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1670 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 89

redes de comunicações primárias e secundárias, por ser através delas que as povoações podem receber o influxo da civilização no contacto com os centros populacionais mais desenvolvidos e por permitirem fácil escoamento dos produtos da terra e das actividades industriais.
Também energia abundante, e barata é factor indispensável ao desenvolvimento económico de Moçambique.
Mas o facto de o III Plano de Fomento prever investimentos da ordem dos 5,4 milhões de contos no sector dos transportes e comunicações e 6,6 milhões de contos no da energia, incluindo a gigantesca barragem de Cabora Bassa. leva-nos a ter fundadas esperanças de que, num futuro próximo, a indústria transformadora venha a ter um papel preponderante na economia moçambicana.
Uma vez que, neste breve apontamento, aludi à indústria, não quero deixar de referir a boa impressão que me deixaram as instalações portuárias
e ferroviárias de Lourenço Marques, da Matola e da Beira, as fábricas de preparação de chá, no Gurué, as oficinas metalomecânicas do caminho de ferro, as instalações da Companhia Hidroeléctrica do Revuè e uma grande e moderna emprega têxtil em Vila Pery.
Sr. Presidente: Vai sendo tempo de acabar, mas antes peço vénia a V. Ex.ª para, deste lugar, renovar os meus agradecimentos pessoais - embora, certamente, não exclusivos - a todas as personalidades que nos acolheram e acompanharam nessa, inesquecível viagem, nomeadamente a todos os governadores de distrito, que tão hospitaleiramente nos receberam em suas casas, ao Sr. Governador-Geral, que tudo planeou com inexcedível eficiência, e ao Sr. Ministro do Ultramar, a quem coube, em primeiro lugar, a responsabilidade da viagem.
Aos nossos colegas moçambicanos, que foram muito além da natural cortesia e bondade de acolhimento, acompanhando-nos e guiando-nos desde o primeiro ao último dia, quero reafirmar que os problemas da província quando, futuramente, forem levantados nesta Assembleia nunca mais se nos oferecendo como questões estranhas, porque, agora, (entenderemos melhor o alcance das suas soluções.
Mas uma palavra, me resta ainda dizer e que, propositadamente, deixei para o fim. Refiro-me à nossa passagem por Marracuene, onde as mais brilhantes e consoladoras páginas da nossa história contemporânea foram escritas pelos nossos heróis, lá, no sertão africano, com as pontas das baionetas e das lanças a escorrerem sangue. Também estivemos no Niassa e Gabo Delgado, onde os nossos bravos soldados, possivelmente inspirados nessas belas páginas da nossa história, tem tido ânimo e fé inquebrantáveis, votando-se inteira e incondicionalmente à obra de salvaguarda da nossa soberania.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não sei, Sr. Presidente, se a pobreza das palavras ou a forma de as dizer traduziram as minhas impressões dominantes da viagem: "mais do que as realizações, materiais de toda a ordem, contou, para mim, o encontrar vivo o espírito que foi e é garantia da continuação de Portugal no Índico".
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Moreira Longo: - Sr. Presidente: Realçou já V. Ex.ª. eloquentemente, a visita de Sua Santidade o Papa Paulo VI, cuja presença, como peregrino da paz,
às comemorações do cinquentenário das aparições de Fátima constitui para nós uma suprema honra, de que Portugal se pode orgulhar e registar, com o maior júbilo, nas páginas bem ricas da sua história.
Assinalou também tão excelsa presença, com a maior elevação, o Sr. Deputado Mário Galo.
Não me referirei, pois, propriamente à peregrinação de Sua Santidade, para não me colocar no campo da repetição a não deslustrar o brilho com que tão dignamente o facto foi já referido.
As singelas palavras que me propus trazer a esta Assembleia pretendem significar, humildemente, o mais vivo agradecimento, de todo o nosso coração, a Sua Santidade, por dois factos que muito nos enobrecem e traduzem, simultaneamente, excepcional simpatia, a transbordar de humanismo; por um povo que nasceu cristão, evangelizou por esse mundo além e continua lutando, nas suas províncias ultramarinas, pela propagação da fé cristã, que sempre nos tem iluminado.
Referir-nos-emos, em primeiro lugar, à suprema honra que o papa Paulo VI concedeu a Moçambique, aceitando a presença do bispo de Porto Amélia, D. José de Garcia, para acolitar Sua Santidade durante as grandes cerimónias que tiveram lugar em Fátima, com a honrosa presença desta mais alta autoridade da Igreja Católica.
Não podíamos silenciar o facto, e por isso nos apraz confessar que tal escolha recaiu num dos mais nobres representantes da Igreja Católica em terras de Moçambique. É oportuno dizer-se, com inteira justiça, que a sua acção no extremo norte - Cabo Delgado - tem sido verdadeiramente notável, tanto no campo espiritual como também no campo material. Sob a sua administração ali se têm construído igrejas, colégios, seminários e obras assistenciais, que bem atestam o dinamismo, o alto interesse e poder de realização de S. Ex.ª Rev.ma o Bispo de Porto Amélia, D. José de Garcia, a quem deste lugar dirigimos as nossas homenagens.
Por esta grande honra sentimo-nos tão desvanecidos que não encontramos palavras que exprimam o sentimento que nos vai na alma.
Referir-nos-emos também a outro gesto nobilíssimo de Sua Santidade para com Portugal, traduzido rã vultosa dádiva de alguns milhares de contos para a construção do Seminário da Boa Nova, em Valadares, destinado à formação de sacerdotes que irão trabalhar em Moçambique.
Este auxílio material, que tanto vai impulsionar a obra da missionação que temos desenvolvido em terras de além-mar, significa também uma acção de grande espiritualidade que muito fortalece e encoraja os Portugueses a prosseguirem na caminhada de civilização, que desde há séculos têm oferecido para a paz e prosperidade dos povos.
A multiplicação de missões católicas nas nossas províncias ultramarinas deverá ser um facto a verificar a breve trecho, para que as populações se sintam cada vez mais protegidas e espiritualmente acarinhadas.
A obra civilizadora que ali temos erigido, e que constitui um exemplo digno que muitas nações deviam seguir para a edificação de uma África pacífica e construtiva, é tão evidente que ninguém de boa fé o poderá contestar.
Os rapazes de hoje, homens de amanhã, carecem cada vez mais de especial amparo e da maior protecção espiritual que vêm já recebendo de há muito, para que no futuro produzam os frutos dos ensinamentos que receberam c sejam úteis a si próprios, às suas famílias, ao seu semelhante e à Nação, que os preparou com o maior humanismo.