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1134 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 62

contributo para o prestígio nacional no campo do desporto, o que não representará a honra de envergar a farda das nossas gloriosas forças armadas e, muito longe, sem o tratamento nem as comodidades dos bons hotéis de Liverpool ou de Londres, «jogar» a todo o momento a sua sorte, a sua vida e, muitas vezes, se ela é preservada ficar para todo o sempre sem possibilidades de a viver como os demais?
Emboscadas, minas, balas traiçoeiras e golpes covardes de catana quantas, vidas ceifam, quantos jovens inutilizam para aquilo que seria, ou mesmo era, a sua profissão, tal como o futebol era para o Vicente Lucas!
Sr. Presidente: Não percamos o sentido das proporções nem das realidades, não exageremos, embora procurando ser humanos e justos. Sem esquecer os outros, comecemos por aqueles que mais merecem e mais precisam.
A Pátria carece do todos os seus filhos! A guerra tudo exige da nossa juventude A Nação não discute, aceita e agradece o seu generoso sacrifício, mas o que pensarão esses heróicos mutilados, jovens e abnegados, assistindo a grandes movimentos de solidariedade, sentida, é certo, mas que não começam, repito, por onde deviam começar?
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sou um homem de desporto, mas a vida lançou-me na política - o que, aliás, não procurei, sem esquecer aquela condição, não posso enjeitar esta qualidade, e, por isso, deste lugar na Assembleia Nacional, lanço um veemente apelo à imprensa de todo o País - sempre pronta, tão generosa e desinteressadamente, a lutar pelo bem comum - e a quantos colaboraram na ideia de socorrer um jogador de futebol - célebre, prestigioso e infortunado - para que continuem, com a sua indesmentível humanidade, a lutar em benefício de outros jovens, que, talvez por serem ignorados, mais infortunados são, e que, pela sua coragem e heroísmo, garantem a todos nós o ambiente propício a movimentos desta natureza e, o que é mais, à continuação da própria Pátria!
O desporto é escola de virtudes. Graças a Deus, mais uma vez se demonstrou, pois foi através do desporto que Vicente Lucas, o futebolista infeliz, viu o seu futuro assegurado.
Assim, que tudo se faça para que, com carácter nacional, todos possam contribuir, através do desporto, para minorar o sofrimento de muitos jovens que, com muito mais razões, são credores da nossa profunda gratidão.

O Sr. Augusto Simões: - Muito bem!

O Orador: - O seu valor assim o justifica ou, pelo menos, impõe que seja recordado.
Rendo às forças armadas, mas sobretudo àquelas que se batem no ultramar com os olhos postos no altar da Pátria, a mais sentida, a mais vibrante, a mais sincera e justa homenagem

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Estamos em guerra, a vida não pára, é certo, mas também não param nem os sacrifícios nem os exemplos de heroísmo daqueles que além-mar garantem as nossas fronteiras e, talvez mesmo, a nossa própria sobrevivência como nação Livre.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Prestemo-lhes, em tudo, a justiça que merecem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Horácio Silva: - Sr. Presidente: Não posso deixar de assinalar desta tribuna da representação nacional o acontecimento de há um mês ocorrido na madrugada do Natal último num torrão do nosso território o traiçoeiro ataque terrorista lançado do Congo ex-belga contra a nossa fronteiriça Vila Teixeira de Sousa. Ataque bravamente, vitoriosamente, repelido pelo pequeno núcleo das nossas tropas ali aquarteladas, com o auxílio e o apoio da Polícia de Segurança Pública, da Polícia Internacional, da Organização da Defesa Civil e da serena coragem, acção decidida e notável firmeza de toda a população, firmeza e coragem de que fizeram prova as próprias mulheres.
Militares e civis foram bem dignos da sua e nossa pátria. Deram um nobre exemplo de patriotismo, de acendrado patriotismo, e deram-no com a simplicidade, a heróica simplicidade daqueles para quem a defesa da Pátria, mesmo quando exija a dádiva da própria vida, não depende de condicionalismos geográficos ou numéricos. Para os de Teixeira de Sousa - portugueses de lei - Portugal é aí, onde flutuava, e flutua, a bandeira nacional e a sua defesa devia fazer-se, e fez-se, em termos que constituem motivo de orgulho para todos os Portugueses. Até mesmo quando em determinado momento mais dramático da cruenta refrega um alferes pediu quatro voluntários para salvarem uma mulher em perigo, foram mais de trinta os que se ofereceram e com o merecido êxito levaram a cabo tão honrosa missão.
Aqueles trágicos 90 minutos que se viveram em Vila Teixeira de Sousa, invadida e atacada ferozmente por muitas centenas de bandoleiros drogados e ululantes na silente madrugada do último Natal, foram um instante bem alto da própria Nação. O resultado da sangrenta contenda foi uma vitória relampejante e esmagadora das nossas armas e uma dura lição infligida aos terroristas - a única que são capazes de compreender verdadeiramente. Mas seria de consequências psicológicas incalculáveis, desastrosas decerto, se assim não fosse, e é por este facto que se pode e deve medir o alto serviço prestado à Nação pelo reduzido núcleo de portugueses de Vila Teixeira de Sousa, militares e civis.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Bem o sentiu aquela nossa província quando pediu a elevação a cidade da nobre vila da fronteira leste e quando sugeriu para a sua bandeira a Torre e Espada. E de qualquer modo sei que interpreto os portugueses de Angola inteira ao erguer na Assembleia Nacional a minha voz para prestar as homenagens devidas às forças armadas, às restantes corporações paramilitares e aos civis daquela vila longínqua - aos bravos de Vila Teixeira de Sousa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Melo Giraldes: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ao dar posse, no dia 21 passado, a dirigentes da organização da previdência, S. Exa. o Ministro das Cor- porações proferiu, entre outras, as seguintes palavras:

Considerando-se, praticamente, coberta pela previdência toda a população activa dos sectores que lhe estão confiados (comércio, indústria e serviços), chegou a altura de ponderar a possibilidade de alargamento