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12 DE MARÇO DE 1969 3433

nas estradas que são continuação dos traçados da nossa estrada da Beira, estão no mesmo paralelo de inconveniência dos comboios que circulam pela cidade através dessa incompleta sinfonia ferroviária que é a linha da Lousa!
É que, além dos perigos que representam para a vida e para a fazenda dos utentes da via que cruzam, esses comboios ainda perturbam gravemente, com os silvos estridentes das suas máquinas emitidos sem parcimónia de dia e de noite e com os rumores e abalos da sua pesada circulação, quem pretenda repousar nos hotéis ou se encontre internado na clínica, que todos marginam a mesma linha.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora estes insólitos fenómenos não encontram justificação mesmo que se pretenda que eles possam representar uma atracção turística de tomo!
Quando serão remediados?
Já ouvi referir às entidades responsáveis as mais variadas soluções, mas o certo é que essas soluções não têm aparecido e, assim, perdem-se horas preciosas à espera que passem os comboios e vive-se em perigo permanente quando eles cruzam a cidade, complicando ainda mais um trânsito desordenado e intenso!

O Sr. Peres Claro: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Peres Claro: - Infelizmente, o caso a que V. Ex.ª se está a referir não é insólito. Também a cidade de Setúbal, dividida ao meio por uma linha férrea, há longos anos que pede, por intervenções continuadas da sua Câmara Municipal, o desaparecimento de uma passagem de nível que, fechada durante algumas horas por dia, causa à cidade grave prejuízo económico, além de ser perigo constante para a população, sendo já muitas as pessoas que nela perderam a vida. Pede e, ao que parece, terá de continuar a pedir.

O Orador: - Agradeço a V. Ex.ª a sua muito valiosa achega, que demonstra que há ainda graves problemas a resolver no tocante às passagens de nível, para as eliminar, a fim de que nem estorvem o trânsito nem, o que é pior, sacrifiquem as vidas e a fazenda da grei. Assim a C. P. queira encarar este problema com vontade de o resolver, como lhe cumpre e todos nós temos necessidade.
E para quando a construção da central rodoviária, a fim de descongestionar ruas e largos com o estacionamento dos pesados veículos dos transportes colectivos de passageiros? E, ainda, para quando a segunda ponte, que tanta falta está a fazer ao tráfego nacional e internacional?
Permito-me, por isso, trazer estes problemas à colação das grandes necessidades citadinas, para que as entidades de que dependem as suas ajustadas soluções lhas dêem rapidamente, em nome de direitos irrecusáveis que nem vale a pena enumerar. E deixando Coimbra a contas com os seus e nossos cada vez maiores e mais complicados problemas do trânsito rodoviário e ferroviário, passo seguidamente a tratar outros aspectos ingentes relacionados com as comunicações dos concelhos do alto distrito, aos quais já várias vezes me referi nesta Câmara.
Dizem esses problemas respeito principalmente aos concelhos de Pampilhosa da Serra e de Góis, que, com o de Arganil, têm sido dos mais largamente sacrificados no referido sector das vias de comunicação. São concelhos cujo maior território se situa nos domínios da serra, esse portentoso conjunto de montes que tanto tem fascinado as gentes que por lá vivem e morrem, cheias de amor pelo rincão que lhes serviu de berço.
Ora bem, sabe o Governo que esses povos lutam denodadamente pela sua ligação aos centros mais civilizados, por estradas que não enjeitem os meios de viação dos nossos dias. A rede de estradas de montanha desses concelhos serranos deve-se -quase exclusivamente aos serviços florestais, que, rasgando vias de acesso aos seus perímetros, favorecem decisivamente os povos, permitindo-lhes drenar até essas vias os seus próprios acessos, ficando assim, ainda que precariamente, ligados às sedes dos respectivos concelhos.
Além dessas estradas principais, ou havidas como de primeiro plano, os ditos concelhos não têm outras e vivem de há muito da esperança e da promessa, que muito tardam em ser concretizadas, de as verem construídas.
Pelo que concerne ao concelho de Pampilhosa da Serra, o estudo da sua situação demonstra que a rede geral das suas vias de comunicação ainda se encontra em arrepiante estado de primitivismo. Apenas uma estrada nacional o cruza, a estrada nacional n.º 112, que se dirige a Castelo Branco; todavia, esta estrada deixa uma vasta e importante porção do concelho por servir, pois o seu traçado passa muito longe de povoações que ainda carecem de poder contar com estradas nacionais a que se liguem para quebrarem o isolamento, que produz os mais funestos resultados.
Tais estradas são as que, no Plano Rodoviário há anos idealizado, têm os n.ºs 343 e 344.
A Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra e as muitas agremiações regionalistas daquele sacrificado concelho têm-se empenhado na fácil demonstração da imperiosa necessidade destas duas estradas. Todavia, ao que sei, a despeito das diligências de toda a ordem que têm sido feitas há mais de dez anos, essas duas estradas fundamentais continuam ainda no campo das oneras possibilidades, pois não foram ainda incluídas no plano de obras do ano corrente da Junta Autónoma de Estradas.
E, no entanto, estavam firmemente prometidas às forças vivas locais!
Ora à estrada n.º 344, entre Coja e Alvares, falta ainda construir os troços que ligarão Porto da Balsa a Pampilhosa da Serra e esta a Alvares, onde entroncará na estrada n.º 2. Como a Câmara Municipal muito justamente pediu, o troço que se desenvolve desde a Portela do Asno, na proximidade de Meãs, até à vila da Pampilhosa, deve ser aberto na margem direita do rio Unhais, pois só assim poderá servir as mais importantes povoações e casais da zona, entre os quais se contam as dos Pescansecos, Sobral Valado, Cabril, Vidual e Praçais.
Por outro lado, ao troço entre Pampilhosa e Alvares devem ser ligadas as estradas municipais destinadas a servir as povoações de Aldeias, Vale Serrão, Maria Gomes, Vale das Pereiras, Trinhão, Machios, Amoreiras e Carrasqueira. Este grande conjunto de povoações carece imperiosamente da estrada n.º 344, porque não dispõe de acesso rodoviário conveniente.
A contemplação deste desolado panorama de carências impressiona vivamente. E impressiona também que a estrada nacional n.º 2, entre Chaves e Faro, ainda não esteja concluída.
Dos seus vários troços, que formam muitas dezenas de quilómetros, apenas falta construir o troço entre Alvares e o Alto da Louriceira, para que essa conclusão seja um facto. São apenas 10 km a vencer, mas, vencidos eles,