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1356 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 76

e persistente do Grémio dos Bordados no sentido de permanente actualização dos seus padrões e de cuidadosa manutenção dos mercados.
Eis agora o segundo exemplo.
O abastecimento de carne à população passou por horas difíceis nos últimos anos. Apesar das importações feitas, o consumo subiu de 699 000 kg em 1950, para l 209 000 kg, em 1966, só no concelho do Funchal, e sabe-se que aumentou muito nos restantes. Para debelar a falta de carne, o Fundo do Abastecimento do Ministério da Economia, através de uma louvável medida, beneficiou o produtor por cada rês abatida num valor que em 1966 deve ter-se aproximado do total de 8000 contos entrados na Madeira. Por outro lado, o preço da carne subiu progressivamente, e talvez de mais. O mercado não apresenta há tempos dificuldade no abastecimento.
Vejamos agora o que se passa no sector dos lacticínios, onde a Junta de Lacticínios, a Intendência de Pecuária p o Grémio da Lavoura representam valiosos elementos colaborantes, à frente dos quais se encontram pessoas de reais méritos. Tem a indústria de lacticínios passado por numerosas vicissitudes, no ajustamento de interesses e direitos das cooperativas agrícolas e dos industriais propriamente ditos, e o preço do leite, que não foi subsidiado pelo Fundo de Abastecimento, não variou de 1937 para cá.
Perante esta desactualizarão do preço do leite, que deveria já ter sido compensado, paralelamente à carne, pelo Fundo de Abastecimento, e o estímulo justamente dado à produção de carne, perante a emigração dos homens da zona rural e certa indisciplina no abate de carne, verificou-se uma quebra vertical e perigosa na produção do leite, que se pode resumir nestes números de 1962 para cá deu-se uma queda de 12 milhões de litros na produção anual e de 1965 para 1966 uma baixa de cerca de 1 500 000 l, a que correspondeu, por outro lado, aumento no consumo de manteiga.
Produção do manteiga e queijo na ilha.

[ver tabela na imagem]

Consumo de manteiga.

[ver tabela na imagem]

Esta diferença entre a produção, que diminui, e o consumo local, que cresce foi coberta pelo desaparecimento da exportação de manteiga para o continente, no começo de 1966, e para o ultramar, em Julho do mesmo ano e ainda pela importação de 6000 kg da França para assegurar o consumo no Natal de 1966.
Impressionante a comparação entre o planeamento hidroeléctrico e o caso dos lacticínios da Madeira, ex-centro de exportação de manteiga, mas que, em face do crescente aumento do consumo local e das perspectivas do turismo, tem de preparar-se para o seu auto-abastecimento, talvez exclusivamente nas condições técnico-higiénicas convenientes.
Outras perspectivas teriam surgido num planeamento pecuário integral a nível conveniente que envolvesse os lacticínios o consumo da carne, a selecção de raças por reprodutores e inseminação artificial, o fornecimento de alimentação racional a preços convenientes, a assistência ao agricultor, etc., tanto mais que nestes últimos capítulos a Junta Geral tem despendido um esforço muito apreciável, e com óptimos resultados, forçosamente limitado pelas suas possibilidades técnicas e financeiras.
Sei bem que o Estado neste momento tem de disciplinar os seus investimentos de carácter regional em face de compromissos volumosos no plano nacional e que o interesse nacional legitimamente impõe. Mas tudo se ganha em planificar e coordenar o que vai fazer-se, até porque é mais fácil reunir e disciplinar verbas das várias fontes donde possam provar.
E retomo o fio da minha intervenção após este pormenorizado mas elucidativo parêntesis para referir-me a alguns aspectos actuais dos dois grandes capítulos em que situei o desenvolvimento regional da Madeira e a sua problemática. Em relação ao turismo há um esboço de planificação - trabalho prévio e valioso do arquitecto Teixeira (...). Nele começam a enquadrar-se já algumas iniciativas. O turismo propriamente dito na Madeira está longe de progredir ao ritmo mínimo que todos esperávamos, após a construção do porto marítimo e do aeroporto. São reduzidos os investimentos que vem de fora pouco salientes os subsídios do Secretariado do Turismo cuja boa vontade não pode suprir as suas insuficientes dotações orçamentais lenta a fase preparatória de alguns hotéis que se projectam a beira-mar. Os pequenos hotéis que têm surgido no interior da cidade e as residências que apressadamente se adaptaram, numa iniciativa meritória a que já aqui prestei homenagem, só poderão conhecer regular prosperidade quando houver turistas que inundem a ilha e sobrem dos, glandes hotéis à beira-mar e quando foi possível uma grande propaganda apoiável em mais alguns milhares de camas do que aquelas que hoje existem.
A Madeira não tem praticamente praias de areia fina. Ao longo do litoral da zona sul onde se concentra o turismo, o mar é tão calmo e de tão suave temperatura em pleno Inverno que é ele próprio uma grande piscina, mas tem de construir-se cada vez mais piscinas de apoio, que (...) o mar para os hotéis que próximo dele se não situem. A grande praia da Madeira é a vizinha ilha de Porto Santo, a dez minutos de avião e complemento indispensável do seu turismo. Defendi, por isso, em tempos, a ideia de que os hotéis da Madeira deviam agrupar-se para ter um hotel satélite na ilha dourada, Esta - a de Porto Santo - verá frustradas em parte suas esperanças de desenvolvimento se não for enquadrada no planeamento regional do arquipélago tornando-se ainda mais economicamente acessível o seu tráfego aéreo, agora que o seu aeroporto se tomou mais secundário ainda pela ida de aviões a jacto à Madeira. Impõe-se a construção do seu porto de abrigo, futuro centro do pesca, o onde seria - na ideia do actual governador do distrito - de criar-se uma zona alfandegária franca.
O clássico binómio turístico da Madeira transporte-hotéis acha-se neste momento deslocado, com premência, na direcção destes últimos, num sentido vasto que inclui,