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8 DE NOVEMBRO DE 1967 1673

E fiquemos por aqui, embora também já se anteveja a possibilidade de, por via industrial, e antes do findar do século, se obter, em condições rentáveis, a própria síntese dos hidratos de carbono e das proteínas vegetais, penetrando a técnica quimiossintética nos mais íntimos segredos dos infinitamente pequenos do metabolismo.
Com todas as componentes referidas, tornadas, praticamente, viáveis num planeamento da produção alimentar à escala mundial, pode antever-se, então, de facto, que os dois terços debilitados da população terrestre poderão ser, progressivamente, diminuídos, permitindo aos mentores dos grandes povos influir com os seus colossais recursos materiais no sentido de dar uma vida humana mais digna a muitos milhões de indivíduos que hoje, no Indostão, na Malásia, na China continental, em vastas regiões da América do Sul e, presentemente, no desabitado continente negro, levam uma existência rudimentar, subalimentada, com os fatais reflexos debilitadores nas gerações vindouras.
Esta verificação constitui, de facto, razão, julgo que fundamental, digamos, razão que sobreleva todas as restantes, no sentido de se aproveitarem, sem demora, as inúmeras organizações internacionais que dispõem de vastos recursos técnicos e financeiros, como a F.A.O., o B.I.T., o B.I.E.D., o F.M.L, a O.E.C.E., o G.A.D. e muitas outras, para, de acordo com planeamentos bem fundamentados à escala dos grandes espaços, se procurar dinamizar o máximo das potencialidades existentes, especialmente daquelas susceptíveis de permitirem uma distribuição, pelo maior número dos necessitados, de um acréscimo significante do produto bruto mundial.
Haverá, então, decerto, e isto quando o bom senso começar a imperar neste mundo desavindo, menos desperdício em corridas de armamentos e na conquista de outros astros, e mais o aproveitamento deste que nos serve de base material e que se encontra, como vimos, ainda longe de uma perfeita utilização das inúmeras virtualidades existentes em muitos dos seus espaços.
5. Foi o Plano Marshall o primeiro planeamento realizado à escala internacional, digamos o primeiro passo para uma economia de grandes espaços, e que permitiu à, Europa e ao mundo livre, a partir de 1947, erguer-se do caos económico e social a que foram arrastados pelas destruições de toda a ordem, durante os seis anos cruentos do último conflito mundial.
Assim, a criação da O.E.C.E. em 1948 provocaria já o despertar de um período de rápida e fecunda expansão produtiva e do comércio externo, reforçando a posição financeira dos diferentes países.
O alinhamento das moedas em 1949 estimularia, por outro lado, as exportações, como o estabelecimento da União Europeia de Pagamentos e a efectivação do programa de liberalização da O.E.C.E., em 1950, constituiria, mais tarde, um grande passo para o abandono das políticas do bilateralismo da autarquia, facultando, assim, a um comércio europeu mais livre, o restaurar o saudável sistema multilateral de pagamentos.
O elevado deficit da balança europeia de pagamentos foi, assim, no pós-guerra, progressivamente substituído por um substancial excedente, e daí o correlativo aumento das reservas em ouro e em dólares da Europa, reserva que se elevava já a cerca de 21 biliões em 1958.
Estavam, assim, definidos os horizontes da neo-economia de mercado em espaços que a integração económica iria progressivamente, ampliar, com os passos dados na formação da Benelux, da C.E.C.A. e do Euratom e da A.E.L.E.
Assiste-se, então, e a perspectiva do edifício europeu já pode ser hoje antevista na sua verdadeira grandeza, às fases sucessivas da criação da providencial terceira força do mundo contemporâneo.
Dispondo apenas de 3 por cento da superfície da terra emersa e de 10 por cento da população humana, a Europa ocidental, minúscula península do continente euro-asiático, realiza, hoje, cerca de 25 por cento do rendimento mundial, produzindo 20 por cento dos recursos alimentares, 30 por cento do aço e ainda a mesma percentagem de carvão, e dominando, mercê de vasta rede circulatória, na terra, no mar e no ar, 40 por- cento do comércio exterior do Mundo. E, acima de todos estes aspectos materiais significantes, embora sem representação estatística, os dois milénios de civilização europeia, cujo influxo espiritual e virtualidades dinamizadoras do desenvolvimento económico e social se projectaram em recônditas paragens do Mundo, deixam, imperecívelmente, vincados rumos, cujas rotas, Portugueses e Espanhóis abriram, liberalmente, a todos os povos e a todas as raças.
Que eslavos do Leste pretendam, assim, assenhorear-se de posições chaves da Europa ocidental, Médio Oriente, Norte de África, África ao sul do equador e costa ocidental do continente negro, é perfeitamente compreensível, como premissas de um planeamento político a longo prazo para a conquista das posições cimeiras da hegemonia europeia, sob o signo do comunismo internacional, especialmente se tivermos em linha de conta que o grupo eslavo, na Europa, dominará, demograficamente, os grupos latino e germânico nas vizinhanças do ano 2000. Igualmente se entende que a erupção demográfica chinesa, a partir de um território 60 por cento destruído pela erosão, procure novos espaços vitais no subpovoado continente africano. Que o ultraprogressivo e industrioso americano do Norte tema o pendor para uma Europa unida oeste-leste, capaz de ultrapassar, materialmente, o bloco americano-israelita, é também facilmente aceite nesta luta sem quartel pelo domínio mundial, sem se cuidar do interesse do maior número dos viventes...
Já, porém, não é compreensível a traição dos europeus nórdicos e bálticos a uma civilização que os guindou ao nível económico-social que hoje auferem, e que auferem, preciso, em grande- parte, pelos ensinamentos que lhes foram dados, séculos atrás, pela ciência e pela técnica dos navegadores oriundos destas terras peninsulares do extremo ocidente da Europa, mostrando-lhes como chegar a novos e ricos mundos, então em grande parte desconhecidos, rumando mares ignotos, apenas, até então, devassados por ancestrais piratas. Que Deus lhes perdoe tanto desatino, pois, decerto, ainda não se aperceberam de que, além de estarem a contribuir para a destruição de uma cultura de milénios de sedimentação espiritual, estão também cavando a sua própria ruína económica, destruição fatal desses interesses materiais que tanto prezam.
Aqui, pois, e a encerrar este capítulo do meu discurso, pinceladas vagas dos planeamentos dos grandes espaços, sob o signo da política e da economia dos grandes blocos, uma palavra apenas, e esta saída do fundo da nossa ama, mas que considero imperioso dizer. E essa palavra é admiração, admiração sem limites para essa juventude da nossa pátria que nas condições mais ingratas de uma guerra que lhe foi imposta em nome de interesses a que não se submete, luta gloriosamente por o Portugal eterno, e, batendo-se por Portugal, defendo.