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10 DE JANEIRO DE 1968 2175

marinas, das quais duas de mais vasta extensão territorial e de mais predominante influência económica, estão a ser alvo da ambição e cobiça desumana de inimigos.
Portugal é hoje uma nação que constituti exemplo invulgar perante todo o Mundo. Quando por todos vilipendiada, consequência da situação miserável e ignominiosa em que um regime democrático a havia lançado, quando tudo já parecia perdido, as revoltas e sedições se repetiam quase todos os dias, o nosso dinheiro em parte alguma era aceite, consequência da administração ruinosa e desonesta em que vivíamos, da incapacidade que em quase tudo se manifestava, resultante da existência de partidos políticos que só pretendiam servir-se, com total desrespeito pelos interesses nacionais, a Pátria Portuguesa, num estrebuchar, que mais parecia de agonia, mas era de desejo firme de continuar a viver, sacode-se do regime que a desmantelava e entra a trabalhar, a ordenar-se, a reger-se com critério e honestidade tais que, ao cabo de quarenta anos de regime, a transformação obtida mais parece obra miraculosa que empreendimento humano.
Porém, a maldade de certos homens ainda é muita, há os que proliferam à custa dos menos cautos. Esses já não desejavam ver Portugal restaurado, haviam-se habituado à ideia de que esta pequena faixa do extremo Ocidente europeu, que havia dado tantos mundos novos ao Mundo, não mas se levantaria, e em toda a sua extensão, por todo o globo terrestre, havia de ser pasto de abutres, não emagrecidos pela fome, mas sôfregos do desejo desmedido de criarem ainda mais gordura. Era-lhes inconcebível como nação que descera tanto tinha sido capaz de subir assim, só com os seus próprios recursos.
Pretendem o desmoronamento da Europa. O aniquilamento de Portugal como potência pluricontinental é um objectivo necessário para que se venha a alcançar esse fim. A expulsão total da Europa das zonas africanas será mais um golpe profundo vibrado no continente, que tão denodadamente tem trabalhado pela expansão da civilização cristã por todo o globo.
Ô abandono pelos Portugueses das suas províncias ultramarinas tinha de fazer parte do programa. Tudo se processaria à base de uma moral que só podia ser estúpida e ardilosa. «A África só deve pertencer aos Negros!»
Esqueceram-se esses neomoralistas de que, encontrando-se os Portugueses em África desde o século XV, teriam por esta teoria todos os brancos e negros de abandonar as Américas, a Oceânia e muitos outros territórios para onde emigraram ou foram levados em épocas mais recentes.
Uma vez que nos atacam pelas armas, que se nos não defendemos nos matam com os maiores requintes de extrema crueldade, seria afinal interessante saber quem são de facto os nossos inimigos, aqueles que verdadeiramente nos movem a guerra. Torna-se bastante difícil concretizados. As populações portuguesas naturais dessas províncias, está mais que provado que o não são, pois quem nos ataca vem de fora, partindo daqueles pseudopaíses que nos rodeiam com suas fronteiras, que não têm qualquer estrutura étnica, nem estado que lhes possa dar características nacionais, onde a desordem impera e as finanças são reguladas, ou melhor, exploradas, de fora. Evidentemente que nestes territórios temos inimigos, mas na verdade aqueles que para nós podem constituir preocupação situam-se muito mais longe, são os que providenciam para que sejam instruídos e armados os incumbidos de nos trazer o mal, estes de instintos ainda primitivos, incultos, a quem catequizam criando-lhes o desejo inabalável de nos aniquilar, bandos a quem financiam para que possam manter a sua agressividade e recebam a recompensa monetária do seu inqualificável crime.
Afigura-se-nos, porém, para nós e para eles, mais vantajoso que não procuremos identificá-los: teríamos que lhes oferecer todo o nosso total desprezo. E possível que com o decorrer do tempo e com a prática dos próprios erros venham a reconhecer o mau caminho por onde enveredaram, que mais não lhes dará que o abismo inevitável da ruína, e assim acabem, iluminados por um raio de razão, a reconhecer quanto valemos, quanto a nossa causa é justa, quanto tem sido útil e notável a nossa acção evangelizadora, quanto é e tem sido profícua ao mundo inteiro a existência de Portugal em África.
Já dizia Nuno Álvares que só compreendia as guerras justas, porque só nessas sabia lutar e vencer.
Impõem-nos uma guerra em que a justiça nos pertence; seguindo este princípio, saberemos lutar e vencer!
No seu mais recente discurso, proferido no dia 30 de Novembro do ano passado, na cerimónia de homenagem dos municípios de Moçambique, S. Ex.ª o Presidente do Conselho, Prof. Doutor Oliveira Salazar, rematou por estas tão significativas e expressivas frases:
Não posso assim terminar estas palavras, como tanto desejaria, com uma nota que todos - sobretudo os que mais sofrem - consideram de claro optimismo. Mas penso que deve ser-se optimista quando se está seguro de fazer durar indefinidamente a resistência. Essa possibilidade é que é a prova da força e sinal seguro da vitória, através da qual não queremos senão continuar na paz a Nação Portuguesa.
Estas palavras encerram tudo quanto há de melhor que um chefe pode dirigir, no momento presente em que vivemos, àqueles que dirige e comanda.
«Mas penso que deve ser-se optimista quando se está seguro de fazer durar indefinidamente a resistência.» Quanto esta exortação deve ter abalado os nossos inimigos. Eles estavam certos de que pela luta armada nos não venceriam, que os Portugueses sabem bater-se e morrer quando as circunstâncias o exigem. Porém, duvidavam da nossa organização económica, que tudo o que revelávamos era mais resultante de aparências do que de estruturação perfeita e portanto eficaz. Seria a falência da economia nacional aquilo que nos havia de estrangular. Enganaram-se! E o Chefe, é o nosso Chefe do Governo, que nos vem declarar que lutamos bem, com verdadeiro optimismo, porque estamos seguros de poder fazer durar indefinidamente a nossa resistência, «força e sinal seguro da vitória»!
Após esta curta análise da situação, não nos pode ficar a menor dúvida da necessidade e oportunidade de uma nova lei que venha actualizar as obrigações militares. As leis pelas quais nos temos regido de alguns anos para cá, a n.º 1961, de 1 de Setembro de 1937, e a n.º 2034, de 18 de Julho de 1949, evidentemente que, por estarem bem elaboradas em harmonia com a sua época, foram proveitosas e delas resultou trabalho útil e boa organização, mas as coisas de repente mudaram, a paz em que vivíamos, que também tanto compartilhávamos com os outros, que nos permitiu o nosso maravilhoso ressurgimento, num momento foi abalada. Obrigaram-nos a entrar em luta, não apenas de simples defensiva, mas muito mais do que isso, de sobrevivência.
Mais uma prova demos ao Mundo, a de que sabemos por que estamos em África e consequentemente a de que estávamos preparados para receber o embate de acções tão violentas. As forças do inimigo, bandos armados, constituídos pelo mais perfeito escol do crime e da barbaridade, lançaram-se sobre o português bondoso, confiante