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1642 DIÁRIO DAS SESSÕES Nº 81

Se toda a questão se circunscreve ao distrito de Braga, por legítimas se devem considerar as achegas que não caibam no respectivo âmbito geográfico e para o tratar só admitidos devem ser aqueles que, por representação eleitoral ou aprofundado conhecimento, são validos interlocutores na matéria.

Ao que vem, por isso, a minha e outras intervenções centradas em diferente dimensão espacial e assentes em díspar justificação?

Não preciso dizer isto para me sentir à vontade, mas é bom que o diga:

Projectado embora para o distrito de Braga, logo desde o início foi aceite pelo ilustre Deputado avisante que o mesmo aviso prévio mais completo ficaria se a perspectiva da analise não se ficasse pelas fronteiras administrativas e artificiais da divisão distrital, mas antes se espraiasse por todo o horizonte da genuína dimensão dos problemas. E ninguém ignora que, por vontade de Deus e dos homens, muitas e múltiplas são as afinidades que, num destino comum, juntam as coisas, os problemas, os anseios e aspirações dos povos de Entre Douro e Minho, para além daqueles outros, que são os mais importantes, e os fazem solidários com o resto da Nação.

É em nome dessas afinidades que aqui estou a falar e a agradecer a aportunidade que assim se oferece a todo o Minho - de Braga, Guimarães, Barcelos ou Viana do Castelo - de mostrar à Nação a sua verdadeira face.

E aqui nos surge o segundo problema:

Qual é a verdadeira, a autêntica face da região minhota?

Para os que de fora a vêem ou visitam ela é bem conhecida: é a face optimista e alegre da sua gente, na alacridade dos seus trajes, na vivacidade dos cantares, na beleza dos suas mulheres, na euforia das suas festas e romarias, e é também o colorido forte da sua natureza edénica com o verde, verde dos seus campos, o dourado dos seus montados, o prateado buliçoso dos seus rios e ribeiros e o azul crescente do seu céu e do seu mar.

É esta a imagem dos que de fora nos vêm visitar e até a que, por força da sua pujança, a que mais gostamos de reter em nossos olhos.

Quebra, porem, o encanto aquele verso conhecido, que reza assim:

Ver só com os olhos
E fácil e vão
Por dentro das coitas
É que tu coisas são.

Ora, o maior, mérito do aviso prévio em discussão será precisamente mostrar como são as coisas por dentro.

E aqui outra dúvida nos assaltou.

Como fazê-lo?

Pensei, primeiramente, em encher o meu arnês com a força convincente das estatísticas e dos números para mostrar carências e realizações, fundamentar, pedidos e aspirações, justificar queixas e justas reclamações.

Nesse sentido dei mesmo alguns passos e eles me conduziram ao conhecimento, bem alarmante por sinal, e para apenas referir dois aspectos fundamentais ao bem--estar e progresso das populações - as comunicações rurais e a electrificação -, que só no distrito de Viana do Castelo falta ainda construir, paira servir povoações com mais de 100 habitantes, cerca de 100 km de estradas municipais e 215 km de caminhos (com a atenuante embora de que o plano de viação rural para 1970 foi quase integralmente cumprido), como igualmente se tornou conhecido que das 288 freguesias do distrito apenas se encontravam electrificadas 161 e em curso de electrificação cerca de uma dúzia, impondo-se, para total cobertura da região, despender verbas da ordem dos 88 000 contos.

Simplesmente, ao alinhar depois estas e outras séries, um grande vazio se instalou em meu ânimo: os números eram significativos, mas a realidade não se exprime apenas com estatísticas; ela quer, para viver e penetrar as inteligências, o calor da emoção e a chama viva da fraternidade.

E então uma palavra começou a bulir por forma estranha em todo o meu sentir: a palavra "prioridades". Porquê?

Eu explico:

Com fundadas e justas razões o Minho, e de modo especial o distrito de Viana do Castelo, sente que tem sido injustamente preterido em muitos aspectos, que, pelo jogo livre das prioridades, lhe dariam jus a mais confortável posição no contexto nacional.

Não interessa agora averiguar de quem é a culpa, se dos que lá estão se daqueles que, de fora, são solidários ou responsáveis pelo seu atraso.

E é altura de arrancar a máscara alegre e vistosa do Minho em festa, para o encarar na sua verdadeira face. E esta não é tão alegre como aquela.

Fá-lo-emos apenas em três ou quatro aspectos, que tantos bastam para mostrar como por trás da cor rosada das faces da gente minhota, ou do verde álacre dos seus campos, nem tudo, por vezes, é tão colorido e tão esperançoso.

Falemos em primeiro lugar do turismo.

Parece que a ninguém oferece contestação que, se há região, no território continental português, que tem vocação turística, pelas belezas da sua natureza, hospitalidade da sua gente e valor cultural do seu património artístico e histórico, essa região é, sem dúvida, o Minho. Tanto mais que todos sabemos também quanto são várias e dispersas as tendências das correntes turísticas, buscando umas o mar e o sol, outras a montanha e o campo, outras ainda as cidades e a cultura. Ora, acontece que, quando bem aproveitado, o Minho de tudo isso pode oferecer um pouco, sem artificialismos e imprevisões e muitas vezes sem exigir sequer grandes investimentos.

Tudo está em que, de tão variado potencial de riqueza turística, se faça conveniente inventário, integrando-o na conjugada política das prioridades turísticas nacionais.

Não pretende o Minho rivalizar com qualquer outra região, que outras reconhece com aptidão turística equivalente, mas deseja também não ser por elas preterido.

Eis ao que vêm os anseios de reforço das suas estruturas hoteleiras, felizmente em fase de ampla e marcada expansão (recordando, novamente a propósito, como começa felizmente a suceder, o manancial de potencialidades que para o efeito oferecem os seus magníficos solares e monumentos); ais ao que vem o seu desejo de maior liberdade de acesso das correntes turísticas que do país vizinho nos procuram, abrindo novas fronteiras como aquelas que constituem portas naturais de entrada em Portugal, designadamente a fronteira do Lindoso, tradicional acesso da poulação da região de Orense em busca do mar de Viana e Âncora; eis ao que vem o seu desejo de ainda maior valorização do folclore e das festas tradicionais, que outras mais belas não temos, integrando-as nas grandes campanhas de promoção do turismo nacional; eis ao que vem o seu legítimo anseio de valorização do prodigioso e rico artesanato da sua gente, transformando-o em fonte de riqueza e instrumento de difusão da beleza e da cultura nacionais.

Eu sei que tudo isto está a ser pensado, e mais até, que muito está já a ser executado mercê do carinho te interesse da Secretaria de Estado da Informação e