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3916 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 158

aqueles. Fico convencido de que, por este modo, dou nota de isenção e de integridade, cuja falta, infelizmente, se vem notando com surpreendente prejuízo do progresso da nossa vida política e social.
Não vejamos neste empreendimento outra coisa que não seja uma parada das forças morais e espirituais da Nação dispersas e até há bem pouco tempo esquecidas e abandonadas. Ele traz-nos muito de afectivo e não deixará de ser altamente construtivo pelo que há-de resultar de aumento do poder de coesão deste património humano perdulàriamente disperso pelo Mundo. Adquirida a noção do seu real valor, para cima e para além da forte: corrente de valores materiais que sustentam a Mãe-Pátria, que tudo pede e tudo espera, e nenhum calor tem irradiado para manter fortes e vivos os vínculos do patriotismo, pressinto que está a ser dado um grande passo para o restabelecimento da integração nos efectives nacionais dos nossos irmãos separados pela necessidade e gosto de subsistirem em pátrias alheias. E não há dúvida de que o Congresso das Comunidades Portuguesas exprime um propósito de integração básica, promissora de frutuosas realizações. Impunha-se que essa integrarão fosse tentada para que adquira autêntica expressão o valor da Nação integral.
Estou certo de que, por estas e outras razões que à minha mente minguada não afloram, o Governo não ficou indiferente a tão grandiosa iniciativa, a tão magnífico movimento patriótico, que, desde o do Ultimato, não tem outro que se lhe compare ou iguale. E não faltará com as providências que valorizem e garantam futuras realizações conducentes a manter entre as centenas de milhares de compatriotas dispersos pelo Mundo o conhecimento e uso da nossa língua, da nossa cultura sempre actualizada, das nossas realizações materiais, das nossas tradições, e a prática da nossa religião em igrejas nossas, se possível. Não é só pedir. É imperioso que se dê alguma coisa do muito a que civicamente somos obrigados para que haja legitimidade na razão de pedir. Ninguém duvida que após o breve encontro com os nossos compatriotas e com os descendentes deles sairemos mais fortes e mais lúcidos da nossa presença no Mundo.
A fidelidade à Pátria está sujeita a diluição e natural desaparecimento entre multidões estranhas com a sucessão das gerações. As espécies vegetais, quando transplantadas para outros meios, também estiolam e morrem se não tiverem tratamento adequado. Assim com os homens. Não seja, pois, motivo de escândalo sabermos de portugueses ou de descendentes de portugueses que já não falam e até desconhecem a língua portuguesa.
Dêmo-nos por muito felizes por verificarmos, ainda, que acorrem espontaneamente ao chamamento, suportando de conta própria os gastos de tão dispendiosas deslocações, numa demonstração insofismável de que em seus corações ainda pulsa Portugal. E culpemo-nos, a nós próprios, de tão lamentáveis situações, reconhecendo o fracasso da nossa indiferença pelos que abandonam a Pátria, como se fossem valores perdidos com que já não pode-mos contar, e juremos fazer acto de contrição por meio de acções válidas que nos absolvam de tantos erros que temos vindo a cometer. E o primeiro acto será o de pedirmos, sincera e humildemente, desculpa aos nossos irmãos expatriados, com a promessa de uma reabilitação congraçante e integradora na corrente espiritual desta Pátria eterna.
Sr. Presidente: O próximo dia 8 de Dezembro, escolhido para a realização do I Congresso das Comunidades Portuguesas, é dia duplamente festivo, por consagrado à Padroeira da Nação e por marcar o primeiro encontro, na velha Casa Lusitana, dos portugueses de todas as origens, que acudiram pressurosos e alvoroçados às sonoras vibrações do solene toque de reunir que a benemérita Sociedade de Geografia de Lisboa fez soar e o vento levou às mais recônditas paragens do Mundo, onde o cérebro e os braços de portugueses colaboram pacificamente no bem-estar e progresso dos povos a que se acolheram. Seja esse dia verdadeiro dia de festa da família portuguesa; e fique como data imperecível, mais do que para recordar, para repetir anualmente, cada vez com maior interesse e entusiasmo, com a certeza de que avivamos mais a chama e logramos mais calor quando assopramos ao lume da nossa lareira.
Seria esplêndido, maravilhoso, meus senhores, que naquele dia repicassem à mesma hora os sinos de todas as igrejas de Lisboa, no tom das grandes solenidades festivas que nos enchem a alma, anunciando o acontecimento mais faustosos do nosso tempo: a presença em Portugal dos nossos irmãos separadas pela distância.
Quantos dos que virão rever-se no pátrio lar, ou ver o lar dos seus maiores, vão sentir-se rejuvenescer perante o reconhecimento de velhas testemunhas de suas vidas passadas ou de identificação das evocações familiares? E fossem quais fossem os motivos que os levaram ao expatriamento, por certo vão ter agora ensejo de voltar a ver sítios e coisas, edifícios e monumentos, pessoas e paisagens que noutras idades lhes foram familiares e de poderem dizer com voz tremente de profunda comoção:

Ai, há quantos anos eu parti chorando
Deste meu saudoso carinhoso Lar

Saudemo-los e acarinhemo-los com fraternal desvelo e sentir-nos-emos mais senhores de nós e mais certos ía grandeza desta pátria imortal.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa ao Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nunes de Oliveira.

O Sr. Nunes de Oliveira: - Sr. Presidente: Ao iniciarmos a nossa intervenção neste debate sobre o Plano Intercalar de Fomento, entendemos ser de inteira justiça uma palavra de louvor ao Governo pela magnitude do Plano, com um investimento total da ordem de 48,8 milhões de contos, dos quais, aproximadamente, 34,4 milhões destinados à metrópole. Os números citados traduzem-se, sem dúvida, numa impressionante perspectiva de esforço que para muitos seria considerado quase impossível na conjuntura presente, mas que uma prudente e bem conduzida administração durante muitos anos agora o permite.
No decorrer dos trabalhos da Comissão Eventual desta Assembleia, designada expressamente para o estudo do Plano Intercalar, coube-nos a honra de apreciar o capítulo sobre o «Ensino e a investigação», do qual passaremos a ocupar-nos neste momento, embora de forma