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1630 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 80

Foi dó distrito, da cidade de Guimarães, que Afonso Henriques partiu para o Sul na conquista de novas terras e foram assim os homens do Norte que formaram os exércitos do nosso primeiro rei. Sucederam-se os progressos para o Sul, submetendo novas gentes, e amontoaram-se as questões e quezílias com os povos do Norte, para além dos limites do território. As portas da civilização fecharam-se-nos ao norte pelos primos desavindos, enquanto novas portas se abrem ao País ao longo da orla marítima, mantendo-se através das trocas comerciais contactos com gente mais evoluída, o que viria a traduzir-se em promoção social pela cultura e bens de fortuna mais facilmente adquiridos. Braga e Guimarães foram ficando mudas e quedas, esquecidas entre seus montes, como que retraídas e envergonhadas por se sentirem menos favorecidas pela sorte que a sua localização lhes acarretou. De pouco lhes valeu terem sido o berço da Nação, já que os "centros de cultura" se foram fixando mais ao sul, onde um clima mais ameno e as facilidades de comunicação propiciavam, além de maior conforto, um maior contacto com gentes civilizadas. E eis então que se passa a dar um afluxo às fontes do saber pelos povos do distrito, desviando da sua terra cérebros e dinheiros que tanta falta ali faziam.

Ë um empobrecimento lento que se vai gerando, motivando até há relativamente poucos anos uma estagnação quase total no seu progresso. Esse entorpecimento na vida distrital mantinha-se porque as suas veias, que são as vias de comunicação rodoviárias, por serem muito más, dissuadiam os mais afoitos a percorrê-las.

Surge então uma aragem vivificadora que desperta para a vida a população que há muito hibernava. O arranjo das estradas em todo o distrito, permitindo uma fácil deslocação, não só dentro dele como para os distritos vizinhos, traz para Braga um forte arranque.

Multiplicam-se as indústrias e os resultados das colheitas passam a ser facilmente comerciáveis. E isto só porque as antigas estradas de terra, que as carruagens percorriam com dificuldade, deixando exaustos passageiros, cocheiros e cavalos, foi dado um pavimento ora asfáltíco, ora de paralelepípedo, ora mesmo de macadame. Eram as mesmas estradas em perfil longitudinal e transversal, só corrigidas num ou noutro ponto com variantes que para a época foram consideradas de concepção arrojada, mas apesar disso cumpriram plenamente a sua missão. Estávamos na década de 80.

E novamente, salvo uma ou outra excepção, em matéria de beneficiação das vias de comunicação, se entrou num período de repouso naquele distrito. São ainda hoje os mesmos pavimentos de há 30 anos que ali continuam a existir, com a desvantagem de estarem muito mais ondulados e de terem de permitir um trânsito incomparavelmente maior; são as tais variantes arrojadas de há 30 anos que hoje se consideram ultrapassadas, já que as velocidades e dimensões das viaturas diferem muito das de então; são, em resumo, as mesmas estradas de antanho, já que os perfis longitudinal e transversal se matem, que continuam a garantir a circulação automóvel que, em todos os sentidos, mas já em alguns casos com grande dificuldade, percorre o distrito. Mas a saturação das estradas está a dar-se, e, uma vez que a sua missão foi cumprida, é chegado o momento de se reiniciar a construção das que têm forçosamente de ser substituídas ou a reparação na íntegra dos pavimentos das restantes.

Porém, as câmaras municipais, segundo sei, não dispõem nem de verbas nem de apetrechamento humano e material que lhes permitam reparar e manter em boas condições no futuro, nas estradas a seu cargo, as obras executadas, de modo a evitar que redunde em pura perda o dinheiro que há a despender. Sei, porém, para nossa tranquilidade, ser este um dos problemas a que o Sr. Ministro das Obras Públicas está a dedicar a sua atenção.

Mas além da malha de vasos capilares que constitui a rede secundária de estradas, há necessidade de ampliar, reparar e conservar toda a outra, de modo a que o trânsito de viaturas ligeiras e pesadas se possa fazer em boas condições e serem assim servidos todos os aglomerados populacionais; há, ainda, segundo penso, que rever a classificação das estradas, de modo que o centro do distrito de Braga fique directamente ligado às fronteiras de Valença do Minho e da Portela do Homem por estradas nacionais de 1.º classe. Só assim se poderá incluir Braga nos circuitos internacionais de turismo, pois, tal como no tempo dos Romanos, o distrito será atravessado então por muitos dos que pelo Norte pretendam entrar ou sair do País.

A estrada nacional n.º 201 seria assim substituída por uma nova estrada de l.ª classe que entroncaria em Braga com a (projectada e anunciada auto-estrada do Porto. Simultaneamente, através da estrada nacional n.º 103, após uma correcção do seu traçado, e da que a ligasse à Portela do Homem, substituindo a estrada nacional n.º 308-1, ficaria o Parque Nacional do Gerês com possibilidades de ser visitado por nacionais e estrangeiros.

Além da auto-estrada que ligará o Porto às duas principais cidades do distrito, cuja construção, no todo ou em parte, é de necessidade imperiosa no presente momento, e de se fazer a melhoria do traçado, do perfil transversal e do pavimento da estrada que liga Braga a Guimarães, deverá a estrada nacional n.º 103, que liga Braga a Barcelos e a Viana do Castelo, sofrer as correcções necessárias e suficientes, de modo que se possa considerar uma estrada moderna para as modernas exigências do tráfego. Ficaria assim o distrito de Braga servido pelos portos rio mar de Leixões e de Viana do Castelo, pois estamos certos de que não demorarão muito a executar as obras neste porto, tornando-o apto a servir também a rica região do Norte do Pais.

Haverá também necessidade de transformar a estrada nacional n.º 103-1, que liga Barcelos a Esposende, por forma que o porto de pesca da foz do Cávado, que tanta necessidade tem de ver melhoradas as suas condições naturais, fique, juntamente com as praias, ligado aos grandes centros populacionais que tem de servir.

Haverá ainda, e isso ninguém o nega, que dar à estrada nacional n.º 13, que é a estrada europeia n.º 50, as características a que tem direito e que no troço que pertence ao distrito de Braga são presentemente bastante deficientes.

Tal como o Sr. Deputado Costa Oliveira, entendemos como necessário que o Aeroporto de Pedras Bubras passe a ter utilização normal pelas carreiras internacionais, utilização essa que permitirá rápida chegada ao distrito de Braga dos turistas que ao distrito se destinem; e julgamos até que essa permanente utilização do Aeroporto de Pedras Bubras pelas carreiras internacionais obrigará rapidamente à construção de um aeródromo somente destinado aos pequenos aviões de recreio ou mesmo dos táxis aéreos. Julgamos ainda que será então ocasião de construir no distrito de Braga um aeródromo que, convenientemente apetrechado, sirva o turismo e os homens de negócio da região.

Dentro do esquema do aviso prévio que o nosso ilustre colega e Prof. Doutor Nunes de Oliveira era tão bon hora apresentou a esta Assembleia, esta, também - valorização do património artístico e monumental. Considero que é, na verdade, fundamental essa valorização, e com