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1828 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 98

O Orador: - E estes regressam das suas missões no mato, onde têm de viver nas condições mais primitivas, com o bom humor, a ironia e até certa irreverência, que demonstra como, apesar de tudo, ali é o Portugal que defendem com saudade das suas aldeias, mas sem tristeza, porque sentem que o solo que pisam como homens para o guardar é tão nacional como o que aqui apoiou os seus primeiros passos de meninos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E é difícil, ao falarmos dos que se batem, não incluir neles, ao lado dos militares de todas as forças armadas, esse magnífico quadro administrativo formado por homens em cujos ombros repousa a representação viva e permanente da soberania portuguesa junto das populações, verdadeiros heróis que, sós ou tendo a seu lado quanta vez apenas a esposa e os filhos, são o Governo, são a Nação, são o Portugal humano, exemplo e esteio para cada autóctone que sabe que enquanto o Sr. Administrador estiver na sede da sua área Portugal continua e não cede.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em todos ficou fixada a imagem desse heroísmo magnífico da mulher portuguesa que no mato - quanta vez inóspito - é a esposa, a mãe, a companheira de todos os momentos, a inspiradora nas horas de desânimo, a enfermeira inexcedível na altura da doença ou do cansaço, a educadora e o monumento vivo e permanente a um passado arreigado na formação moral de um povo com oito séculos de ser português e à sua transmissão pelas gerações que se renovam, pelos séculos vindouros, por via da força de carácter, do carinho, da ternura da mãe portuguesa, que desde o início, a par da ave-maria e do padre-nosso em que ensina o nome de Deus aos filhos, lhes instila o respeito e o amor inexcedível pela outra palavra que lhe modela e santifica os lábios - o nome de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para além desta perspectiva, trouxeram também - e este outro aspecto não tem menos importância do que o anterior, que radica em cada qual a noção do que podemos fazer como povo - a noção do imenso que há por fazer e que tem de ser feito.
As enormes áreas sem povoamento preto ou branco, o atraso de populações nacionais, pelas quais temos tanta responsabilidade como pelas do Douro ou do Algarve, o potencial espantoso de riqueza e de condições de desenvolvimento que se oferecem à nossa capacidade e à nossa inteligência, a escassez de meios humanos que há que multiplicar rapidamente, os muitos e enormes méritos da nossa obra e da nossa presença ao pé de erros tão patentes que espanta como se não corrigem imediatamente, o desnível entre a grandeza de certos problemas e a pequenez de certos homens que os servem, tudo isto também se lhes tornou patente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E com estas duas noções que poderemos e deveremos encarar o futuro em Moçambique: a de que somos capazes de muito, porque temos estatura humana para tanto, e a de que teremos dê a usar em toda a sua extensão, porque o desafio do destino a Portugal já se não compadece com anões nem sequer com homens normais, porque exige elementos excepcionais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por mim confio e sei que o Português pode, desde que queira, ser excepcional em Moçambique, onde por todos os lados se sente a sua marca e a necessidade de a estender cada vez mais em latitude e profundidade.
Sr. Presidente: Terminei aquela minha intervenção a que já aludi - a de 14 de Março deste ano - avisando lealmente a Assembleia de que os colegas que nos visitassem regressariam dominados pelo feitiço, por esse «chicuembo» moçambicano que a todos os portugueses instilam os tandos, os machongos, as montanhas, a cor, o mar e a gente da nossa costa do Índico.
Do que aqui já disseram esses colegas verifico, uma vez mais, a infalível regra, mas é profundamente consolador, como português, poder garantir a V. Ex.ª e a todos que esse feitiço é, no entanto, igual ao que domina os que, nascidos no. ultramar, podem conhecer a terra-mãe da pátria e que aqui, no seu solo, no seu ar, nas suas águas, na sua alma enorme, reforçam tudo o que para cada um de nós Portugal significa em Braga ou em Porto Amélia, em Quissengue ou em Lourenço Marques, em Lisboa ou Mocímboa da Praia, na alma simples do mais humilde camponês ou na universal inteligência do mais reputado mestre.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Correia Barbosa: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O nosso ilustre colega e Deputado, como eu, pelo círculo de Aveiro, Doutor Artur Alves Moreira, com a proficiência que lhe é peculiar, tratou, na sessão anterior, do problema rodoviário no Centro e no Sul do distrito que representa.
Como reputo tal problema dos mais instantes e de maior interesse para uma região e até para o País, porque sem meios de comunicação capazes e cómodos não pode haver progresso e engrandecimento, quer sob o ponto de vista material, quer sob o ponto de vista social, como do cultural, vou trazer aqui algumas considerações sobre o que se passa com relação a estradas no Norte do meu distrito de Aveiro, pletórico de movimento que expressa não só a sua potencialidade industrial e comercial, mas também a riqueza da sua inconfundível paisagem. E, antes de mais, deve notar-se que todo o Norte do distrito tem como pólo de atracção a cidade do Porto, para onde diariamente se desloca uma população de muitos milhares de pessoas à busca, uns, das suas ocupações que lhes garantem o pão de cada dia, outros, em procura do que necessitam para a sua indústria ou para o seu comércio e, muitos, para satisfação dos seus prazeres espirituais.
Mas, além disso, não só para aquela grande cidade, mas para todo o Norte do País, do Sul diàriamente convergem inúmeros veículos pesados e ligeiros, deslocando milhares e milhares de pessoas e de mercadorias. O tráfego para o Norte, principalmente de Oliveira de Azeméis e S. João da Madeira, utilizando a estrada nacional n.º 1, é de tal intensidade que chega até à entrada da auto-estrada dos Carvalhos, é das coisas mais difíceis que há, pondo constantemente à prova a perícia e os nervos dos mais experimentados volantes.

Vozes: - Muito bem!