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19 DE MARÇO DE 1964 3705

O enclave de Cabinda, principalmente na região de Maiombe, é a reserva mais expressiva nos recursos florestais. Calcula-se que possa assegurar uma exploração de 150 000 m3 a 200 000 m3 de madeira por ano. Simplesmente, haverá que vencer, além de outras dificuldades de circunstância, as deficiências técnicas e a carência de infra-estruturas.
Em 1960, por exemplo, Cabinda exportou 120 000 m3, dos quais 110 000 m3 em toros e apenas cerca, de 10 000 m3 de madeira serrada.
Menos expressiva, embora de bastante interesse, se tivermos em conta as actuais possibilidades económicas da região, é a exploração florestal no distrito do Moxico. Os volumes de corte autorizado em 1962 foram de 51 000 t, das quais 21 000 t se destinaram a travessas para o caminho de ferro de Moçâmedes. A madeira exportada atingiu no Moxico cerca de 10 000 m3, no valor de 8500 contos, tendo laborado 25 serrações.
A utilização no planalto e no Sul de Angola da madeira para os caminhos de ferro e como combustível põe dois problemas: o do repovoamento florestal e o da substituição do próprio combustível.
Comecemos por este último. Quem visita Porto Alexandre ou a Baía dos Tigres verifica com surpresa que as indústrias de peixe utilizam a madeira como fonte de energia. Terras do deserto irão buscar longe tal combustível, ajudando talvez a expandir a própria erosão. A pergunta é se não será mais lógico e mais económico o recurso a outras fontes, numa hora em que o petróleo, por exemplo, é já uma bela realidade na província.
Ao longo do caminho de ferro de Benguela colhe-se a agradável impressão de um esforço de reflorestamento que seria igualmente de desejar para as regiões do caminho de ferro de Moçâmedes. O eucalipto é aí uma larga presença na paisagem, a evocar um esforço que permitiu mesmo a localização no Alto Catumbela de uma grande unidade para o fabrico da celulose e do papel. A 1300 m de altitude, distando 270 km do Lobito e 130 km de Nova Lisboa, surgiu um indiscutível pólo de desenvolvimento, em que se investiram 400 000 contos, onde se instalaram 1500 pessoas e que estimulou mesmo o aproveitamento hidroeléctrico de Lomaum (a 50 km da fábrica, de celulose); passo decisivo no aproveitamento das grandes possibilidades energéticas do rio Catumbela.
Ligada às florestas está, em dada medida, a produção de cera. Ora, Angola, que em 1953 exportou 1361 t de cera, tem visto essa exportação reduzida a metade (730 t, no valor de 21 500 contos, em 1962) nos últimos anos. Penso que este sector deveria merecer as melhores atenções dos serviços públicos, interessando os nativos e sobretudo, iniciando-os em técnicas de aproveitamento cujo desconhecimento prejudica um bom rendimento nas colheitas. Acresce que são algumas das regiões mais atrasadas de Angola (Moxico, Alto Zambeze, Guando Cubango) as que oferecem melhores possibilidades. Tratar-se-ia, portanto, de um útil apoio na economia dos naturais.
A pecuária é sem dúvida, um dos sectores mais apaixonantes da economia de Angola. Apercebe-se de tal facto quem se debruce sobre os relatórios e estudos dos que nas últimos dezenas de anos tem servido Angola, quem evoque os Cuanhamas ou quem percorra as extensas regiões do planalto e do Sul da província.
O arrolamento de gado de 1958, talvez pecando por deficiência, revelou a existência na província de mais de 2 milhões de cabeças, com grande preponderância para os bovinos.
Não deixará de ter interesse transcrever aqui os números relativos ao total apurado, às principais espécies e sua distribuição regional:

[ver tabela na imagem]

Há um largo caminho a percorrer na valorização da pecuária de Angola. A política de fomento deve ser intensificada, tendo em conta a educação dos criadores, a multiplicação nos cruzamentos das espécies, a criação de sistemas de irrigação, ou outros processos mais económicos de aprovisionamento e fornecimento de água, o estudo e generalização de forragens adequadas, a intensificação da acção profiláctica, a criação de fazendas ou outros tipos de exploração racional, o crédito agro-pecuário, a coordenação entre a produção e a comercialização, transporte e industrialização do gado.
Em 1950 uma missão da E. C. A. estudou a viabilidade de um projecto de exploração pecuária e industrialização de carnes em Angola. Tal missão concluiu serem boas as possibilidades da província relativamente à congelação de carnes de vaca e de porco, reconhecendo a qualidade do gado e do capim. Previa-se um matadouro frigorífico apetrechado para produzir 6000 t de carne congelada e 2080 t de subprodutos em 300 dias de trabalho útil. O projecto considerava a produção de carnes congeladas, a produção de salsicharias, a preparação de gorduras industriais e comestíveis, o fabrico de farinhas de sangue e ossos, o fabrico de gelatina e a preparação de couros. Constituir-se-ia um entreporto frigorífico em Moçâmedes e utilizar-se-iam vagões frigoríficos entre Moçâmedes e Sá da Bandeira.
Presentemente duas organizações procuram realizar os seus esquemas. Uma dispõe já de um matadouro em Moçâmedes e constrói outro em Sá da Bandeira. A outra tem em construção um matadouro em Nova Lisboa « está autorizada a instalar outro em Sá da Bandeira.
A indústria de salsicharia conta alguns sucessos na província. A produção subiu de 1209 t em 1950 para 3252 t em 1962. A Huíla (com 1602 t em 1962) e o Huambo (1052 t) são os dois grandes centros produtores.
Quanto aos lacticínios, Angola importou, ainda em 1962, quantidades no valor de 64 000 contos (9900 da manteiga; 13 200 de queijo; 40 200 de leite em pó ou condensado). Visitei há meses a fábrica da Cela, em funcionamento, e a de Nova Lisboa, em finais de instalação. É natural que. removidas algumas dificuldades, dêem um contributo ao abastecimento dos grandes centros que procuram servir.
Também se avoluma o abate do gado para consumo na província. O número de reses abatidas passou de 115 000 em 1961 para 132 000 em 1962. Este facto não poderá ser minimizado ao estruturar-se a produção, comercialização e aproveitamento dos efectivos disponíveis.
O sector das pescas é dos que contam maiores tradições em Angola e tem desempenhado papel de relevo na vida económica dos principais núcleos do litoral.