O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

11 DE NOVEMBRO DE 1967 1719

honra e a glória mais alta há, com efeito, Sr. Presidente, justa causa e todo o fundamento para afirmar-se, serenamente afirmar-se, que o soldado português é o maior e o melhor soldado do Mundo!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esta afirmação emana do que se passa em derredor das horas altas, de dor e imolação, mas também floridas de esperança e soalheiras de glória, do actual impasse da vida da Nação, mas corresponde igualmente a um testemunho velho e válido que vem. das páginas imorredouras da história da nossa acção ultramarina. Diz-se que as mesmas causas produzem os mesmos efeitos e assevera-se da mesma sorte que, em meio da estonteante mutabilidade universal, o que mais se conserva igual a si mesmo é o próprio homem. Pois bem. Queremos significar, igualmente, por nós. Sr. Presidente e Srs. Deputados, ao contemplar a situação maquiavélica e criminosamente criada por terceiros em certas províncias do nosso ultramar, que «não estamos perante uma conjuntura, inteiramente nova. Será outra a moldura, mas é idêntico o quadro». Esta a fórmula através da qual se «exprimiu com o rigor habitual e o costumado carácter realista dos seus conceitos, no uso daquela linguagem direita, leal, nobre e servidora da verdade que todos lhe reconhecemos e admiramos, o clarividente, espírito, singularmente agudo e de penetrante observação, do Dr. Franco Nogueira, muito ilustre Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Sabemos de cor todos os episódios da história ligados u ocupação ultramarina, e por isso não ignoramos o que fizeram sofrer à carne e à alma da Nação os seus inimigos da segunda metade do século XIX e primeira do século XX. Acrescentaremos que então, como hoje, os seus propósitos de cobiça e de pilhagem sobre os nossos territórios, para os integrarem na sua esfera de influência e de exploração económica, propósitos revestidos, como os da actualidade, do carácter torpe da dissimulação, da doblez e da traição, encontraram pela frente o ânimo varonil e o espírito heróico de uma teoria de cabos de guerra, de memória imperecível, como Roque de Aguiar, Caldas Xavier, Aires de Orneias, Paiva Couceiro, Eduardo Costa. Galhardo, Mouzinho de Albuquerque e tantos, tantos mais em que, na expressão camoniana, poder não teve a morte.
Ao visitar o distrito de Gaza, em romagem cívica, estivemos junto dos monumentos evocativos da vitória, nas batalhas de Marracuene e de Magul, onde, Sr. Presidente, emocionados, mergulhados em recolhimento profundo, nos conservámos alguns momentos meditando a considerando que a história da nossa Pátria verdadeiramente encerra e traduz uma autêntica lição de imortalidade!
Serão as nossas derradeiras palavras para saudar efusivamente os três ramos das forcas armadas, prestando a mais calorosa e rendida homenagem às suas qualidades de galhardia, de desassombro e de firme portuguesismo na defesa constante dos direitos imprescritíveis e dos sagrados destinos da sua e nossa querida Pátria. Saudando os vivos, não deixamos de recordar sentidamente os que já tombaram no campo da honra, rezando pela sua alma e jurando o compromisso solene de que sempre haveremos de ser dignos deles, por meio não só da nossa estrita fidelidade às grandes certezas da vida nacional e forte vinculação ao primado dos grandes princípios morais e espirituais, mas também enquadrando-nos nas normas da morigeração, da sobriedade e da austeridade, cuja observância o transe actual por que passa a Nação impõe, sem excepções, a todos os portugueses, e dobradamente aos que, pelo fastígio das posições sociais e políticas que ocupam, devem sempre manter-se à altura das especiais responsabilidades que sobre si impendem.
Mas seguindo a mesma linha de pensamento, Sr. Presidente e Srs. Deputados, também não deixaremos de evocar com veneração, como a razão inculca, e saudar gratamente, como a justiça aponta, a figura histórica de um grande soldado - «o soldado civil da- Pátria e da consciência» que é Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ditas estas palavras, Sr. Presidente, que, pela sua modéstia, mais não conseguiram do que apenas potencialmente conter o galardão maior de admiração, apreço, justiça e reconhecimento com que os melhores devem ser lembrados e distinguidos, o nosso pensamento concentra-se na aliciante e progressiva província do Indico, tão formosa pelo sortilégio da sua paisagem física e tão nobre pelos dons e atributos da sua paisagem humana, para daqui, enviando-lhe um aceno de simpatia e de saudade, na doce e grata recordação do agasalho fidalgo, amigo, fraterno, que nos dera. exclamar, bem do fundo do coração, com o eminentíssimo Sr. Cardeal-Patriarca de Lisboa: «Moçambique é terra cristã e terra portuguesa, terra não para ser pisada, mas para ser beijada, pois a regou sangue de mártires e de heróis.»

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Tendo acabado de perfunctoriamente nos referirmos só a certos e restritos aspectos da jornada inolvidável que fizemos através do nosso território, adentro do território português, insistimos, visto que a África é Pátria de Portugal, enunciamos o claro desejo e proclamamos o princípio de justiça de que o exacto qualificativo de «terra de boa gente» atribuído rigorosamente a Inhambane se amplie e envolva também, em adequada e merecida consagração, do extremo sul à ponta mais setentrional, todo o espaço moçambicano. E sentimos que não conseguimos reprimir, Sr. Presidente, como fecho do singelo apontamento que aí fica, este grito de alma, todo espontaneidade, sinceridade e emoção: Salve Moçambique!
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinto Buli: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Acabo de chegar da portuguesíssima província da Guiné, depois de uma magnífica viagem de pouco mais de quatro horas, graças aos Transportes Aéreos Portugueses, que com os seus Boeings 727, mantêm ligações ultra-rápidas entre a metrópole e aquela nossa província nesta era dos aviões a jacto que estamos gozando.
Sei do interesse que reina nesta Câmara pelos assuntos que dizem respeito àquela nossa martirizada província, e por isso, na qualidade de representante daquele círculo eleitoral, é-me muito grato transmitir a VV. Ex.ªs e a todo o País a afirmação, que ainda esta manhã recebi de alguns dos nossos irmãos - brancos, mestiços e negros - que naquelas paragens procuram com o seu suor engrandecer a economia local ou com o seu patriotismo defender a soberania nacional contra a investida insistente dos bandoleiros, de que estão firmes no seu posto e dispostos a dar a sua própria vida para que Portugal sobreviva, não só na Guiné, mas em todo o ultramar português.