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15 DE MARÇO DE 1973 4771

absorção de estupefacientes (a que chamam "viagem"), etc. Esse repúdio ostensivo não inibe muitos deles de continuarem a viver basicamente à custa da família, geralmente abastada, que os (mal) criou.
Iniciado nos anos 60 na East Village de Nova Iorque, no bairro Haight-Ashbury, de São Francisco, e no Du Pont Circle, de Washington, o movimento hippy espalhou-se sucessivamente por toda a América do Norte, sob a forma de bandos mais ou menos numerosos, alcançando alguns a Europa e outros a Ásia, em cujas doutrinas filosóficas e religiosas se dizem inspirar. Por isso muitos se dirigiram para Katmandu, capital do Nepal, donde acabaram por ser expulsos por indesejáveis, o que já não sucedeu em países tidos por mais civilizados.
Fugidos de casa e das escolas que frequentavam, os hippies renegam a sociedade em todos os aspectos, forma infalível de evitar todas as obrigações dela decorrentes: os estudos, o trabalho, a higiene e as chamadas "conveniências". Tornam-se assim, deliberadamente, ignorantes, vadios, sujos e desenvergonhados.
Pacifistas e objectores de consciência (para se livrarem do serviço militar), declaram-se inimigos de toda a violência, com excepção da manifestada na música pop. Dizem-se "filhos das flores", sem que isso implique qualquer carinhosa alusão à mãe ou ao pai, que lhes mandam dinheiro para não terem de os aturar. Quando o dinheiro se gasta, pedem esmola, instituindo assim uma nova classe de mendigos, numa época em que por toda a parte se procura acabar com a mendicidade. Oferecem flores aos mirones que os observam e aos polícias que correm com eles dos parques onde pretendem acampar.
Quase sempre descalços e guedelhudos, vestem-se de maneira extravagante, com andrajos multicores, e despem-se com a maior facilidade, a qualquer pretexto, ou mesmo sem pretexto nenhum. Usam colares, pulseiras, berloques, guizos e outros adereços de alta fantasia. Muitos andam de viola a tiracolo, instrumento simbólico, pois a sua intenção é "violar" em todos os sentidos, como se exprime na divisa: "Make love, not war".
São, em suma, uma espécie de ciganos amadores, falsos ciganos de várias raças, sem eira nem beira, que a sociedade moderna parece levar em gosto, não fazendo nada para os "recuperar".
Na verdade, talvez não valha a pena. Mas deve ir preparando espaço nos cemitérios para os que sucumbirem à droga ou à miséria "procurada", nos hospitais, para os menos atingidos, nos asilos, para os que conseguirem chegar a velhos, e nas prisões, para aqueles que, efectivamente alienados pelo LDS, a heroína, a mescalina e outros excelentes alucinógenos, seguirem o exemplo dos assassinos de Sharon Tate e outras vítimas, conhecidas ou ignoradas, dos inocentes hippies.

O presidente Nixon, em Novembro de 1970, com a autoridade e responsabilidade que lhe advêm de chefiar uma das mais poderosas nações do Mundo, ao apontar o perigo do movimento hippy para a sociedade americana, proferiu as seguintes palavras:

Se um homem decide vestir-se de uma maneira diferente, usar o cabelo de uma maneira diferente ou falar de maneira diferente que causa repugnância às pessoas decentes, o problema é dele. Mas quando atira uma pedra, então é dever de todos nós impedi-lo.

A pedra já nos foi lançada pelos hippies que condescendentemente acolhemos no nosso país.
Trouxeram filosofias degradantes e decadentes, maus costumes, droga, porcaria.
Lançaram-nos pedras, temos que os impedir de continuarem a fazê-lo.
Torna-se necessário evitar a sua entrada em Portugal e enviar quanto antes os parasitas nacionais que por aí pululam para campos de recuperação, para hospitais e até aqueles que estejam em idade militar, para a grande escola de virtudes, de homens, que é o Exército, onde talvez possam ajudar a manter a integridade da Pátria, que também é a deles, quer queiram, quer não queiram.
O que se não pode é deixá-los circular livremente e contaminar a nossa juventude.
Por que não se segue o exemplo das autoridades marroquinas que decidiram no Verão de 1972 expulsar de Marráquexe, Tânger e Agadir grupos de hippies que por ali deambulavam, e a Tailândia, que também pela mesma época desenvolveu intensa campanha para se "desembaraçar de elementos jovens anti-sociais de cabelos longos e conduta equívoca".
Sr. Presidente: Irei renovar o pedido que fiz ao Governo nesta Casa em 22 de Fevereiro de 1972, ou seja, o "máximo contrôle nas fronteiras, não permitindo a entrada àqueles que, pelo seu aspecto exterior, vestuário, limpeza, etc., sejam prováveis consumidores ou traficantes de drogas e divulgadores de pseudofilosofias degradantes da sociedade".
Outro facto que me parece incontroverso é a conexão entre a música pop, a droga e o movimento hippy.
Com efeito, em tentativa de demonstração daquela convicção, lembro a esta Assembleia que a Polícia Judiciária teve como pista inicial e que a levou a desmantelar a rede de traficantes em 1972, assunto já atrás referido, precisamente a descoberta em Vilar de Mouros de um grupo hippy consumidor de drogas.
O referido grupo, após o festival, assentou arraiais em casebres arrendados na povoação e foi ali que as autoridades os encontraram e isso levou à descoberta da rede criminosa.
Na ilha de Wight, em 1970, a droga campeou no festival de música pop ali realizado e que impeliu o Deputado conservador pela ilha, Harold Woodnutt a deplorar na imprensa o uso abusivo de droga entre a assistência.
Em Abril de 1972 também num festival pop, em Mulwala, Austrália, a droga e a violência eclodiram na assistência e segundo relatos de jornalistas ocorreram dois mortos e trinta e quatro pessoas foram presas por possuírem estupefacientes, por embriaguez ou exposição indecente.
Há, não resta dúvida, necessidade de as autoridades estudarem o contrôle efectivo dos festivais pop que se queiram realizar em Portugal.