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8 DE NOVEMBRO DE 1967 1665

para "jactos" e não tem ainda edifício adequado, e a segunda em Lourenço Marques, onde as pistas são ainda pequenas e o edifício muito acolhedor. Mas pouco importa agora o porquê deste "desencontro", das pistas e dos edifícios, uma vez que tudo se está processando, assim o penso, para que dentro em breve ambos os aeroportos estejam dotados do que é indispensável ao interesse comercial dos mesmos e à dignidade que as suas funções lhes impõem .
Foi naturalmente em Lourenço Marques que tivemos os primeiros e utilíssimos contactos, em reuniões de trabalho, com os principais responsáveis dos vários sectores da Administração e, bem assim, com os altos comandos militares.
Foi-nos assim possível, ainda que condicionados às circunstâncias de um horário que forçosamente teria de ser apertado, obter uma preparação base para a viagem que íamos iniciar na província de Moçambique.
Nessa lindíssima cidade de Lourenço Marques, delineada com admirável visão do que viria a ser no futuro a necessidade de coexistência pacífica do peão e do automobilista, duas visitas fizemos que entendo merecerem realce sobre outras: caminhos de ferro o portos e estudos gerais.
A primeira pôs-nos em contacto com um notável complexo de actividades, de orientação muito segura e que revela ao longo dos anos, e não obstante as contingências de um mundo em convulsões permanentes, não apenas um constante aperfeiçoamento nos métodos de trabalho, com consequente melhoria de rentabilidade, mas também, o que não é menos importante, uma sempre presente consciência das nossas obrigações e responsabilidades como país do litoral, para com os territórios africanos sem directo acesso ao mar, aliada a uma demonstração clara da política de boa vizinhança que seguimos sem desfalecimento, mesmo com aqueles que persistem em ser maus vizinhos, por vontade própria ou alheia.
A segunda visita revelou-nos um exemplo elucidativo do nosso poder criador. Conhecemos e percorremos uma Universidade onde o ensino e a investigação merecem idênticos cuidados. E, porque é obra de escassíssimos anos, não podemos deixar de sentir forte orgulho e a maior gratidão pelos que souberam erguer com evidente dedicação esta obra notável, que tão relevante papel tem a desempenhar no desenvolvimento de Moçambique.
E ainda de notar que, quer nos caminhos de ferro e portos de Lourenço Marques, quer nos Estudos Gerais de Moçambique, encontrámos nos seus responsáveis e orientadores uma saudável insatisfação.
Nem se pode em obras desta natureza estar satisfeito com o que se fez, pois a satisfação gera a estagnação e a seu tempo o retrocesso.
Esse clima de insatisfação, pelo desejo de ir sempre melhor e mais além, veio acrescentar à nossa admiração a nossa confiança.
E, confortados com estes e outros exemplos da nossa capacidade de realização, partimos para a viagem, curta no tempo, mas longa na distância.
A visita à província de Moçambique começou e terminou como se impunha na hora presente: tomada de consciência sobre a continuada empresa de defesa da integridade daquela parcela do território nacional.
Com efeito, ao sairmos de Lourenço Marques, as nossas primeiras paragens foram em Marracuene e Magul e as últimas na região norte do distrito de Cabo Delgado, onde se desenrola actualmente a luta contra o terrorismo.
Junto à memória de Magul, marco tão pequeno para a hora tão grande que ali se viveu há algumas dezenas de anos, tentei silenciosamente e recolhidamente imaginar como foi possível naquela interminável planície, que um "quadrado" português de pouco mais de 250 homens sustivesse o ataque de cerca de 6000 guerreiros nativos e ao fim de três horas de luta, duríssima, dela saísse vitorioso.
Talvez tenha estado bem perto, se não no próprio local, onde o chefe negro Pope caiu morto, precisamente quando julgava que se lançava no último ataque decisivo, e que decisivo foi, mas para a nossa vitória.
Não encontrei para o facto outra explicação que não fosse o secular heroísmo dos Portugueses, alicerçado na certeza de um êxito que se exige como indispensável e justo.
E rapidamente passaram pela minha memória os feitos semelhantes de Marracuene, Coolela, Chaimite e, bem assim, essa plêiade de portugueses de boa têmpera que, alheios aos perigos e indiferentes ao sofrimento, escreveram, no final do século passado, uma das mais belas páginas da nossa história.
Saí dali esmagado pelo ambiente e pelas recordações e com mais respeito, se possível, por aqueles heróis.
Mas nos distritos de Niassa e Cabo Delgado têm-se escrito nos últimos anos páginas igualmente gloriosas na história de Portugal.
São diferentes as circunstâncias, são diferentes os processos de luta e os meios bélicos, mas é igual, exactamente igual, a heroicidade dos Portugueses, em combate, e igual a sua simplicidade perante os feitos enormes que diariamente se registam.
Ajusta-se total e perfeitamente aos combatentes de hoje a síntese feliz de João Ameal dedicada aos que há 70 anos e na mesma província levaram a bom termo a sua ocupação:

Feitos de coragem, de abnegação, de alheamento dos próprios interesses, sob o mais severo clima, entre obstáculos sem conta, num mundo virgem, traiçoeiro e misterioso, cheio de ciladas, mantêm a serenidade e o bom humor, a par de um equilíbrio de nervos que lhes permite executar prodígios.
Num esforço sobre-humano através de uma guerra insidiosa e permanente, impõem a vitória da soberania portuguesa.

Esta frase feliz de João Ameal, em relação aos que fizeram a campanha da ocupação de Moçambique há 70 anos, tem a mais completa e perfeita adaptação aos valorosos combatentes de hoje na mesma província.
Nós vimo-los lá e com eles falámos; portugueses dos melhores, credores da nossa mais profunda admiração. Que Deus lhes não falte com a Sua protecção e que os homens da retaguarda (de lá e de cá) saibam corresponder inteiramente ao esforço notável que estão oferecendo pela Pátria.
E perante a, solicitação máxima que a Nação é forçada a fazer-lhes - as suas próprias vidas - se saiba ao menos evitar-se-lhes outros pesados sacrifícios, tornando a sua permanência, na frente, moral e fisicamente, o menos penosa que for possível.
Meus senhores: A província ultramarina que visitámos apresenta, no meu modesto entender, perspectivas futuras de incomansurável grandeza.
Cabora Bassa, com a sua capacidade energética cinco vezes superior à produção total de todas as barragens do continente português, constituirá, por si só, uma enorme fonte de riqueza, à qual se juntará a possibilidade de exploração económicamente viável do riquíssimo subsolo do vale do Zambeze, que, por sua vez, implicará a necessária ampliação da rede ferroviária da província e dará