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15 DE DEZEMBRO DE 1972 4113

E as populações do meu distrito, que não contam a ingratidão entre os seus defeitos, vestiram as suas melhores galas para viverem aqueles acontecimentos e para afirmarem, inequivocamente, o seu agradecimento aos categorizados visitantes deste último fim-de-semana.

A atmosfera vibrante de entusiasmo e reconhecimento que Suas Excelências encontraram para lá do Marão, desde Murça a Vila Real, e as emocionantes e memoráveis demonstrações de respeito, carinho e simpatia de que foram alvo, constituíram aprova insofismável de que, naquele alto recanto da Pátria, levantámos por momentos ao alto o nosso espirito, que o dinamismo da vida prende constantemente a terra e às preocupações materiais, num autêntico encontro connosco próprios, sob n grata autoridade dos Ministros presentes.

Eco modesto da vibração geral por que passaram os povos do distrito, cube-me, como seu mandatário aqui, manifestar a pública alegria que Suas Excelências nos levaram, com a afirmação sentida do comovido agradecimento que em todos nós deixaram à partida.

Sr. Presidente: Seja-me permitido, com as felicitações, que em seu e meu nome daqui endereço, prestar a homenagem dos meus representados nesta Casa ao município da capital transmontana e à comissão a quem, em boa hora, foi confiada a tarefa de levar a efeito as "Comemorações do VII Centenário do I Foral de Vila Real", destacando, por ser de justiça, o presidente daquele corpo administrativo e o reverendo Armindo Augusto - incansáveis e eficientes no desempenho da missão que lhes foi cometida.

Não podia também, neste momento, esquecer a palavra de congratulação devida à Câmara Municipal de Murça e ao seu presidente, pela dignificante deliberação oportunamente tomada e que teve agora a sua justa consagração.

E, para finalizar, resta-me referir as celebrações do cinquentenário da Diocese de Vila Real, que também tiveram lugar neste ano de 1972, por iniciativa de S. Ex.ª o Sr. Bispo, D. António Cardoso Cunha, e que terminaram no dia da Imaculada Conceição - padroeira da cidade e da diocese.

Com este pretexto, viveram-se também, na "Princesa do Marão", horas inesquecíveis, em que as realizações de carácter espiritual se sobrepuseram as tarefas materiais do dia a dia - o que constituiu, no mundo conturbado de hoje, um reconfortante exemplo da verdadeira grandeza dos valores morais a preservar intransigentemente.

Sinto, por isso, a maior satisfação em deixar registada, nos mais desta Assembleia, a palavra de louvor justamente devida a S. Ex.ª Reverendíssima e aos seus colaboradores mais directos, com uma referência especial ao abade da Sé de Vila Real, que foi, sem dúvida, o obreiro exemplar das cerimónias comemorativas dos cinquenta anos da nossa diocese.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Cancella de Abreu: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O assunto que hoje me proponho levantar nesta Assembleia pode parecer, à primeira vista, de simples lana-caprina e impróprio de aqui ser tratado por não merecer a devida importância, mas, na realidade, ainda que indirectamente, ele está relacionado com muitas dezenas de milhares de portugueses. Refiro-me ao problema de corte de relações entre clubes desportivos.

Por certas e determinadas razões, mais ou menos fundamentadas e tendo como base causas de natureza económica ou, até, de ética moral, alguns clubes, principalmente os de maior projecção ou nomeada, decidem cortar relações com outros agrupamentos desportivos congéneres.

Mas em que consiste, realmente, esse tão falado corte de relações? Além de uma atitude simbólica, de palavras ditas ou escritas ou de queixas a entidades superiores, em pouco mais verdadeiramente, ele se materializa.

Vejamos o que se passa no sector do futebol, aquele onde, com mais frequência, para não dizer quase em exclusividade, se verificam esses desentendimentos clubistas. Por motivos vários, que não vêm agora para o caso, um clube corta relações com outro. O que podemos observar então a diversos níveis desses dois agrupamentos desportivos? Entre os dirigentes de ambos os lados existe muitas vezes uma amizade velha de longos anos e não são as desinteligências surgidas entre os clubes que vão alterar as suas antigas relações pessoais. Recorde-se, a propósito, o que relatou o jornalista Cruz dos Santos no jornal desportivo A Bola, no seu inúmero de 15 de Julho próximo passado, aquando de uma reunião, em Zurique, para o sorteio das provas europeias de futebol. Com o subtítulo "Bela Realidade", escreve-se naquele tri-semanário:

Independentemente e bem, para lá da maior ou menor felicidade que tiveram nos sorteios, esta presença dos clubes portugueses em Zurique, através dos seus representantes, teve um aspecto muito positivo e que também não podemos deixar sem registo: a excelente camaradagem e amizade, mesmo espírito de colaboração, que confirmámos existirem entre eles, numa bela demonstração de que rivalidades entre clubes nada têm a ver com relações entre os seus dirigentes. Vimos, por exemplo, a forma como os Drs. X e Y - os nomes vêm indicados por extenso no artigo do citado jornal - confraternizaram, no mais acabado exemplo de dois homens que se respeitam e se estimam.

Acrescentemos nós que as personalidades a que ali se faz referência correspondem a conceituados e conhecidos responsáveis por dois clubes que, actualmente e desde há bastante tempo, se encontram de relações cortadas.

O Sr. Casal-Ribeiro: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com todo o prazer.

O Sr. Casal-Ribeiro: - Sr. Deputado Cancella de, Abreu: Eu peço imensa desculpa a V. Ex.ª de o interromper . . .

O Orador: - Tenho muito prazer.

O Sr. Casal-Ribeiro: - . . ., mas a minha interrupção é apenas motivada por duas razões: primeiro, aplaudir sinceramente o facto de V. Ex.ª trazer à Assembleia Nacional um problema que pode realmente não ser para ser discutido aqui,- mas também tem interesse que se saiba que numa Assembleia essencialmente política se apreciam determinados problemas que têm influência na convivência dos homens e, sobretudo, das massas. Eu estou plenamente de acordo com tudo quanto V. Ex.ª disse. E aqui faço um parêntesis naquilo que eu próprio estava a dizer. Ninguém pode evitar que as pessoas, as empresas, as colectividades tenham melhores ou piores relações, se dêem ou não, gostem uma da outra ou não gostem. Simplesmente, entre nós o problema assumiu uma acuidade de tal forma que então - e entro no que