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1040 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 58

saber e sabe para mais valer, 8.º O bom monitor servirá constantemente de exemplo a toda a gente, 9.º O bom monitor nunca mente, diz a verdade somente, 10.º O bom monitor tem por ideal servir a Deus, servindo Portugal Este decálogo deve estar sempre tanto na memória como no pensamento e no coração de cada monitor, em todos os momentos da sua vida.

Findei a transcrição Mas não comento Apenas lamento que tenha podido acontecer.
O regulamento do ensino primário elementar em vigor, respeitando, e muito bem, a hierarquia tradicional dos grandes valores que informam a educação portuguesa.
- Deus, Pátria e Família -, diz expressamente no seu artigo 290º, alínea c), o seguinte «aos professores do ensino primário oficial em serviço cumpre c) Incutir-lhes (aos alunos) profundo amor a Deus, à Pátria e à Família».
Além das características essenciais de educação cristã e profundamente portuguesa, a obra educativa não pode menosprezar e ignorar o património cultural e as características próprias de cada província ultramarina, sob pena de fracassar, em grande parte, o esforço despendido ao longo dos anos.
O respeito pelos valores locais sugere-nos uma questão afim a dos livros adoptados ou a adoptar no ultramar. Seria conveniente que se nomeasse uma comissão em cada província para se adaptarem os livros destinados às suas escolas às características locais. Obviar-se-ia deste modo aos inconvenientes já apontados em relatórios e estudos efectuados [...] loco. Um dos inconvenientes reside numa espécie de monopólio de autores e editores, com a agravante de estes serem simultaneamente professores e promotores de venda dos seus livros! A experiência feita em Timor, há dois anos, com imposição de livros de Angola, com todos os seus regionalismos vocabulares, não ofereceu solução adequada.
A par da adaptação dos livros, seria muito útil a elaboração de vocabulários de base, para uso das classes mais elementares, e ainda para os adultos e as mães de família, que poderiam ensinar a seus filhos, na idade pré-escolar.
E aqui depara-se-me um tema de algum significado para o esforço educativo no ultramar a formação da mulher nativa.
O grande apóstolo do Oriente, Francisco Xavier, na propagação do Evangelho e na fixação de famílias cristãs nas terras que missionava, atribuía grande eficácia à colaboração das mulheres nativas casadas com portugueses, às quais ele próprio instruía duas vezes por semana, determinando que os seus coadjutores adoptassem nas suas missões idêntica forma de acção.
Nas ilhas Filipinas, a educação da juventude feminina goza de tratamento preferencial sobre a masculina, por se lhe atribuir maior eficácia na promoção e estabilidade moral e religiosa em que intervém.
Na grande maioria das comunidades autóctones do nosso ultramar, a estrutura social assenta no conceito e aceitação de uma grande preponderância da linha matrinal. E a noção e o facto da maternidade absorvem de tal modo as responsabilidades da educação dos filhos que um dos maiores insultos entre os nativos- de Timor é dizer-se a alguém «Tua mãe não te ensinou» Esta situação de privilégio a favor da mulher pode bem ser aproveitada para canalizar a grande influência que ela exerce em prol da educação. Quanto bem podem estas ignoradas mulheres operar junto das crianças!
Com que ternura recordo, Srs Deputados, como foi que aprendi, aos 4 anos, a falar a Deus e a benzer-me e a balbuciar as primeiras preces à Mãe de Deus! Foi com uma pobre mulher timor que de cultura não teria mais do que uma longínqua 2.ª a classe da instrução primária. E ensinou-me tudo em português. E não era minha mãe!
Sr. Presidente, Srs Deputados. Nos meios ainda pouco evoluídos do ultramar, a melhor escola de formação, não só da rapariga ultramarina, mas ainda de toda a juventude de além-mar, é o internato, sobretudo o grande internato. É onde se molda o melhor carácter do rapaz ou rapariga, mediante uma assistência mais directa e mais assídua dos educadores, com quem convive, além de uma quotidiana e benéfica influência dos camaradas mais antigos. É também ali que com mais facilidade se criam hábitos de trabalho, de higiene e de disciplina, ao mesmo tempo que se ganha mais estabilidade moral e cristã.
Os internatos substituem, assim, e em muitos casos com grande vantagem, a família dos educandos, nos meios arcaicos. Mas, pelo mesmo facto de os internatos funcionarem ou deverem funcionar em termos de uma segunda família do educando, e, como tais, o deverem preparar para a rida, para a mesma vida que lhe há-de decorrer no seu meio próprio, e dentro dos laços naturais que o prendem à família à povoação, ao posto ou concelho de origem, por isso mesmo não podem deixar de se condicionar ao principio de que, como diz Castilho Soares, «a escola tem de encaminhar a ascensão do aluno em termos tais que este se não sinta arrancado e estranho ao seu ambiente social, nem o seu povo o sinta e tenha por estranho e desambientado» Isto necessita, como corolário, a que se promova simultaneamente, no povoado de origem do educando, elevação social, uma educação de base, que se tome esse povoado menos inadequado a receber no seu seio o novo valor humano, saído do internato.
Quer dizer enquanto o internato forma para a vida o rapaz ou a rapariga, deveria, por outro lado, operar-se simultaneamente, e em sentido análogo, no povoado de origem daqueles, uma inteligente, generosa, constante e bem programada campanha de educação de base. De outra forma, a escola só serviria para formar uma «minoria privilegiada», espécie de pequenos senhores feudais, ou pequenos sobas, facilmente solicitados pela vagabundagem, exploradores do fraco e do iletrado, predisposto à insurreição, aptos a serem doutrinados e manobrados, em direcção subversiva, pelo primeiro que chegar, e sempre contra os sagrados direitos da Pátria e a obra da Igreja. É neste sentido que blasonam os comunistas, quando dizem «As missões fazem um trabalho admirável, preparando-nos o terreno entre os nativos Elas ensinam-lhes a ler e escrever. Nós ensinamo-lhes a pensar».
Não, meus senhores. Não queremos preparar o caminho aos inimigos da Fé e da Pátria, limitando-nos a dar à nossa juventude do ultramar o pábulo de uma boa formação literária, artística, científica e técnica. Não O que conscientemente pretendemos é ensinar essa generosa juventude a pensar, a querer, a amar aquilo que os nossos maiores sempre pensaram, quiseram e amaram Deus, Pátria e Família.
Disse

Vozes: -Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado

O Sr Cortes Simões: - Para V. Ex.ª, Sr Presidente, os meus respeitosos cumprimentos.