolvimento de Angola deverá ter um marcado cunho social, programando-se unia intensiva formação de técnicos e uma extensa instrução das populações.
O cunho social revelar-se-á ainda na saúde e assistência.
Na sua comparação com outros territórios de África, a situação de Angola, ainda aqui, é bastante lisonjeira. Mas isto não significa que nos dêmos por satisfeitos. Importa antes redobrar os esforços, persistindo no combate às endemias a adicionais, na valorização da nutrição das populações, na generalização das regras mais elementares de higiene e educação sanitária.
Ora este tríplice objectivo de promoção cultural, defesa sanitária e produtividade realiza-se ainda através de soluções de desenvolvimento comunitário.
Dada a impossibilidade de estender a todo o território de Angola esquemas desta natureza, deverão eleger-se umas tantas regiões onde se inicie tal esforço. O efeito de demonstração obtido virá a ser, de resto, a melhor credencial para a expansão do movimento.
A penetração da África não islamizada nos sistemas de economia de mercado deve-se ao homem branco. Ele levou consigo a organização urbana, que, na costa ocidental, era desconhecida para o sul do golfo da Guiné. Daí que o estudo dos centros polarizadores de Angola se ligue à sua rede urbana.
Na verdade, os fastos da valorização económica d« Angola constituem já hoje um processo histórico que abona o sacrifício- heróico dos que fizeram a unidade de territórios tão vastos, salvando-os para o convívio multirracial.
Por volta de 1846, nos reinos de Angola e de Benguela haveria 1380 brancos; em 1897, a população branca de Angola não excederia 9000 indivíduos. Mas já antes fora a experiência do Congo, as epopeias de Massagano (fundada em 1580) e de Cambambe (1609).
Mocâmedes (1840) e Huíla (1845), a mais de um século de distância, são padrões bem eloquentes da nossa persistência em permanecer. Não foi sem emoção que há meses, ao percorrer o Sul de Angola, evoquei as considerações de Bernardino Freire de Figueiredo e Abreu e senti o esforço dos que trocaram a ilha da Madeira pelas regiões para lá da serra da Cheia.
Pode dizer-se que quatro cidades do litoral (Luanda, Lobito, Benguela e Mocâmedes) e quatro cidades no planalto (Malanje, Nova Lisboa, Silva Porto e Sá da Bandeira) constituem os grandes centros de ocupação demográfica e de actividade económica de Angola (cf. por exemplo, F. Pacheco de Amorim, A Concentração Urbana em Angola).