O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10 DE JANEIRO DE 1968 2173

Aspecto idêntico teve a resolução do Ministério das Corporações, providenciando a cobertura dos salários inerentes às actividades paralisadas pelos acontecimentos. Foi-se mais longe e mais fundo do que permitiam os esquemas habituais de actuação. Salvaguardando a face humana do caso, a face política saiu enaltecida!
Tarefa pesada e necessariamente lenta caberá ainda ao Ministério das Obras Públicas: há estradas sem pavimento, pontes arrasadas, ribeiras que se assorearam ou mudaram de leito, canais de drenagem obstruídos e o mais que seria fastidioso enunciar.
Executou-se já o essencial a, vida dos povos atingidos, recorrendo a soluções provisórias, como tinha de ser. O resto requer projectos prévios e verbas avultadas.
Sei que se aprontaram os projectos e se mobilizaram já, em parte, as verbas para um rápido actuar. Aqui terá de contar-se com alguma morosidade, mas não vai nisso mal maior, uma vez que se acautelou o mais urgente.
Ao Ministério das Finanças competirá a aplicação das isenções fiscais que os prejuízos sofridos aconselham.
Na emergência houve que reforçar certas verbas o proceder a dotações suplementares para alguns serviços de outros Ministérios, tudo prontamente satisfeito.
Entretanto, Sr. Presidente, no afã de bem fazer em que nos empenhamos todos, governantes e governados, não houve tempo para escutar algumas vozes hostis a tudo o que é português e que, efectivamente, também agora se manifestaram por esse Mundo adiante, sobretudo através de certa imprensa.
Propalava-se um amontoado de atoardas e protérvias no intuito de responsabilizar o Governo pela catástrofe!
A rapidez com que agiram levou, todavia, a divulgar notícias tão falsas e desencontradas que os leitores devem ter desconfiado. E desconfiaram, como alguém me confessou.
No meio da confusão que se pretendeu estabelecer, informou-se até que o Governo Português teria recusado o auxílio da Cruz Vermelha Internacional.
Ora, posso afirmá-lo rotundamente, nem a Cruz Vermelha Internacional ofereceu o seu auxílio, nem o Governo o recusou!
Aceitámos, por exemplo, auxílios da Cruz Vermelha Suíça, Inglesa, Alemã, Belga, etc., e aceitaríamos de bom grado outros de idênticas proveniências.
Não mendigámos, nem tanto era necessário, mas recebemos, gratos e com humildade, o que quiseram dar-nos.
A nossa dor e a nossa tristeza não aumentaram com tal campanha de deturpações, mas custa muito saber que nisso terão colaborado gentes que vivem o seu dia a dia n» nossa terra, alguns dos quais são portugueses!
Que se pense de modo diverso do nosso, aceita-se. Que portugueses entreteçam especulações políticas sobre a dor e o luto de portugueses, é ultrapassar todos os limites da decência e da convivência!
E consolador, todavia, o comportamento dos órgãos portugueses de informação, incluindo a imprensa. Em tudo houve objectividade e verdade, como é seu timbre.
Sr. Presidente: Colocado numa das zonas mais afectadas, atingido seriamente nos meus efectivos de trabalho e nas minhas instalações industriais, eu posso aqui testemunhar quão valiosas e reconfortantes foram as medidas adoptadas e os passos dos nossos governantes e, ao curvar-me perante os meus mortos e perante todos os mortos da tragédia, quero deixar bem expressa a minha gratidão a todos e penso poder interpretar a gratidão de todos quantos padeceram perdas de vidas e fazenda.
A certa e cristianíssima resposta das populações e a acção decidida e eficaz do Governo levam-me a concluir estas palavras com uma afirmação de fé: que nenhum cabo das tormentas há-de deter este nobre e digno povo!
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Marques Teixeira: - Sr. Presidente: Pedi a V. Ex.ª a concessão do uso da palavra para fazer um apontamento muito breve.
Na habitualidade do rumo orientador da nossa imprensa, sempre solícita na sua acção prestimosa de defender, servir e dar realce a tudo quanto promova e interfira com o bem público, alguns jornais dos fins da última semana - e, em primeira mão o Diário de Lisboa -, retransmitindo o autorizado pensamento do Sr. Director-Geral da Aeronáutica Civil, noticiaram que a TAP irá explorar, a partir do próximo Verão, no território da metrópole, um serviço de táxis aéreos. Ficou a saber-se que pequenos aviões podem servir qualquer aeródromo operacional da rede metropolitana, embora a sua concentração se faça nos aeródromos de Lisboa, Porto, Faro e Viseu.
Sr: Presidente: Diz a sabedoria do nosso povo que «quem se não sente não é filho de boa gente». Ora, conhecedor do elevado grau de delicadeza e vibratilidade dos sentimentos morais da boa gente de Viseu, nunca insensível quando vê satisfeitas as aspirações que algum dia manifestara com base numa situação de premência, corroborada pelo sentimento da justiça, estamos seguros de interpretar, Sr. Presidente, o estado de espírito, jubiloso e feliz, que a empolga, dirigindo desta tribuna, em seu nome, com sumo agrado e justificada exaltação, palavras de merecido aplauso e de vivo reconhecimento às entidades que, por meio da sua iniciativa, umas, e poder da sua resolução, outras, consideraram desveladamente. atenderam e saberão corresponder de modo adequado, como é seu timbre, a uma ambição válida da população do nosso distrito, servindo eficazmente os seus legítimos interesses.
Mas nós, Sr. Presidente, através da intervenção nesta Assembleia de Novembro do pretérito ano, também aludimos, fazendo coro, aliás, com as vozes de elementos oficiais distritais, à necessidade de que fosse concedida rápida solução ao instante problema das ligações aéreas entre a sede do distrito de Viseu e, de modo especial, os centros urbanos de Lisboa e Porto, logo enunciando, ainda que de forma sucinta, os seus múltiplos fundamentos.
Pois bem. Com referência ao passo, de importância decisiva, a ser dado no caminho que conduzirá, em data próxima, mais do que à estruturação, à própria efectivação dos serviços dos transportes aéreos pelo que diz respeito ao distrito de Viseu, sabe-nos bem, e é nossa estrita obrigação moral, traduzir expressivos sentimentos, não só de regozijo, mas também de gratidão.
Gostosamente nos desobrigamos, Sr. Presidente, desse dever de gratidão.

Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Elísio Pimenta: - Não posso, Sr. Presidente, deixar de me associar comovidamente às palavras de homenagem e de saudade de V. Ex.ª por essa figura da sociedade, da política e da economia portuguesa que foi o Dr. José Nosolini.