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10 DE FEVEREIRO DE 2971 1631

prazer o afirmo que tem havido, da parte do Governo e das câmaras municipais das três cidades do distrito a constante preocupação de restaurar e fazer realçar os monumentos históricos que as mesmas cidades possuem. E isso é muito importante para o turismo, uma vez que, estando o mundo ávido de instrução, andam os povos endinheirados em permanente busca de monumentos históricos para conseguirem obter, através da simples observação e das palavras de um guia, a melhoria da sua cultura.

Vi com satisfação que na cidade de Braga se procede ao restauro do Palácio dos Biscainhos e fiquei a pensar quão grande benefício seria para a cidade a demolição das casas que junto ao arco da Porta Nova impedem a visão da torre ali existente e, bem assim, da muralha que se lhe segue. Igualmente julgo que se deveriam demolir os prédios que junto à igreja da Misericórdia impedem que se veja o Palácio onde está a biblioteca, como se deveriam demolir, afinal, todos os prédios que sem história ocultam páginas da história da cidade. Isso tem sido feito em todo o mundo, tem sido feito no nosso país, e mesmo em Braga muito se fez já, achando que é oportuno prosseguir.

Impõe-se também a construção de bons hotéis nas termas do distrito, pois, salvo um ou outro caso, estão os existentes de há muito ultrapassados.

São prédios velhos, com fracas condições de segurança e de conforto, que urge substituir, não por prédios luxuosos, mas sim por prédios dó arquitectura simples para as pessoas simples que somos todos nós. Poderá haver hotéis de luxo, mas o que é fundamental é a existência de bons hotéis, confortáveis e seguros, onde a maioria dos portugueses possa ter acesso. É fundamental, quanto a mim, fomentar o turismo interno, mas isso só é possível se os hotéis que se construírem forem acessíveis A bolsa da maioria dos portugueses.

E basta o serviço dos actuais hotéis, que é, de um modo gerou, modelar, juntamente com as águas medicinais, cuja fama, embora grande, convirá enaltecer, já que isso traduz a vendada, para atrair, além dos padecentes, os seus familiares e amigos, se as instalações forem confortáveis, seguras e económicas. E considero que é fundamental criarem-se nas bermas, e mesmo mas estâncias de repouso, distracções para a juventude, pois só assim se evitará uma segregação por idades, que naqueles locais tão frequente é.

Se ligados a esses hotéis ou à própria estância houver piscina com água quente, ginásios para complementar cultura física, salões de festas, onde salutarmente se possam dividir, haverá interesse dos jovens em acompanhar as suas famílias e, possivelmente, até mais pessoas acorrerão para verem como uns se tratam e outros se divertem. Muitos agora irão às termas e as praias somente pana descansar um ou dois dias; mas exactamente porque ou não há instalações que o permitam, ou se existem têm preços que para nós são proibitivos, resulta, que presentemente a grande maioria só pode fazer turismo levando o farnel e dormindo na camioneta.

Urge, pois, construir hotéis onde essa maioria tenha possibilidades de entrar, isto é, hotéis que sejam acessíveis à bolsa da maioria.

Isto competirá, evidentemente, às empresas particulares, pois que isso, inclusivamente, lhes trará bons rendimentos aos seus capitais.

Com a instalação no distrito de Braga das fontes de saber que os meus excelentíssimos colegas aqui mencionaram e a que dou o meu pleno apoio, juntamente com as obras que nesta intervenção sugiro, algumas das quais fazem já parte do programa do Governo, julgo que se conseguiria dar ao distrito infra-estruturas fundamentais para o seu pleno desenvolvimento.

As indústrias poderão então multiplicar-se sem qualquer dificuldade, porquê, além da energia e da água que existe em todo o distrito, as ligações rodoviárias com os portos de mar garantirão um fácil e económico transporte.

Mas as indústrias só poderão conquistar mercados e manter-se em regime de competição se no distrito houver as escolas de maior ou menor grau aqui mencionadas, onde a juventude possa preparar-se convenientemente para garantir a essas mesmas indústrias o apoio técnico indispensável. Assim se formarão nas escolas os operários dos diversos graus, do mais baixo ao mais elevado, o que lhes permitirá iniciar a sua actividade nas fábricas sem ser como servente, como aprendiz ou como auxiliar de escritório, isto é, com ordenados incompatíveis com o desejo de promoção social a que todos têm direito.

A indústria, sendo servida por mão-de-obra e por cérebros devidamente preparados, deixará de ser uma indústria de amadores, podendo assim vender mais e pagar melhor, a quem trabalha.

E tal como a indústria está a agricultura, pois tem que ser na escola que se deverá aprender a ser agricultor, ou melhor, tem que ser na escola que se deverá ensinar a produzir mais e melhor com menos trabalho; tem que ser na escola que se deverá ensinar a tirar da terra o que a terra pode e deve produzir, para que a colheita pague o trabalho despendido pelo agricultor; tem que ser na escola que se deve incutir no espírito do futuro agricultor, a ideia de associação, pois só nesse regime de auxílio mútuo poderá o rendimento do trabalho agrícola ser compensador, em propriedades extremamente divididas como as do distrito de Braga.

Isto quanto ao futuro, porque quanto ao presente parece-me que seria talvez útil fazer cursos de formação acelerada para agricultores, tal como se faz para outras actividades. Ensinar-lhes novos métodos de trabalho, ensinar-lhes como determinar os custos de produção, ensinar-lhes, afinal, tudo o que não sabem, para poderem obter da Agricultura e da pecuária o rendimento necessário para viver condignamente na terra em que nasceram.

Parece-me até que esses cursos de formação acelerada, quer para a agricultura, quer para a indústria, poderiam pesentemente ser feitos durante o período de instrução militar ou após o regresso de missão de soberania no ultramar, antes de serem licenciados. Naturalmente que conviria que tirassem esses cursos voluntariamente, o que julgo que não será difícil, se lhes for pago durante o curso o salário correspondente ao que o seu trabalho produzirá quando o curso estiver concluído. Haverá mais uma despesa, é certo, mas também seria uma compensação para o esforço que despenderam receberem do Estudo os ensinamentos indispensáveis para poderem granjear a vida em boas condições.

E, no fim, o País só lucraria se todos os que deixassem o serviço militar estivessem aptos a produzir melhor, pois isso resultaria em benefício de todos nós.

Não quero terminar sem dizer que sei perfeitamente quão elevado é o custo destas obras e que, portanto, não seria nem em um, nem em dois anos que se poderiam resolver. Mas também sei que são necessárias, e, por isso, as de maior vulto, depois de devidamente projectadas, poderiam perfeitamente ser executadas na sua maior parte no próximo plano de fomento; as restantes, como sejam as da estrada nacional n.º 18, as da auto-estrada Porto-Guimarães-Braga, a abertura da fronteira da Portela do Homem e a conservação cuidada dos pavimentos existentes nas diversas estradas, de tão premente