9 DE MARÇO DE 1967 1397
Portugal, que, pela sua situação geográfica é senhor de posições estratégicas da maior valia para a defesa ocidental que a Aliança tem em vista, fez-se representar nessa reunião pelo Ministro Dr. Fortunato de Almeida, que tem sido, desde então até hoje, incansável propulsor dos objectivos ali definidos. Desses objectivos, o mais saliente foi o da criação em cada país da NATO de comissões de carácter privado que informassem o grande público sobre os princípios e actividades do organismo e ainda fossem, ao mesmo tempo, um veiculo para fazer conhecer melhor em cada país os seus aliados na Organização Atlântica.
Entendeu-se ainda que, no caso de essas comissões nacionais virem a Ter o sucesso esperado, se pensasse, mais tarde na criação de uma associação coordenada que agrupasse todas as comissões nacionais e fosse o seu porta-voz no campo internacional.
Em que todos os países se organizaram essas conussões nacionais, e logo se verificou que as mesmas correspondiam. Logamente ao que delas se esperava, pelo que em 1956 pôde entrar em pleno funcionamento a associação internacional que se havia previsto, sob o nome de Associação internacional que se havia previsto, sob o nome de Associação do Tratado do Atlântico.
A comissão portuguesa, por motivos vários e apesar do patrocínio e incentivo que o então nosso embaixador em Londres, Dr. Teotónio Pereira, desde o princípio deu à ideia da sua fundação, só em 1960 pôde ser definitivamente constituída e entrar em acção. Foram várias as dificuldades a vencer, que não vale a pena registar aqui.
Desde logo ficou esclarecido que ela, como as suas congéneres, era um organismo puramente privado e que não receberia qualquer auxilio do Governo limitando-se este a pagar as deslocações ao estrangeiro de um representante da comissão às reuniões do conselho e da assembleia geral anual da Associação do Tratado do Atlântico, na qual a comissão portuguesa imediatamente se filiou.
A comissão vive, pois de subsídios de um número apreciável de empresas particulares que, louvàvelmente tem em apreço a sua acção e as suas actividades fora, de início, de duas ordens diferentes por um lado, procurou-se possibilitar um melhor conhecimento da NATO em Portugal, o que se conseguiu em boa parte, e, por outro lado, iniciou-se desde logo uma campanha de defesa dos nossos interesses no estrangeiro, informando convenientemente sobre uma realidade que muitas vezes é criticada mas por desconhecimento que por posição de princípios e objectivos.
Sr. Presidentes: São bem conhecidas as razões que fizeram que a Aliança Atlântica deixa-se, a porta de certa altura, de ser popular no nosso país. Todos esperávamos que quer no caso de Goa, quer no caso das nossas províncias africanas, os nossos aliados nos tivessem dado um mais decidido apoio.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Isso, é evidente, dificultou a acção da comissão portuguesa mas não podemos esquecer, apesar de tudo o valor real que a Aliança tem para a defesa do mundo livre. Assim o tem entendido o Governo Português como ainda recentemente o acaba de demonstrar com a permissão de novas instalações da NATO em Portugal. O nosso país e fiel aos seus compromissos internacionais e não deixa de estar presente em tudo que se lhe afigure útil à defesa do mundo ocidental.
Sr. Presidente: A acção da comissão portuguesa do Atlântico tem-se desenvolvido de uma maneira notável no sentido de esclarecer devidamente os nossos parceiros da Aliança quanto aos nossos objectivos políticos.
Foi em sequência dessa política que se organizou em Lisboa uma reunião do Conselho do Tratado do Atlântico que trouxe ao país personalidades estrangeiras da maior proeminência, que assim puderam tomar contacto com o nosso povo e apreciar a calma e o progresso do nosso país. Visitaram fábricas e barragens e foram informadas sobre o nosso plano de desenvolvimento hidroeléctrico, puderam discutir os problemas ultramarinos com o então Ministro do Ultramar, Prof. Dr. Adriano Moreira, e os problemas da política externa com o Ministro Franco Nogueira, etc. Além disso com o apoio dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e do Ultramar, começaram a organizar visitas às nossas províncias ultramarinas de personalidades ligadas ao movimento atlântico de todas as visitas já realizadas é de destacar a de um grupo de cerca de vinte membros da comissão alemã do Atlântico. As declarações feitas por estes no regresso ao seu país causaram a maior sensação e foram da maior vantagem para os interesses portugueses pois provocaram uma alteração sensível na opinião pública alemã. Isto além das conferências e artigos de imprensa por outros membros do grupo, como tem sucedido com as outras personalidades que têm visitado o ultramar português.
A comissão portuguesa do Atlântico começou também a assegurar a representação portuguesa em todas as reuniões internacionais atlânticas, durante as quais sempre se tem preocupado a prestar esclarecimentos sobre Portugal e a sua política, convidando, além disso, para nos visitarem, personalidades ou grupos de personalidades que se verifica ser útil trazer ao nosso país. Tem sido um dos campos de resultados mais sensíveis e aponte-se como exemplo típico o que sucedeu na Organização dos Jovens Dirigentes Políticos Fonte de acerbas críticas ao País até 1962, a Organização deixou por completo de atacar o País e temos nela hoje uma posição simpática. Foi através dela, por exemplo, que se conseguiu convidar um grupo de dirigentes políticos dos dois maiores partidos dos Estados Unidos a visitar Portugal em 1965, grupo que saiu de Portugal muito bem impressionado e que pôde estabelecer com o Ministro dos Negócios Estrangeiros um diálogo muito útil sobre política externa portuguesa. Outras visitas a Portugal tem sido possível organizar, entre as quais se destaca a de um grupo importante de individualidades americanas, em 1964, e outra de individualidades francesas, em 1966.
Por outro lado a acção externa da comissão é prosseguida através do seu boletim trimestral, em francês e inglês, no qual se procura publicar os documentos mais importantes da nossa política externa.
Outro aspecto importante da acção externa da comissão é o da organização de visitas de grupos portugueses ao estrangeiro. Se é muito útil habilitar os nacionais a ficarem com um melhor conhecimento da NATO, da OCDE, do problema de Berlim, etc., não o é menos permitir que pessoas influentes nos meios internacionais, em Paris e Berlim tenham a possibilidade de conhecer e conversar com os portugueses de forma a poderem Ter do País e do seu povo uma ideia mais verdadeira que aquela que normalmente lhes é dada por parte da imprensa internacional. Visitas dessas foram já organizadas para jornalistas, professores, membros da comissão, personalidades de destaque de todas as províncias continentais e das ilhas adjacentes, estudantes universitários (viagem organizada anualmente), etc. Eu próprio - e tive a honra de ser acompanhado por alguns colegas desta Câmara - tomei parte numa dess[...]gens, e pude assim ver a utilidade que elas representam para o restabelecimento da verdade portguesa