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1042 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 58

bilidade de valorização profissional e de ascensão na escala hierárquica, segurança na doença, etc.
Quanto à remuneração do trabalho, há que reconhece que estamos longe de soluções que satisfaçam a um mínimo considerado dignificante em certos escalões dos servidores do Estado.
E o ambiente familiar evidentemente que se ressentirá desta penosa realidade - a necessidade de aumentar os ganhos é, para muitos casos, forte motivo de os cônjuges saírem de casa em procura de maiores proventos.
Verifica-se, pois, carência de medidas que protejam a família, que ajudem à educação e formação dos filhos. Assim como muitos, pais não estão à altura das suas responsabilidades como educadores, infelizmente a muitos professores não lhes foi exigida preparação humana e profissional para cumprimento integral do seu dever.
Uma palavra de justiça se impõe, neste momento, e que é de admiração e respeito por muitos professores, que, superando problemas próprios de família, sujeitos a constante mobilidade no exercício da sua profissão, encontrando dificuldades em actualizar os seus conhecimentos, auferindo remuneração considerada insuficiente, inclusive para os que não pertençam ato quadro, que lhes subtraem os honorários relativos às férias, etc., apesar de tudo, não deixam de cumprir o seu dever, com verdadeiro espírito de missão.
Na sequência da educação familiar, o papel do professor na formação da juventude não deve ser minimizado. Este, para além da obrigação de instruir, tem o dever de educar.
Com desalentadora frequência, alguns professores, esquecendo a responsabilidade do verdadeiro mandato que lhes é confiado, fazem obra negativa, cujos resultados só tarde e a más horas é que se vêm a conhecer.
Desde a formação do carácter à formação cívica, moral e política, à nossa juventude raros são os que se esforçam para que cia seja fortalecida e melhor seja apetrechada para a vida.
Há a ideia formada que parte dos programas e textos ou então desactualizados ou já não satisfazem, por incompletos ou por se encontrarem fora das realidades.
Chega-se, pois, à conclusão de que para a maioria dos casos a escola não faz nascer no coração dos jovens um sentimento de ideal de vida, não ambienta os jovens no sentido das principais coordenadas da lusitanidade, o que é mais grave.
Sr. Presidente e Srs Deputados Apesar do muito que se fez nestes últimos 40 anos, não soubemos preparar as nossas infra-estruturas para receber as novas e cada vez mais numerosas camadas de jovens -rapazes e raparigas - que todos os anos acorrem às nossas escolas.
A juventude dos meios rurais chega ao liceu ou às escolas técnicas sem preparação educativa que a defenda das solicitações de que vai ser rodeada, em ambiente completamente diferente daquele em que vivia. Desconhece o valor sobrenatural das potencialidades que tem dentro de si, desconhece, enfim, que tem uma alma para purificar e santificar.
E se pensai mós que a maioria dos rapazes e raparigas, particularmente ao sul do Tejo, não estão preparados para mudança tão brusca, especialmente porque lhes falta formação religiosa ou vem tão diluída que se perde rapidamente, maiores motivos temos para estarmos apreensivos quanto ao futuro.
Residências para estudantes - não existem ou são em número mais que insuficiente.
É uma realidade de nossos dias o esforço enorme que as famílias do meio rural fazem, para instruir tanto os rapazes como as raparigas. Há uma ânsia enorme em recuperar anos de abandono, apesar das sérias dificuldades que essas famílias encontram para ajudar os filhos a preparar o seu futuro.
Por outro lado, os contrastes e situações deveras embaraçosos que amiúde se devem dar, visto que existe um desnível enorme entre os pais que não têm cultura, nem fizeram os estudos que os novos têm possibilidades de fazer e, por isso, não estão à altura dos problemas dos filhos e das suas crises.
A ignorância e inconsciência de certos pais chega ao ponto de instalar os seus filhos em ambientes impróprios, onde tomam contacto com linguagem e atitudes que vêm a pesar intensivamente e, quem sabe se criminosamente, na sua formação ou melhor, na sua deformação.
E para as raparigas, quantos perigos morais as espreitam e acabam por vitimar? Que o digam certos consultórios médicos.
Com o fim de não me afastar demasiado do esquema estruturado pelo ilustre avisante, embora com o risco de repetir lugares-comuns, referir-me-ei separadamente a movimentos para a juventude e movimentos de juventude.
Quanto ao primeiro caso, limitarei as minhas considerações ao mínimo, porquanto outros colegas já o fizeram com ma s brilho e soma de conhecimentos, todavia subsistem fortes receios que a título pessoal julgo poder interpretar
A Mocidade Portuguesa tem no seu activo obra eminentemente nacional, na medida em que foi servida por dedicações sem conta, generosidade e sacrifício de uma plêiade de jovens que nada pediam e tudo deram, em contraste, como refere o ilustre avisante, «com a fraqueza confrangedora da obrigatoriedade remunerada».
Expurgada de complicada burocracia imposta de cima para baixo, reduzidos para nível distrital certos aspectos da descentralização no que se refere a apreciação e decisão de problemas de rotina, refeitos os quadros com a não utilização de «mercenários», muitos dos quais surgiram em postos de comando não se sabe como, etc., reintegrada a Mocidade nos rumos que a conduzam à sua formação integral, deve merecer de todos nós a compreensão, o interesse e o estímulo que lhe são devidos.
O papel que na educação da juventude ela pode vir a desempenhar será da maior importância para o futuro da casa lusitana Aliás, nas disposições por que se rege a Organização Nacional da Mocidade Portuguesa pode ler-se que a formação da juventude se processará «à luz dos imperecíveis princípios e valores da civilização cristã, que sempre têm presidido e continuarão a presidir aos destinos de Portugal».
Chegaram, porém, até mim vozes que traduzem inquietação, se à Mocidade Portuguesa irá esta Câmara consignar o direito de monopólio na formação e educação da juventude.
Temos de reconhecer que se avolumaram sob diversos aspectos lacunas resultantes de imperfeições e insuficiências de ordem vária, incompreensões, atritos, faltas, etc., que se podiam ter evitado, nuns casos utilizando, pelo menos, o bom senso e noutros casos actuando como era mister actuar, a fim de não dar origem a equívocos comprometedores, em regra habilmente explorados pelos inimigos de Deus e da Pátria.
No substrato da nossa juventude existem virtualidades extraordinárias que não devíamos deixar perder, antes cultivá-las através de uma acção educativa onde a Família, a Igreja e o Estado podem actuar em função dos direitos que lhes assistem e num sentido de complementaridade em completo respeito pela esfera de acção de cada uma