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5 DE MARÇO DE 1965 4465

O Sr Proença Duarte: - Fui-o, mas entenderam que não devia continuar

O Orador: - Quando se pensa nas extraordinárias facilidades de toda a ordem de que ela desfruta para transformar de negativos em positivos tais aspectos e quando se pensa que, não obstante, o não tem feito, acredita-se, de verdade, naqueles malfadados e poderosos condicionalismos que importa combater e destruir, para que o seu nefasto domínio se extinga e o pensamento do
Sr Presidente do Conselho, aqui como noutros sectores mormente o da educação e o da justiça social, logre, quanto antes, a tão desejada e plena execução
Também os Governos obrigaram o Sr Presidente Conselho àquela confissão de não se convencer à sua acção é absolutamente indispensável político e de que este só podia advir-lhes da União nacional
Está aqui, Sr Presidente e Srs Deputados, tema para séria e aliciante meditação
Bem gostaria de a fazer, mas faltam-me recursos para tanto, a mim que trago comigo apenas a responsabilidade de simples homem da rua, ora transitoriamente acrescida da que possa caber ao mais modesto dos Deputados da Nação, aliás prestes a findar, e que se Deus quiser não voltará a renascer
Embora assim, creio poder socorrer-me das palavras do Sr Presidente do Conselho para as considera válidas e oportunas em escalões aquém do governamental
Também por aí poderíamos lamentar auto-suficiências funcionais que parecem caprichar na dispensa se não mesmo no afastamento, do correspondente apoio político, tido talvez como incómodo, porque em cada momento ele procura definir e interpretar o bem comum. E mesmo sem querer, ocorrem-me, pelo que tiveram então de insólito, sim, mas de profundamente significativo neste aspecto, aquelas palavras de certo governador civil que no acto da sua posse, dirigindo-se ao Ministro do Interior de então, exclamou e se felicitou neste termos «Eu não sou político e V Ex.ª também não!»
E não foi logo desempossado!

Risos

Sr Presidente Disse-o o Sr Presidente do Conselho e toda a Nação o sente estamos à beira de te anos que por imperativos naturais ou políticos poderão pôr-nos
perante opções delicadas, perante decisões transcendentes na vida do Regime e da Nação
Penso que estamos a tempo de preparar-nos para umas e outras. Mas aí nessa reparação, caberá a tarefa essencial ao Governo e à União Nacional se um e outra se convencerem finalmente daquilo que o Sr Presidente Conselho se queixa não tê-los convencido em tantos e tantos anos
Tenho dito

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado

O Sr Meneses Soares: - Sr Presidente Ao começar esta minha intervenção, a que só não chamo pequeno apontamento pela elevação do assunto que vou tratar, quero apresentar a V Ex.ª os meus mais rendidos cumprimentos e fazer os mais sinceros votos pela conservação da preciosa saúde de V Ex.ª
Sr Presidente No passado dia 10 de Fevereiro faleceu na cidade de Lisboa, após mais ou menos prolongado sofrimento, o Doutor Mário Beirão, grande poeta entre os maiores da nossa terra, patriota fervoroso, intérprete por por excelência da alma do nosso povo, quer do ponto de vista heróico, quer do da mais humilde e inspirada simplicidade poética

O Sr Pinto de Mesquita: - Muito bem!

O Orador: - Mas não é do seu elogio como poeta, já feito através da imprensa da maior categoria da nossa capital e de todo o resto do País, que, neste momento, especialmente, pretendo tratar
Quero ocupar-me da sua memória, sim, como o mais humilde dos seus amigos e admiradores, em cujo número tive a grande honra de ser contado, mas, sobretudo, Sr Presidente, como Deputado pelo círculo de Beja, cidade que teve o orgulho - que sempre sentiu e que cada vez mais sentirá - de o contar entre os nascidos adentro das suas muralhas
Há pouco mais de 70 anos nasceu Mano Beirão na nossa querida cidade de Beja, oriundo de uma família da maior respeitabilidade e hoje, se não completamente, quase localmente extinta
Cedo, suponho que logo que feito o curso do liceu, abandonou Mário Beirão a sua cidade natal, mas a ela ficou para sempre ligado pela sua poesia e pela inspiradíssima música dos dolentes cantares, únicos no seu género, de todo o Alentejo
Algumas vezes, Sr Presidente, tive a honra de o acompanhar, noite fora, pelas ruas da cidade de Beja, atrás dos ranchos de cantadores, ou em qualquer casa de outras localidades onde eles se faziam ouvir, sem pretensões de espectáculo, mas por simples inspiração de momento, e até altas horas da madrugada
E, nesses momentos, não sabia que mais admirar se os cantos, ora majestosos, ora mais dolentes, se a transfigurada religiosidade do poeta que os ouvia, quase em êxtase, cheio do maior amor pela sua terra e por tudo quanto a ela se ligasse
Ora, é este facto, aliado ao seu enorme valor considerado ao nível nacional, que traz para nós, filhos de Beja, grandes e especiais responsabilidades, e é para elas que me permito chamar a atenção, do alto desta tribuna, que tanto me honro de ocupar
E deste lugar me permito sugerir que é nosso primeiro dever - que teremos de cumprir, caso se consiga o acordo da família do poeta, já se vê - de transportar para Beja os seus restos mortais, logo que o período legal o permita, no meio da maior simplicidade, como seria seu gosto pessoal, e com a maior dignidade
Mas, para que isso seja feito, será necessário que seja inumado no cemitério de Beja, em mausoléu próprio para receber too grande figura das letras pátrias e que, ao mesmo tempo, seja honrosamente digno para a cidade de Beja, que assim afirmará a honra que sente em tê-lo como de entre os maiores dos seus filhos
Acontece que está à frente da Câmara Municipal o meu particular amigo Dr Joaquim Blak de Vilhena Freire de Andrade, figura de rapaz inteligente e acolhedor de boas iniciativas, e acompanham-no nessa Câmara um vice-presidente e vereadores, que são gente da melhor estirpe citadina Preside aos destinos da Junta Distrital de Beja o meu prezado amigo e colega Dr José Gonçalves Fagulha, a que se juntou uma plêiade de homens ilustres
Para essas duas altas entidades lanço o meu apelo no sentido de promoverem, oficialmente e através da sua alta influência e comprovada competência, a iniciação do movimento que me atrevo a sugerir, na minha intervenção de hoje