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2598 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 130

A partir de agora, porém, o Ministério das Corporações passará a reconhecer a validade da preparação dada pelos centros de instrução de especialidades do Ministério do Exército, para efeitos de concorrência no mercado de emprego, e o Ministério do Exército aceitará nas fileiras, como especialistas já formados tecnicamente, os trabalhadores qualificados pelo Serviço de Formação Profissional do Ministério das Corporações. Além destes, são também anualmente incorporadas muitas dezenas de jovens preparados nas oficinas escolares, cujos conhecimentos não se limitam ao modo de fazer, porque têm um suporte teórico apropriado, temperado cada vez mais, necessariamente e felizmente, por uma cultura de raiz clássica.
Todos estes jovens, repito - e é isto que pretendo afinal dizer, têm estado longos meses como militares nas províncias ultramarinas, sendo todavia reduzido o número dos que lá ficam depois de passarem à disponibilidade. Não vale já a pena procurar as razões ou formular as hipóteses do retraimento, pois a criação recente de serviços locais de emprego no ultramar e o propósito, declarado pelo Sr. Ministro das Corporações, de se estabelecer entre esses serviços e os abrangidos pelo protocolo e ainda os do Secretariado Nacional da Emigração uma interligação interessada no povoamento ultramarino dá-nos a esperança, quero mesmo dizer, dá-nos a certeza, de que a nossa mão-de-obra especializada passará finalmente a ser fixada e canalizada para o ultramar, onde tão necessária é, sendo de aconselhar, até se estabelecer uma corrente natural de circulação, que se facilite a sua transferência e a sua fixação, como em tão larga medida se faz com os agricultores.
Permito-me, porém, apontar dois pormenores que não escaparam à minha breve observação, tão perturbadores são da marcha regular dos serviços ultramarinos. Sobre eles formulo dois votos:

1.º Que não sejam criados lugares por diploma ministerial sem prévia cobertura orçamental da província a que se destinam;
2.º Que não sejam estabelecidas novas condições de remuneração sem se garantir a sua aplicação àqueles que entraram mais cedo para os serviços públicos.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Dias das Neves: - Sr. Presidente: Desde muito novo que fomos educados e aprendemos pela prática que o desporto é uma escola de virtudes cujo exercício contribui para a formação do carácter e da personalidade dos homem.
Uma escola onda, a par do cultivo da força, da arte e habilidade naturais, do engenho e da inteligência, se cultivam virtudes, como a justiça, a lealdade, a moral, o sentido de equidade e respeito pelos outros e todas as que estão na base de uma formação integral e nas quais assentam o carácter e a personalidade do homem e o dignificam, como pessoa humana.
A prática de qualquer desporto, desde o miais rudimentar ao mais evoluído,, e o exercício das virtudes apontadas contribuem igualmente para» a formação do espírito desportivo, o espírito superior que fomenta o entendimento entre os homens e, consequentemente, entre as nações.
Hoje, mesmo dos extraordinários meios de comunicação, que permitem que qualquer manifestação realizada num dos quatro cantos do Munido possa ser vista e observada directa e simultaneamente nos outros cantos, fantástico domínio da técnica pelo homem, que nos permite estar a ver, no momento em que se realizam, desembarques e acções idos astronautas na Lua. Hoje - dizíamos -, o desporto constitui um extraordinário meio de aproximação entre os povos, desempenhando uma função social e política dia maior importância, na medida, em que do confronto dessas virtudes e da aceitação delas resulta uma maior compreensão entre os homens, pelo conhecimento mútuo dos seus problemas, da sua maneira de ser e de estar no mundo.
Assim sendo, é que assistimos ao longo do nosso planeta ao interesse das nações e ao empenho dos seus governantes no desenvolvimento permanente de uma sã vida desportiva, com vista não só ao desenvolvimento físico do homem, mas principalmente em ordem à sua formação integral, e a realizar um Confronto internacional dos mais variados desportos.
As nações procuram, pois, através das suas escolas das variadas instituições e dos seus dirigentes, promover todas as acções necessárias à obtenção desta finalidade, que se nos revela da maior transcendência na vida colectiva nacional.
De todos aqueles a quem cabe maior responsabilidade neste fenómeno é aos dirigentes desportivos, que são responsáveis pela organização, direcção e orientação das actividades e guardiões do espírito que deve impregnar toda a actividade desportiva.
Na realidade, o dirigente desportivo tem de ser solidamente formado nas virtudes que suo a essência do próprio desporto, tem de ser conhecedor d»s técnicas da actividade que dirige e respeitador de todos quantos estão comprometidos nessa actividade, mas. e essencialmente, possuidor, pelo exercício dessas virtudes, de uma integridade de carácter e dotado de uma personalidade, espírito de decisão e de justiça que lhe permitam estar à altura de orientar, dirigir e defender contra todos os interesses alheios, confessados ou não, a actividade que se propôs dirigir.
A não ser assim, os dirigentes que manejam ou se deixam manejar por interesses que são contrários à própria actividade que dirigem estão a atraiçoar o espírito que deve presidir a essa actividade e a contribuir para a sua destruição.
Foi, pois, com a maior preocupação que tomámos conhecimento através da imprensa diária, e especialmente da desportiva, das resoluções de um congresso da Federação. Portuguesa de Futebol, órgão superior de direcção deste sector de actividade desportiva, sector a quem o País já deveu que o seu nome fosse glorificado em todo o Mundo, resoluções, dizíamos, que na maioria dos jornais da especialidade, se não na totalidade, e nos outros, são qualificadas com adjectivos como imoralidade, iniquidade, injustiça, antidesportivas, contra toda a ética desportiva, de escândalo, etc.
Não nos cabe a nós julgar das actuações dos dirigentes que compõem estas instituições e seus órgãos directivos, mas cremos que o interesse nacional que emana do valor dessa actividade nos manda perguntar se um sector desportivo com a importância do futebol pode estar entregue a dirigentes que negam a sua própria função e atraiçoam o espírito e a ética de um desporto que são obrigados, porque nele voluntariamente se comprometeram, a defender.
E, se toda a imprensa diária da especialidade e outra fazem esta acusação, poderão os altos interesses morais e materiais em jogo estar à mercê de dirigentes que a si