16 DE FEVEREIRO DE 1968 2469
a produção e os investimentos, com o objectivo final de reabsorver o desemprego.
Sobre o plano externo e nesse, mesmo ano, a fiscal poliey, tal como a define o eminente professor, que foi Henry Sanfenbulger, num dos seus derradeiros estudos e que me serve de base para esta parte das minhas considerações, foi posta no serviço do objectivei n.º 1: atenuar, para finalmente reabsolver, o déficit agudo de balança de pagamentos americana. E por isso se tomaram medidas complementares, tributando-se mais severamente as sociedades estrangeiras controladas por americanos e criando uma taxa destinada- a penalizar as compras feitas por súbditos dos Estados Unidos de valores monetários estrangeiros.
Em fins de 1967 tinha-se reduzido o desemprego, mas notava-se na economia, americana uma tendência inflacionista, podendo dizer-se que o crescimento do produto nacional dos Estados Unidos reflectia mais a alta de preços do que propriamente um crescimento real.
Mas o facto mais alarmante para os responsáveis pela condução da política financeira daquele grande país era o agravamento da posição da balança de pagamentos dos Estados Unidos.
Em dezoito anos consecutivos só uma vez foi favorável a balança- de pagamentos americana. O déficit havia descido de 3,9 biliões de dólares em 1960 para cerca de um terço em 1965, tendo-se mantido no mesmo nível em 1966.
Mas em 1967 a situação agravou-se em consequência das despesas militares com a guerra no Vietname, dos aumentos dos empréstimos e investimentos privados no estrangeiro, das viagens de turismo e, ainda, de o superavit comercial não ter aumentado nas condições previstas.
No princípio de Janeiro último e em face dos primeiros apuramentos realizados, o déficit da balança de pagamentos americana em 1967 deverá ser da ordem de 3,5 biliões a 4 biliões de dólares, ou seja o maior verificado desde 1960.
A acumulação destes deficits sucessivos tinha tido como consequência reduzir as reservas em ouro dos Estados Unidos de 23,3 biliões de dólares em 1957 para 13 biliões em 1907.
Daí as providências anunciadas pelo presidente Johnson na sua mensagem de l de Janeiro último, destinadas a combater a situação fortemente devedora da balança de pagamentos americana e a preservar a posição e a actual paridade do dólar - providências que compreendiam importantes restrições na política de investimentos directos fora dos Estados Unidos e urna apertada limitação dos empréstimos efectuados no estrangeiro pêlos bancos e outros estabelecimentos financeiros americanos.
Nenhum investimento directo novo será efectuado em 1968 nos países ocidentais da Europa ou em quaisquer outros países que não sejam fortemente tributários dos capitais americanos e o montante de novos investimentos a efectuar nos países subdesenvolvidos não poderá ir além de 110 por cento dos investimentos realizados nos anos 1963-1906.
Calculando-se que o déficit turístico dos Estados Unidos em 1967 seja de 2 biliões de dólares, o presidente Johnson pedia ao povo americano que adiasse as viagens que não fossem indispensáveis os países não pertencentes ao hemisfério ocidental e comunicava a elaboração de textos legislativos destinados a atingir este objectivo.
A mensagem do presidente Johnson veio a público pouco depois da desvalorização da libra e quando se renovavam e vinham outra vez à superfície as críticas ao actual sistema monetário internacional.
Tem-se dito e escrito que, sendo o ouro insuficiente para assegurar o financiamento do comércio mundial em contínuo, expansão, torna-se indispensável o recurso a um elemento fiduciário, que é presentemente o dólar. Segundo uma determinada corrente crítica, o sistema actual põe duas alternativas: ou a balança de pagamento" dos Estados Unidos continua fortemente deficitária, e isso comportará uma deterioração da posição liquida e curto prazo deste país perante o estrangeiro e que ameaçará o actual regime de estalão de câmbio-ouro, ou se restabelece o equilíbrio da balança de pagamentos americana, e daí resultará para os outros países uma insuficiência de reservas monetárias que acarretará uma crise, de liquidez à escala mundial e, possivelmente, um novo e grave período de recessão.
E também se tom afirmado c escrito que tendo diminuído em grande proporção as reservas de ouro que constituíam cobertura do dólar, devia estabelecer-se uma nova paridade entre os seus respectivos valores.
Mas, de uma maneira geral, as entidades mais directamente responsáveis pela política monetária dos Estados Unidos - banqueiros, economistas, homens de governo e de negócios - têm-se oposto ostensivamente à alteração do actual sistema monetário internacional e da paridade existente entre o dólar e o ouro. Sustentam firmemente que o presente sistema monteário (golal exchange extadard), contribuiu directa e decisivamente para o crescimento económico sem precedentes na história do mundo e que o principal objectivo a atingir deve ser preservá-lo, obtendo, ao mesmo tempo, novos e maiores meios de liquidez. E considerando que a chave deste problema é a manutenção do actual preço oficial do ouro.
Os possuidores de dólares - dizem - devem ter a certeza de que esta moeda continua a constituir a melhor garantia de um puder de compra estável. Ainda recentemente, num estudo publicado numa das mais conceituadas e sérias revistas americanas - Forcújn Affirs - se sustenta a opinião de que o Governo dos Estados Unidos deverá oficialmente tornar bem claro que, mesmo que os bancos centrais de outros países utilizassem os dólares de que dispõem para comprar todo o ouro da tesouraria americana, nem mesmo assim o preço deste metal será alterado.
A valorização do ouro, neste entendimento, levaria o problema de saber como é que os Estados Unidos compensariam as instituições oficiais estrangeiras pêlos prejuízos resultantes da desvalorização das suas reservas e disponibilidades em dólares o que podiam há muito tempo ter sido convertidas em ouro. Além disso, favoreceria desigualmente no número reduzido de nações produtoras de ouro, como n- África do Sul, o Canadá e a União Soviética, beneficiaria os que se lançaram no caminho da especulação e constituiria o reconhecimento da completa falência da política económica e financeira dos Estados Unidos.
Pelo contrário, o que deve reconhecer-se é que o dólar continua a constituir um padrão estável de valores, que o seu poder de compra tem diminuído menos do que outras moedas principais, que a sua cotação é pouco afectada por factores externos, que pode ser usado como moeda de transacção e como moeda de reserva e que o único valor (assct) internacional que pode competir com o dólar é o ouro pela possibilidade especulativa do aumento do seu preço. E sustentam também que na hipótese de os Estados Unidos da América aumentarem o preço do ouro todos os países procurariam imediatamente adoptar os seus sistemas cambiais à nova paridade com o dólar.
Não se julgue que estamos em face de problemas que podem ser solucionados unilateralmente. Os meios responsáveis dos Estados Unidos da América pensam que a