1676 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 89
que mencionar unia silvicultura metropolitana numa fase atrasada de expansão, utilizando essências florestais, algumas delas, ainda mal conhecidas quanto às suas virtualidades económicas, e uma exploração florestal ultramarina de carácter desgastante e delapidadora.
Esta a realidade dos aspectos definidores das potencialidades do meio agrológico. Há, porém, ainda, de facto, largos tractos de solo medianamente férteis, aluvionais e outros, nas províncias do além-mar, susceptíveis, numa economia bem coordenada ao nível do espaço português, de constituírem fundamento para a obtenção dos géneros necessários e suficientes para a alimentação do povo português, nomeadamente no que se refere às proteínas animais. Isto em conjugação, como é mister, com uma racional política de fomento das pescas, sabiamente orientada pelos experientes responsáveis deste importante sector.
Por outro lado, a prospecção mineira do território, no todo imperial, revela cada vez maiores possibilidades de diferenciação de zonas de alto interesse, quanto a indústrias extractivas, e isto conjugado com as possibilidades quase ilimitadas de energia hidroeléctrica das principais bacias hidrográficas do ultramar, permite uma perspectiva optimista do desenvolvimento progressivo de novos núcleos de crescimento económico, no sector das indústrias manufactureiras e de outras capazes de influir, por forma significante no nível de existência das populações.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - O petróleo de Cabinda o ferro de Moncorvo e de Cassinga, o cobre e o manganês, e muitos outros minérios metálicos e não metálicos, bem como os energéticos nucleares, já ultimamente definidas algumas das suas potencialidades no território nacional, dão, de facto, à Nação, à Europa e ao Mundo, uns horizontes de possibilidades francamente prometedoras, e isto explica, até certo ponto, a intensidade dos apetites revelados por alguns sectores capitalistas internacionais do alto mundo do negócio, isto em relação a parcelas bem portuguesas do continente negro.
Deixemos, porém, os abutres entreterem-se com estas miragens de riqueza alheia e continuemos, confiadamente, no nosso caminho seguro de valorização de um território que herdámos dos nossos maiores e que a actual geração tem sabido, com valor igual ao das do passado, garantir, para os vindouros, tão imorredouro património.
8. Apenas, agora., mais umas breves palavras sobre o planeamento regional da metrópole, dentro do conceito de unidade na pluralidade, conceito que ficou, julgo, bem expresso no que ficou dito.
Assim julgamos do maior interesse que o planeamento regional, que vai ter início na metrópole continental, leve a uma rápida valorização do interior do continente português.
Três influências distintas definem, ecologicamente, o território metropolitano continental: a dominância atlântica em parcela extensa ao norte do Tejo a mediterrânica ao sul deste rio e a ibérica no prolongamento natural da Meseta, penetrando no interior até aos contrafortes montanhosos galaico-duriense e luso-castelhano.
Nesta visão muito sintética das influências climáticas, poderemos então dizer, o também em simples manchas de ordenamento agrário, que ao norte do Tejo haverá que conjugar o silvo-pastoril, à base de uma pecuária bovina e ovina, nas terras irias continentais, com a florestação intensa das encostas mais erosionáveis, da zona montanhosa atlântica, c que não se defraudem as toalhas hídricas que alimentam as populações: e uma pecuária intensiva, com uma horta-fruticultura evoluída, na zona litoral das bacias hidrográficas dos rios que cortam este extenso território.
E onde a influência mediterrânica, por dispositivo do relevo, actue, mais ao norte, como na região duriense, aproveitar ao máximo as aptidões agrárias que exijam macrotermia e elevado índice de aridez para apuramento da qualidade dos produtos - vinhos, frutas e outros.
No grande e extenso plateau viseense, beneficiado pela aragem marítima, o balanço hídrico que o caracteriza indica que. a par de uma cultura horto-frutícola e arvense progressiva, haverá a possibilidade de fazer progredir uma enologia de valor excepcional, já hoje bem lançada no caminho de uma economia de mercado. No cismontano do Noroeste, o vinho verde e uma simbiose horto-frutícola-pecuária intensiva dará jus a que Viana do Castelo de novo se notabilize como porta de saída dos preciosos mimos do minhoto agrário.
Temos, nesta vastíssima região, que apoiar este progresso numa assistência técnica tipo Sever do Vouga, como a desenvolvida, habilmente, pelos técnicos da Shell Portuguesa, orientada superiormente pelas prestigiosas estacões agrárias implantadas em Viseu, em Braga, no Porto e em Mirandela, nas circunscrições florestais e nas instituições pecuárias regionais.
Drenados e irrigados os vales do Mondego e do Vouga, como se impõe por necessidades de energia e de alimento, aparecem-nos os portos da Figueira da Foz e de Aveiro como os naturais elementos dominantes na circulação, para o exterior ou do exterior, de tudo o que é necessário para reduzir assimetrias espaciais deste extenso território.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - E não será difícil prever, então, que a matéria celulósica, frutas e produtos hortícolas, carnes, lacticínios e outros produtos pecuários e os ligados a uma indústria progressiva, que do litoral se estenderá, naturalmente, para o interior, venham a justificar, se a justificação não está já há muito tempo feita, o dar início à obra fundamental da vivificação das terras do Mondego e do Vouga e o completar da obra começada do porto da Figueira da Foz, que hoje mais parece uma obra de Santa Engrácia portuária! ...
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Quanto à bacia hidrográfica do Tejo, inclusa, e a meu ver mal, em duas regiões projectadas no planeamento regional, é mistter que se complete a rede de estradas, especialmente as do vale do Zêzere, e que se renove a antiquada rede f erro viária, que, com a fluvial, hão-de constituir os elementos funcionais dinamizadores da economia de tão importante região do território metropolitano. E, conforme a opinião de eminentes economistas, entre os quais desejo salientar o muito ilustre colega Eng.º Araújo Correia, que se dê início a uma política de implantação de portos fluviais nesse grande estuário do Tejo, facultando assim estímulo fundamental para o progresso económico de vasta área ribeirinha dominada por este elemento valiosíssimo com que a natureza brindou a capital do Império.
E quanto ao Sul alentejano e algarvio, que se continue, com a inteligente política de regadios, de grande e pequena dimensão, e, assim, com o fomento horto-frutícola e pecuário, e que o nosso Instituto de Investigação Industrial, que tantos serviços já prestou à Nação, procuro, com afinco, nos seus órgãos especializados, novos rumos para a valorização dos produtos das quercíneas, que cons-