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15 DE MARÇO DE 1973 4767

outras centenas terão nascido em todo o Mundo trazendo consigo o estigma da mãe viciada pela droga, com a agravante de uma dificílima recuperação.
Em Montreal, no Canadá, uma equipa de prospecção sanitária chegou à conclusão de que 13 por cento dos jovens que lhe eram confiados utilizavam a cola, produto sintético, para se intoxicarem. Hoje, a proporção de universitários canadenses que se drogam atinge a inquietante cifra de 30 por cento (1 em cada 3).
No I Congresso Antidrogas de Hamburgo, realizado no mês de Março do ano findo, os cientistas chegaram à triste conclusão de que "não há receita que cure os viciados na droga". Do Congresso fizeram parte cientistas dedicados há muito ao combate contra a droga da Alemanha, Suíça, Holanda e Suécia, países que lutam com o aumento assustador de viciados. Um dos participantes no referido Congresso disse que "o vício da droga não é apenas um problema médico, jurídico, criminal ou sociológico, mas tudo isso junto e muito mais". No entanto, o Congresso utilizou todas as sugestões para a cura dos viciados, não sem que tivesse levantado um clamor pelo número assustador de jovens - cerca de 1 500 000 -, que, na altura, já tinham experimentado a droga e cerca de um décimo deles eram já considerados viciados crónicos. Além das possibilidades de cura estarem reduzidos ao mínimo, por cada cura que se regista surgem logo 300 novos viciados.
Tal o panorama apresentado pelo I Congresso Antidrogas, em que grupos de trabalho continuam reunidos a discutir o estado actual da pesquisa sobre as drogas e as motivações psicosociais do vício que se adquire. Quaisquer que sejam as divergências entre os diversos grupos de trabalho, o ideal comum é baixar o consumo das drogas e promover a cura dos viciados.
O tráfico de drogas é o problema mais difícil de ser dominado e aquele com que as diversas nações interessadas se debatem desesperadamente. Ele faz-se pelas formas mais extravagantes que se possam imaginar: escondidas em caixas de comida enlatada, em cabos de raquetas, em luvas acolchoadas para o hóquei, em contas e missangas dos hippies, em brinquedos de crianças, etc. Até uma equipa de televisão conseguiu transportar drogas em caixas de filmes, com o indicativo de que não podiam ser expostos à luz!
Um número relativamente recente do Sunday Telegraph relata ainda o caso de malas diplomáticas de embaixadas estrangeiras e dos próprios diplomatas dos países mais pobres de África, que estão a deixar entrar drogas, com manifesto e pronto lucro de venda, para a alta sociedade londrina. Um outro caso relatado pelo mesmo jornal refere-se a um categorizado membro da Alta Comissão Indiana, em Londres, que conseguiu fazer entrar latas de conservas com cerca de 50 mil grãos de haxixe em compartimentos separados nessas mesmas latas.
O contrabando da droga tem sido um problema gravíssimo para a Inglaterra, sendo o Paquistão, actualmente, um dos principais exportadores, seguindo-se o Líbano, a índia, o Médio Oriente e quase todos os países africanos. A própria África do Sul cultiva a Cannabis sativa no valor de 4000 t por ano.
Como deter essa marcha infernal? Como evitar que a droga invada as nossas escolas?
Sr. Presidente: A difusão e o crescente consumo de drogas parece relacionar-se com o fenómeno, característico do nosso tempo, da crença no direito à felicidade. Essa crença entra em conflito com a felicidade relativa que as estruturas sociais permitem ao indivíduo, que se refugia na droga como forma de manifestação contestatária, recusando a sociedade em que vive e procurando um expediente que o ajude a viver.
Outros há que procuram a droga como uma forma de renúncia, pura evasão de uma sociedade que os explora e continuará a explorar, na medida em que dela necessitam para a aquisição da substância tóxica que os escravizou e os pode conduzir aos mais repugnantes vícios e degradações.
O consumo da droga aumentou consideravelmente em todos os países ocidentais e são vítimas dele não só os desempregados e os complexados, como o são, também, e em grande escala, os estudantes sem problemas económicos.
Quais as causas dessa desorientação, principalmente entre a juventude?
Há dois tipos de indivíduos que normalmente se drogam:

1) Os predispostos, isto é, indivíduos neuróticos e emocionalmente instáveis, dificilmente adaptáveis aos problemas que surgem, levando-os à necessidade de se refugiarem na droga para experimentarem sensações novas compensadoras das suas frustrações;
2) Os que, sob o ponto de vista sociológico, sofrem a influência do meio ambiente, do qual faz parte a juventude, e que tendem a aceitar, e até louvar, atitudes de protesto e de contestação.

São diversas as causas que vão agir de modo a provocar o uso da droga nessas duas categorias de indivíduos:

1.° A fuga de problemas, quer de ordem material, quer de ordem espiritual. Os conflitos íntimos e os problemas de ordem familiar ou profissional levam o indivíduo a optar enfrentando esses conflitos ou fugindo deles refugiando-se na droga;
2.° A curiosidade. As experiências descritas com entusiasmo pelos outros despertam a curiosidade e levam ao desejo de experimentar;
3.° A riqueza. Os indivíduos que desfrutam de todos os bens de fortuna, levando uma vida fácil e de gozo de todos os prazeres, experimentam mais um - o da droga - que os leva muitas vezes à desgraça e ao crime;
4.° Dependência física e psíquica. Efeitos da própria droga, escravizam o indivíduo que passa a obedecer cegamente à sua vontade, consumindo doses cada vez maiores. Esta dependência é criada pelos traficantes que, com a sua ganância de lucros, conseguem promover a sua difusão nos ambientes frequentados por massas de jovens - rapazes e raparigas - onde encontram receptividade por se tratar de gente em regra geral mal informada, psicologicamente não amadurecida, de curiosidade natural e pronta a toda a espécie de experiências. Começa-se por fornecer a droga gratuitamente mas os traficantes sabem que o capital gasto irá