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3434 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 190

ficará extremamente facilitada a ligação da vasta zona serrana com o Sul do País.
As obras que deixo indicadas sumariamente representam inadiáveis necessidades de uma zona que está empobrecida por falta de acessos convenientes e que sofre, por isso, as graves implicações desse empobrecimento.
Quando se pensa e se procura equilibrar o desenvolvimento do território nacional, não pode deixar de se ter em conta, como aliás o anota com o mais alto cabimento o Sr. Deputado Araújo Correia no magnífico parecer sobre as contas públicas de 1967, «que uma boa rede de estradas é um grande passo no caminho da valorização regional».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É que, continua-se no mesmo douto parecer, «o regionalismo no sentido económico não depende só de boas palavras, de anseios colectivos e até de potencialidades. Depende da organização de instrumentos e meios que permitam a circulação adequada, económica e rápida dos produtos locais».
A justeza de tais afirmações não pode sofrer contestação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É por isso que, Sr. Presidente, sabendo-se que já se pensa na organização do plano de actividades da Junta Autónoma de Estradas para o biénio de 1970-1971, venho lembrar que devem ser incluídas nesse plano as obras de construção das estradas n.ºs 343 e 344 e do último troço da estrada n.º 2.
É bem conhecida e justamente apreciada a dedicação de toda a hierarquia da Junta Autónoma de Estradas aos grandes problemas do seu sector, e bem conhecido é também que os órgãos superiores dessa hierarquia têm o apurado sentido das grandes necessidades nacionais, procurando satisfazê-la com integral abnegação.
Convencido estou, Sr. Presidente, de que não partirão deste organismo quaisquer objecções à imediata realização das obras apontadas; ponto é que para essa realização lhe sejam fornecidos os meios materiais indispensáveis, já que tudo se encontra devidamente projectado e em ordem para ser executado.
E peço vénia, Sr. Presidente, para tratar ainda de uma aspiração justíssima, também já várias vezes apontada nesta Câmara.
Trata-se da atribuição às casas regionais e às agremiacões regionalistas devidamente fundadas e estruturadas da qualidade de pessoas colectivas de utilidade administrativa, que o respectivo Código reconhece às instituições em que predomina o espírito de altruísmo e de bem fazer.
Não julgo necessário demonstrar a razão e a justiça de tal atribuição. As colectividades regionalistas têm prestado um tão elevado número de relevantes serviços ao progresso e ao desenvolvimento das regiões que representam que distingui-las com essa qualificação mais não é do que fazer inteira justiça.
Sr. Presidente, o respeito pela economia de tempo que V. Ex.ª não se cansa de apontar ser imprescindível leva-me a concluir as minhas considerações, sabendo que apenas referi alguns dos problemas que desejava tratar.
Mas não quero pôr-lhes fim sem, com respeitosa vénia, exclamar como V. Ex.ª já aqui fez gaudeamus, pois foi quebrado o enguiço da ponte sobre o rio Mondego, que ligará a Beira Alta à Beira Litoral, unindo Currelos, do concelho de Carregal do Sal, a Póvoa de Midões, do concelho de Tabua.
Vão adiantados os trabalhos dessa ponte desejada durante mais de um século e já cognominada de «ponte do enguiço» a que certamente está reservado nome mais de harmonia com a era cósmica que estamos a viver.
Mas, Sr. Presidente, quando as estradas que indiquei ficarem construídas também se exclamará em irreprimível grito de alma: Gaudeamus ... gaudeamus.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Valadão dos Santos: - Sr. Presidente: Completou há pouco doze anos de existência a Radiotelevisão Portuguesa. Não venho agora aqui fazer o relato ou dar o balanço do que tem sido o trabalho altamente meritório da nossa televisão. Não obstante a muita incompreensão e o alvo de que ela tem sido de certo sector da crítica, não há, todavia, dúvida alguma de que se nota um desejo sincero de progredir, de melhorar, de realizar trabalho útil em todos os campos da sua múltipla actividade, e, sobretudo, ir ao encontro dos desejos da grande maioria dos inúmeros telespectadores. Imagino bem quão difícil e ingrato é este papel de formar, cultivar, informar e divertir sem abdicar de um certo número de princípios basilares, de tal modo que possa agradar a todos os gostos e temperamentos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas, o que é facto, é que não obstante as várias deficiências, que naturalmente as tem de haver, a televisão é uma companheira inseparável de todos os dias e de todos nós, desde os mais pequeninos aos mais velhos, dos mais sisudos aos mais rabujento ... Todos, sem excepção, não prescindimos dela e, se há um ou outro programa com o qual não se concorda, logo a seguir encontramos algo que já pode satisfazer o nosso gosto ou a nossa sensibilidade. De resto, tinha de ser assim, pois não somos todos iguais.
Só o papel que a Telescola vem desempenhando na difusão da cultura e na formação da nossa juventude é de tal monta que, só por si, seria razão de ser para a existência da Radiotelevisão Portuguesa. Todos têm, assim, à mão esse veículo excepcional que é o da expansão da cultura pelos métodos mais modernos. Todos, ricos e pobres, e, principalmente, os mais afastados dos grandes centros urbanos, têm assim uma oportunidade excelente de quase apenas com a ajuda da Telescola, não só de melhorar, de progredir e de desenvolver os seus conhecimentos, mas também, e principalmente, de continuar aqueles estudos que lhes estavam vedados até aí.
Todas estas breves e simples considerações me vieram à ideia a propósito do 12.º aniversário da Radiotelevisão Portuguesa. Nesse dia tivemos o prazer de ouvir o sen administrador-adjunto falar de alguns problemas da Radiotelevisão: Mas, Sr. Presidente, foi enorme a minha estranheza, e ao mesmo tempo o meu desapontamento, ao verificar que, para este ano e para o próximo, se pretende apenas introduzir novos emissores aqui no continente, para melhorar as condições de recepção - o que acho muito bem-, e que, quanto à Madeira e Açores, nem uma referência se fez - o que acho muito mal -, pois que me leva a concluir que, para aquelas ilhas, praticamente nada está programado e estudado.
Será que mais uma vez estaremos a ser considerados de portugueses de segunda classe? Será que os 650 000 habitantes daqueles dois arquipélagos não tenham ainda merecido a atenção de um estudo e da possibilidade e viabi-