O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4662 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 196

os nossos campos ditas pelo Ministro da Economia calaram bem na opinião pública, justamente alarmada pela situação grave em que se debate há longo período a agricultura nacional.
Já a palavra de ordem tinha sido dita antes com a oportunidade de sempre por S. Ex.ª o Sr Presidente do Conselho, quando afirmara, em notabilíssimo discurso, recentemente pronunciado na sede da União Nacional, que a produção agrícola, especialmente daqueles géneros fundamentais à alimentação do povo português, devem ter protecção especial - seguro que a Nação tem de considerar na defesa dos superiores interesses das populações do Pais.
É nesta orientação, que podemos definir como básica, e a que nunca se deveria ter fugido no delineamento da política económica do departamento da Economia, haverá que auxiliar sem demora a reconstrução da economia agrária das extensas regiões afectadas por condições adversas do meio climático - caso particularmente generalizado nos territórios de pão do Centro e do Sul do continente português. E, digamos mesmo, sem exagero, que é tão valiosa para a vida nacional a protecção desta fazenda como o torrão pátrio que as heróicas forças armadas têm defendido no ultramar, dando ao Mundo exemplo dignificante de que só agora se começa a aperceber o valor da sua larga projecção mundial.
Disse ainda, lapidarmente, o Sr. Presidente do Conselho, ao traçar, com aquele sentido de antevisão que lhe dão imparidade como gestor dos negócios do Mundo, o rumo da Nação Portuguesa, neste momento crucial que a humanidade atravessa

Aumentam, extraordinariamente, com o trabalho e os recursos da técnica, os produtos para as necessidades do homem, talvez pudéssemos dizer que para todos bastariam, em nível modesto da vida. Pois a pobreza parece apertar cada vez mais aflitivamente os homens e há miséria por toda a parte, mesmo entre os países mais desenvolvidos e ricos. E assim parece que ou nos extraviamos no supérfluo em detrimento do necessário ou o nosso coração se perde nos seus anseios de generosidade e não descobre a fórmula de distribuição de bens que acabe com os pobres na Terra - se é possível acabarem na Terra os pobres.

E mais adiante, mostrando os perigos em que a humanidade está incorrendo pelo predomínio da economia e da técnica sobre a suprema arte de governar os interesses dos povos, afirmou esta verdade, que muitos responsáveis pela direcção suprema das grandes nações parecem ainda olvidar

que a economia tende a dirigir a política, mas a técnica, essa, quer substituí-la. Ora, sendo a política indispensável ao governo dos povos, o facto ao pode verificar-se se a técnica for em si mesma uma política Pergunto se é.
O avanço das ciências aplicadas aos processos de trabalho abriu à produção e ao funcionamento dos serviços larguíssimas perspectivas. Isso é bem, pelas facilidades que cria e a maior produtividade que dá ao trabalho, e representa um benefício inestimável, dados os aumentos da população e a crescente complexidade da vida. É duvidoso que possa ir além disto, é sobretudo pernicioso que se tenda a converter o homem em engrenagem da própria técnica, que é para onde se caminha Até aqui a política definia o que devia fazer-se, a técnica ensinava como se devia fazer Mas se à técnica, conduzida pela ambição do desenvolvimento económico, mediante o aumento da produção, cabe pronunciar-se sobre a ordem das realizações e sobre a orientação da vida social, é ela também competente para traçai uma política, e nós sabemos bem que ideologia em tais termos a inspira.
Tem de salvar-se o homem da tentação do abismo. Ele continuará a apresentar-se-nos como ser moral por excelência, embora com necessidades materiais, o que significa haver outro mundo, dever haver outro mundo para além daquele que a técnica e a economia podem criar.

este mundo a que se refere Salazar, que homens mal avisados parecem ter esquecido, não se pode realizar na geometria das soluções artificiais que desconhecem o primado daquele amor que o desoravador da leiva vota à terra-mãe Por isso o Ministro Correia de Oliveira disse, e muito bem, e as suas palavras calaram fundo na alma de todos nós, lavradores.

somos, por princípio, nem contra a pequena propriedade, nem contra a grande propriedade Somos, antes, a favor de toda e qualquer exploração agrícola que, pela organização adoptada, pela técnica seguida e pelo capital investido, se afirme progressiva Será para esse tipo de exploração economicamente rentável que deveremos encaminhar cautelosa, mas firmemente, a nossa agricultura. Não iremos, por isso, fixai preços para que o agricultor possa continuar a produzir mal ou a produzir o que não deve Procuraremos, antes, sustentar e garantir os preços dos produtos estratégicos, de modo que o empresário seja solicitado a dirigir-se no sentido desejado e a organizar em conformidade a sua exploração Tornar possível à agricultura que forneça no mais curto pi azo a sua maior contribuição para o produto nacional é, de momento, a nossa primeira preocupação.
Só assim ela poderá sair da depressão em que se encontra e ganhar ânimo para continuar, e mais depressa, o processo de reorganização que lhe permitirá ocupar o lugar a que tem direito entre as grandes fontes de prosperidade da Nação.

São estas palavras de avisado governante que vieram reconduzir ao seu verdadeiro rumo o duro caminhar daqueles a quem compete defender, em laboriosa luta, a fazenda em que, por graça de Deus, se apoiam, desde sempre, os grandes anseios da Nação.
Por atalhos vários, todos eles conduzindo a errados caminhos, têm seguido, pelo contrário, legiões de homens, tornados, por miragens de economistas e de tecnocratas materialistas, em manadas de funcionários da terra, desinteressados, porém, pelos seus superiores destinos. Foi esquecida de facto, em tão artificiosas programações, a alma da terra-mãe, que só o espírito humano é capaz de fazer desintegrar em toda a sua infinita riqueza. E assim, neste dobrar de capítulo da história do contemporâneo, enquanto centenas de milhões, nas índias, na China, e nas Rússias e em tantas outras terras deste desvairado Mundo, onde se deixaram de ouvir as vozes do eterno, lutam, ingloriamente, sem norte, pelo mitigar da mais negra fome, paredes meias, muitos outros milhões desperdiçam o sumo da terra E, como único recurso para vencer tão grave crise, pregam os responsáveis das mais diversas ideologias a necessidade da guerra, da fome e da esterilidade para restabelecer o equilíbrio e a harmonia, que os desatinos de poucos levaram ao infinito de inúmeros