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19 DE MARÇO DE 1964 3703

conseguem produções unitárias um tanto superiores, mus em raros casos atingem níveis comparáveis às médias obtidas na Rodésia do Sul (cerca de 2800 kg/ha) [...]. Há um longo caminho a percorrer no melhoramento da cultura do milho, baseado no enquadramento num sistema equilibrado de exploração da terra, em que se possa tirar partido da rotação de culturas, boa preparação dos campos a semear, adubação racional, combate às infestantes (sachas e monda química), amontoa, tratamento preventivo das sementes com misturas insecticidas-fungicidas, etc. [...]. Uma zonagem mais criteriosa da cultura do milho poderá modificar substancialmente o panorama da produção, fomentando-a numas zonas e desencorajando-a noutras, onde são grandes as possibilidades de aproveitamento agro-pecuário».
Mas as aplicações industriais do milho multiplicam-se. Ao fabrico da farinha e do amido (maizena) sucede-se a utilização no fabrico de plásticos rígidos ou de fibras sintéticas para tecidos finos. Além dos amidos, xaropes, açúcar, rações para animais, extrai-se ainda do gérmen do milho um óleo para fins alimentares, sendo mesmo os resíduos desta extracção utilizados na preparação de rações alimentares (cf. o citado trabalho do Eng.º Alberto Diogo). Angola poderá assim ser local adequado para a instalação de importantes complexos industriais fundados no milho.
Tal como o milho, também a mandioca desempenha importantíssimo papel na alimentação das populações nativas. A crueira, produto obtido da secagem da mandioca, figurou nas exportações de 1962 com o valor de 110 000 contos, ou seja mais 20 por cento do que no ano anterior, o que se deveu a uma alta nas cotações.
Ora a mandioca é ainda susceptível de largo aproveitamento industrial. Os técnicos afirmam que o amido da mandioca verde, é superior ao da mandioca seca. Aqui estaria uma indústria a instalar no Luso. De facto, os distritos da Lunda e do Moxico reúnem excelentes condições para a cultura da mandioca.
Só no distrito do Moxico, a estimativa da produção comercializável na última campanha foi de 82 100 t, distribuídas pelo concelho do Moxico (30 000 t), do Dibolo (25 000 t), de Luchazer (18 000 t), de Bundas (9000 t) e do Alto Zambeze (100 t).
O actual governador do Moxico, numa actividade incansável, tem apoiado uma interessante experiência de colonatos (Caminina, Sacassange e Luxia, além dos núcleos de Cangunda, Lussangage e Luangrico). Pois, quando há meses os visitei, fiquei compenetrado da importância da mandioca nas respectivas economias (além do gado, milho, arroz, feijão, amendoim, batata e produtos hortícolas). Eis um caso em que a industrialização se poderia conjugar com a instalação de colonos, assegurando estes à unidade industrial a matéria-prima indispensável a uma laboração normal e, reciprocamente, assegurando a fábrica àqueles o escoamento da sua produção agrícola.
No período de 1956-1958, o consumo médio por cabeça de açúcar nos países da Europa ocidental foi de 30,4 kg. Tal valor era obtido à custa de consumos elevados, como o da Inglaterra (50,8 kg por habitante), ou médios, como o da Áustria (34,3 kg por habitante), ou insuficientes, como Portugal (16,2 kg por habitante) (cf. O. E. C. E. Agricultural and Food Statistics, 1959).
O incremento nos consumos tem-se, de resto, acentuado nos últimos anos, inclusive em Portugal. As boas perspectivas no mercado mundial conduziram muitos países, como os Estados Unidos, o México, a Austrália e as Filipinas, a investir importantes capitais nesta indústria, à sombra de sólidos planos de expansão.
Ora a capitação do consumo do açúcar deve ter sido, em 1962, de 6,7 kg por habitante em Angola.
Assim, os futuros incrementos de consumo no espaço português, e sobretudo a circunstância de já hoje o ultramar não assegurar o abastecimento da metrópole, recomendam uma revisão substancial neste sector da produção e industrialização da cana sacarina.
Os elementos relativos a Angola no ano cultural de 1960-1961 constam do seguinte quadro (cf. Eng.º Alberto Diogo, Rumo à Industrialização de Angola, citado):

[ver quadro na imagem]

Quanto ao rendimento em açúcar, os valores obtidos em Angola (9 a 11 por cento) são igualmente baixos.
Mas estão provadas as aptidões de algumas zonas de Angola para a produção da cana sacarina. Mais: para lá do sistema tradicional das grandes plantações recomenda-se a utilização da cultura da cana como apoio no estabelecimento de colonatos.
Tive ocasião, em Moçambique, de visitar as plantações junto do Buzi, onde os agricultores vendem a sua produção à respectiva fábrica.
Soluções desta natureza recomendam-se até no plano social.
As exportações de óleo de palma e de coconote proporcionaram à balança comercial de Angola, em 1962, respectivamente 71 700 e 35 600 contos.
Pode dizer-se que a zona apta à «elaeicultura» na província se situa entre os 12º de latitude sul e os 15º de longitude oeste, em altitudes inferiores a 900 m.
Simplesmente, ainda aqui não se encontram esgotadas as possibilidades de plantação, valorização dos palmares espontâneos e aproveitamento industrial do coconote e do óleo de palma.
O primarismo revelado na preparação realizada pelos nativos, para autoconsumo. proporciona-lhes uma péssima qualidade. O próprio aproveitamento industrial revela deficiências que se traduzem em óleos rijos e muito acidulados (cf., contudo, a comunicação apresentada às IV Jornadas Silvo-Agronómicas sobre Características dos Óleos de Palma Exportados por Angola).
E chego a uma das produções mais discutidas: o algodão.
As grandes zonas tradicionais de cultura localizam-se nos distritos de Malanje (nomeadamente a Líaixa de Cassange) e Luanda e na zona de Seles.
Os seguintes números (cf. Relatório ao Danço de Angola, de 1960) dão uma ideia mais concreta dessa localização indicando a produção nativa de algodão caroço (em toneladas).

Distritos:
Ano de 1959-1960
Congo (Ambrizete) ........................................ 413
Luanda ................................................... 5 579

Ambriz ................................................... 374
Dande .................................................... 361