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16 DE JANEIRO DE 1965 4297

Além destas unidades, as restantes são pequenas unidades que só valem pelo número, mas de pouca relevância unitária na vida nacional.
Tudo isto mostra, pelo menos a priori, que não se têm descoberto - e, se existem, ninguém tem conseguido lançar-se na sua exploração - jazigos de grande importância que consigam despertar o interesse do capital português já tão retraído para esta indústria, ou mesmo do capital estrangeiro.
Acresce a tudo isto o termos atravessado até há pouco um período de grande depressão nas cotações de alguns minérios que agora estão subindo para valores mais e pensadores. De notável, e que veio de certo modo compensar a quebra de valor da exploração mineira, foi o grande surto de progresso na exploração das pedreiras mármore. Assim se consiga disciplinar e aproveitar convenientemente mais essa riqueza nacional, de grande incontestável valor.
Sem pretender diminuir o mérito do agricultor ou do industrial de outras actividades, não queremos deixar dizer, neste momento e a propósito deste aviso prévio que lhe é dedicado, uma palavra de admiração pelo mineiro, designando neste termo, como é usual, o industrial de minas.
Com o seu esforço o com o seu risco, que não têm comparação com os de outra qualquer actividade, arranca da terra uma riqueza que sem o seu esforço e a sua audácia ficaria para sempre improdutiva.
E o risco e o esforço de montar uma indústria exige grandes investimentos e que se destina à exploração de um bem fungível, a uma laboração sempre limitada no tempo e no espaço por melhores estudos que haja, por 20, 30, 00 anos, sabe-se lá muitas vezes representando sempre uma incógnita do seu verdadeiro potencial, exigem uma autêntica vocação, um arrojo e uma fé que merecem a nossa admiração, o apoio e o carinho do Estado e uma melhor compreensão e ajuda por parte da finança portuguesa.
Sr. Presidente: Não é cómoda nem despida de grandes dificuldades a indústria mineira. E pomos à cabeça o que refere ao pessoal, quer dirigente, quer de execução. Num país com uma indústria mineira muito reduzida não é atraente o diploma de engenheiro de minas e mesmo e de agente técnico de engenharia de minas, pelas possibilidades abertas a uma carreira com algumas
garantias de futuro.
Daí uma certa escassez de engenheiros e de técnicos de engenharia de minas. Mas mesmo que escolhem essa especialidade, nota-se fraca disposição para se lançarem a fundo na carreira que escolheram.
Isto, aliás, revela-se bem na atitude que alguns antes tomam nos seus períodos de estágio nas minas.
Dos muitos que têm estagiado em diversas minas, uma boa parte o que pretendia era apenas o certificado de estágio, a aprendizagem a valer, o interesse com o serviço e pelas suas dificuldades eram diminutos.
Para demonstração ou esclarecimento do espírito que muitos dos estudantes de Engenharia Mineira abraçavam esta carreira, posso referir uma história que me contada por um antigo concessionário mineiro ida a vida viveu a vida das minas.
Contou-me ele que sempre que era solicitado imitir na sua mina qualquer candidato a estagiário a todos perguntava sempre, logo de início se realmente
O que queriam era estagiar a valer ou se apenas pretendiam o papel certificado desse estágio.
Pois quase invariàvelmente a resposta era de que o que pretendiam era o papel
, que prontamente lhes dava, convencido também de que estágio de vinte dias pouco adiantaria nos conhecimentos do candidato.
De resto, a esse tempo, o estágio limitava-se a dois períodos de 20 dias cada um, o que em boa verdade era insuficiente para um contacto útil com o trabalho mineiro. Hoje as coisas estão um pouco melhor, mas longe, a nosso ver, do que deviam ser. Um estudante deveria fazer, pelo menos, dois estágios de 30 a 45 dias cada um e um de 120 dias, pelo menos, depois de concluir o curso e antes de receber a carta. E mais bem fiscalizados!

O Sr. Gonçalves de Faria: - Na Faculdade de Engenharia os estágios são de 60 dias cada um, no Instituto Superior Técnico são de 20 dias.

O Sr Sousa Birne: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz obséquio.

O Sr. Sousa Birne: - Ouvi com todo o interesse a alusão que V. Exa. faz à tendência que têm os técnicos com os seus cursos de, quando vão fazer o seu estágio nas minas, realmente preferirem o interesse do papel no interesse real do trabalho. Já me referi a isso nesta Assembleia a propósito do aviso prévio do educação nacional, e realmente parece até que deveria haver um teste universitário na altura em que o aluno se vai dedicar a uma actividade especializada, a fim de se ajuizar do gosto que ele possa manifestar por essa actividade.
Falou V. Exa. aí de uma percentagem muito grande Pelo que constatei ao longo da minha vida profissional, não posso nesse ponto estar inteiramente da acordo com V. Exa.
Existe uma percentagem, há casos de profissionais que falharam a sua profissão e que se desviam da actividade mineira, mas não se pode dizer que a percentagem seja assim tão elevada.

O Orador: - Agradeço a intervenção de V. Exa. e acredito que na generalidade possa ser como V. Exa. disse. Limitei-me a referir a observação directa e pessoal de um concessionário mineiro.

O Sr. Sousa Birne: - Admito que se atinja uma percentagem maior na totalidade. Há cursos que dão diplomas genéricos, digamos de construção civil, obras públicas e minas; entre esses talvez que a maior parte dos diplomados, pretendendo escolher uma actividade diferente das minas, tenha apenas interesse no papel, porque pretendem dedicar-se a outros ramos.

O Orador: - Plenamente de acordo.
Há, pois, qualquer coisa que não está certa na organização dos cursos e na orientação do ensino, que devia ser conduzido num sentido mais prático, orientando o estudante para encarar a vida mineira com outro entusiasmo e realismo e para que não perca de vista que se trata de uma profissão dura e para ser exercida em condições de vida difíceis, com poucas oportunidades de vida social, a não ser nas férias, pois as minas aparecem em geral em locais distantes dos centros urbanos, em sítios ermos e até desabitados.
Considerações semelhantes se podem fazer quanto aos agentes técnicos de engenharia.
Se destas duas categorias de dirigentes descermos às classes imediatamente inferiores (capatazes não diplomados e vigilantes), aumentam ainda as dificuldades. Não há no País escolas de capatazes e vigilantes, são as próprias