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4736 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 235

tados em Portugal. E permito-me ler um extracto que tirei de um jornal diário, onde se diz:

26 de Outubro de 1970. - Explodiu uma bomba no navio Cunene, atracado na doca de Alcântara.

21 de Novembro de 1970. - Registaram-se diversas explosões em Lisboa, nomeadamente na Escola Prática da antiga P. I. D. E., no cais da Fundição e no Centro Cultural da Embaixada dos E. U. A.

8 de Março de 1971. - Diversos engenhos explosivos danificaram aviões militares e destruíram helicópteros na base aérea de Tancos.

26 de Julho de 1971. - Foi detectada uma carga de plástico numa lancha da Marinha em construção na Figueira da Foz.

27 de Outubro de 1971 - Sabotagem nas instalações da N. A. T. O. (Comiberlant), um dia antes da inauguração oficial, em Oeiras.

7 de Novembro de 1971. - Instalações da N. A. T. O., na Costa da Caparica, foram danificadas por uma explosão.

12 de Janeiro de 1972. - Duas explosões destruíram instalações, carga e bagagem no navio Muxima, que se preparava para largar para Moçambique, atracado no porto de Lisboa.

11 de Julho de 1972. - Sete bombas danificaram catorze viaturas pesadas e três carros particulares nos Olivais e em Moscavide.

9 de Agosto de 1972. - Explosões danificaram estações de energia eléctrica em diversos pontos do País (áreas de Lisboa, Porto e Coimbra).

26 de Setembro de 1972. - Sabotagem de duas estações da Rádio Marconi em Palmeia e Sesimbra.

31 de Dezembro de 1972. - Registaram-se explosões de fraca potência nas estações ferroviárias do Sul e Sueste, Santa Apolónia e Cais do Sodré, e ainda em Moscavide, à saída de um campo de futebol.

6 de Janeiro de 1973. - Onze engenhos de fraca potência explodiram em diversos pontos de Lisboa, os quais lançaram simultaneamente tipos vários de panfletos.

26 de Janeiro de 1973. - Rebentou uma bomba fraca nas traseiras de um prédio em Portimão.

O último atentado, aquele a que V. Exa. se vem referindo, foi o de maior intensidade. Parece-me, salvo erro de memória, que até hoje o País ainda não foi suficientemente informado quanto às investigações e detecção dos elementos que causaram estes prejuízos morais e materiais no País, desde 1970 até 1973. Temos nada menos que treze atentados neste espaço de tempo, segundo o extracto que acabei de ler, mais o citado por V. Exa. Deixo a V. Exa. os comentários que julgar conveniente fazer, mas peço com a maior urgência ao Governo que tome em toda a conta este problema.

O interruptor não reviu.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado Vasconcelos Guimarães, por esses elementos, que desde logo completam a minha exposição, a qual, no fundo, tem como objectivo alertar, ou melhor, dar força ao Governo para que tome todas as providências que requer uma situação que está a tomar aspectos absolutamente alarmantes.
Os Portugueses querem trabalhar, estudar e realizar com a certeza de que não estão sujeitos a ataques hediondos e à mercê da felonia de umas quantas dezenas de bandidos a soldo de estrangeiros, mas sabe-se lá se também de portugueses que, contudo, pretenderão passar por bons cidadãos.
Julgo que as populações poderiam ter um importante papel a desempenhar nesta fase atribulada da vida nacional, alertando as autoridades sempre que tenham suspeitas ponderadas sobre pessoas ou organizações capazes de acções antinacionais. Mas sem aproveitar essa abertura para vinganças ou delações indignas.
A repulsa geral que os atentados bombistas a que me refiro provocaram na população de Lisboa está à vista, pois eu ouvi os mais veementes protestos de gente modesta com quem tive ocasião de falar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O povo, o bom povo português, ê alérgico ao banditismo e não hesita em apoiar o Governo nesta emergência, para tomar as medidas, as mais drásticas, que tão nefandos crimes requerem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os que me conhecem melhor sabem que sou um homem tolerante, avesso a violências, partidário de soluções suasórias, enquanto elas são possíveis. A minha reacção neste caso é, por consequência, mais válida, porque é ditada por um sentimento de indignação e de revolta contra autênticos atentados de lesa-pátria, visto que, além do impacte nacional, buscam o estrangeiro. Suponho que numa Câmara que representa o povo de Portugal haveria que declarar bem alto que esse povo não quer mais mortes de inocentes, não quer mais devastações materiais, não quer, enfim, que na ainda impropriamente chamada retaguarda se traiam os seus filhos, que arriscam diariamente a vida para defender populações e a integridade da Nação em terras de África.

Vozes: - Muito bem! Muito bem!

O Orador: - Seria, pois, a meu ver, de dar ao Governo, una você, um voto de confiança para que assuma todos os poderes que, com a ponderação que tem de ser uma das suas constantes, repute indispensáveis com o objectivo de cessarem definitivamente crimes monstruosos que criam um ambiente de intranquilidade e de mal-estar, altamente pernicioso para que se levem a cabo as grandes tarefas de progresso