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CABO VERDE
1. Seria muito agradável poder dar melhores notícias este ano sobre a situação económico-financeira da província de Cabo Verde. Mas o seu comércio externo continua a mostrar um alto deficit e as receitas e despesas, apesar de terem melhorado recentemente para nível um pouco mais alto, continuam a destoar das de outras províncias ultramarinas.
E, no entanto, o povo cabo-verdiano procura com o seu trabalho no exterior, pela emigração, equilibrar a balança de pagamentos, e a metrópole, com auxílios financeiros, procura pôr em prática planos de fomento, que, até 1967, utilizaram 637 934 contos.
Há qualquer coisa na situação da província que se não compreende. Investimentos relativamente altos em planos de fomento, remessa de cambiais de filhos da província que trabalham no exterior e uma população em aumento que assegura mão-de-obra.
Parece haver quatro potencialidades económicas que, aproveitadas, melhorariam fundamentalmente a situação actual:
1) O estabelecimento de uma indústria produtiva de pesca e transformação do peixe;
2) A exploração dos jazigos de pozolanas, já conhecidos e de pureza reconhecida;
3) Uma refinaria no porto de S. Vicente, que utilizasse a magnífica posição geográfica do arquipélago;
4) Melhor aproveitamento de possibilidades agrícolas, como a banana, o café e outras. Poderia ainda acrescentar-se a pecuária.
A par destas empresas, à vista, os recursos do turismo podem ter grande projecção na província.
Países vizinhos, no continente africano, procuram adaptar condições inóspitas à recepção de turistas dos países nórdicos, sedentos de sol e de calor com pouca humidade. Cabo Verde tem condições óptimas nestes aspectos, e já aparecem iniciativas neste sentido.
2. Se estas são as condições, digamos potenciais, da província, qual o motivo por que aos anos se sucedem anos à espera de soluções para problemas que lhes dizem respeito?
Falta de mercados para os produtos? Interesses privados a dificultarem a resolução dos problemas? Carência de investimentos? Inércia pública?
Todas as questões relacionadas com as potencialidades sugeridas precisam de ser examinadas. E não será impossível tomar medidas no sentido de definitivamente resolver algumas delas, gradualmente, em sentido construtivo.
O consumo de elevadas quantias em planos de fomento não tem surtido o efeito desejado. Em 1967 gastaram-se neste fim 75 061 contos, que provieram de empréstimos. Adiante se enumera a utilização desta quantia.
Não parece que possa advir dela grande melhoria que influencie as exportações, e este deve ser também um dos grandes objectivos dos planos de fomento.
O progresso na economia do arquipélago de Cabo Verde tem carácter político. E esse sentido deve guiar as actividades e os princípios de planeamento.
Comércio externo
3. O saldo negativo da balança de comércio ainda este ano aumentou para 227 900 contos. Este deficit é quase oito vezes o quantitativo das exportações (30 900 contos). Basta a enumeração destas cifras para mostrar uma situação difícil e necessitada de esclarecimento.
As importações atingiram 258 800 contos, o que talvez se não possa considerar muito para a população e sua dispersão pelas ilhas. Mas a exportação foi inferior à de 1966, não passando de 30 900 contos.
O deficit tem aumentado todos os anos, sem que se faça um esforço no sentido de o reduzir.
No quadro seguinte indicam-se as importações, as exportações e os desequilíbrios durante certo número de anos:
[Ver Diário Original]
O comportamento das importações parece revelar melhoria apreciável nos consumos, e o marasmo nas exportações, desinteresse pelas mercadorias susceptíveis de serem, encaminhadas para os mercados exteriores.
Veja-se, por exemplo, nos últimos anos a cadência do comércio externo no quadro da página seguinte.