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7 DE ABRIL DE 1973 4947

sibilidades ou dificuldades, dentro da grandeza incomensurável das nossas potencialidades turísticas.
E é neste ambiente nacional, com uma panorâmica intercontinental, que me proponho fazer exaltações e reparos, na esperança de conseguir trazer aqui uma tradução das diferentes reacções verificadas em nacionais e estrangeiros, quando procuram o que se lhes vai indicando e quando encontram aquilo de que ninguém lhes falou.
Para os objectivos deste apontamento, com a simplicidade que se pretende imprimir-lhe, não é oportuno falar de estatísticas, a não ser para recordar que todos os anos cresce o número de estrangeiros que nos visitam, avançando para a casa dos milhões, e que os nacionais entraram também em grande movimentação, embora se constate ainda que há quem conheça todos os cantos da Europa e não conheça os recantos da sua terra.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - E depois, vai daí a afirmação que os outros é que são bons.
É evidente que não podemos negar as aliciantes turísticas dos outros países e muito menos a eficiência da sua máquina administrativa, enquanto constatamos a modéstia das nossas estruturas quantas vezes mais limitadas por falta de iniciativa do que por falta de recursos.
Este ambiente de iniciativas e recursos associa a ideia de brios e acção, convidando-nos a pensar que o pior que pode acontecer a uma sociedade é não acreditar em si própria.
Se essa descrença está na origem de muitos males, também daí caminhamos para a certeza de que é possível mentalizar todos e cada um para a eliminação de pequenas mazelas, seguros de que o caminho se abre depois naturalmente.
Mas não deixemos que este raciocínio nos arraste para um enquadramento em sectores mais amplos da vida administrativa.
Estamos a falar de turismo.
Propus-me uma ronda de extensão nacional, com particular incidência no distrito de Leiria, assinalando o que somos e o que podíamos ser.
Por enquanto, não podemos fazer mais do que imaginar os recursos de um país rico e a forma de servir a paisagem deslumbrante do topo da serra de Bornes ou as esmagadoras surpresas de Riba Douro, mas o que não se entende é que à intensidade da propaganda com as amendoeiras do Algarve, aliás justa, não corresponda um sinal bem vincado de passagem para essas bandas nortenhas, onde o espectáculo das amendoeiras pede meças a qualquer outro em beleza e tamanho.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sinal em informação e em capacidade de recepção, modesta que seja. É assim que se começa.
Quem chegar exausto e afogueado às quedas do Duque de Bragança e quiser refrescar-se, ou bebe a água do Lucala, à sociedade com os jacarés, ou anda largas dezenas de quilómetros para se servir deliciosamente com os pratos e vinhos de Amarante, que estão ao alcance da sua voz, do outro lado, numa acolhedora estalagem.
Não há recursos para o lançamento de uma grande ponte a montante ou jusante daquele espectáculo de sonho, que o turismo incipiente não paga?
Certamente. Nada de fantasias. Mas havia talvez a possibilidade de uma solução intermédia, que seria altamente compensadora.
Há quem se queixe de que o nosso Algarve está invadido por hábitos, costumes e capitais estrangeiros, que arrastam consigo um custo de vida inacessível ao cidadão instalado no sector económico médio. E mais: que a preponderância dos estrangeiros é de tal ordem que estrangeiros se sentem ali os portugueses.
Será caricatura ou haverá exagero nesta imagem, mas, sendo certo que tudo devemos fazer para atrair turistas, recebendo da melhor maneira em nossa casa, e que estes fenómenos, no campo económico, embora tenham repercussões negativas aqui e além, proporcionam vantagens globais indiscutíveis, não é menos certo que muito nos cabe fazer para não consentir numa ameaça de desnacionalização.
Importa mentalizar para a ideia de que há valores que transcendem o interesse material e que não é preciso abdicar de meios e princípios para servir da melhor maneira os interesses económicos da Nação.
Não pudemos nem poderemos travar a importação de exotismos, mas temos obrigação de fechar as fronteiras dos nossos lares ao vício e à corrupção.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se as portas abertas ao turismo nos lançam, de certo modo, numa comunidade europeia, africana ou universal, poderemos servir os estrangeiros interessada ou desinteressadamente, sem deixarmos de ser nós.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - Quando no Algarve, Angola ou Moçambique, em estabelecimentos hoteleiros aproximados ou nivelados com os melhores de qualquer parte - segundo o testemunho de quem conhece uns e outros - sentimos uma discriminação de tratamento que nos afasta da cortesia dirigida aos estrangeiros, sentimos que não há uma escola a corrigir tal discriminação, desnecessária e degradante, que nem valor económico arrasta consigo.
Sempre prontos a imitar todos os estrangeirismos, neste ponto isolamo-nos numa atitude de menosprezo por aquilo que somos.
Sem prejuízo da hospitalidade, cortesia e natural amabilidade, como é nosso timbre e cartaz turístico, combatamos as atitudes de renúncia servil, não vá acontecer que amanhã, no Algarve, tenhamos de alinhar na condução pela esquerda, já que Moçambique parece ter negociado tal disposição!
Insisto na ideia de que quanto mais formos nós, mais respeitados seremos.
Se estas palavras ferissem a sensibilidade de alguém que quisesse acusar-me de impreciso, falta de objectividade ou sentido das realidades e se cansasse a acompanhar-me na digressão que acabo de fazer, convidá-lo-ia a descansar um pouco da agressão das distâncias e da vibração dos sentidos, recolhendo-se aos encantos turísticos do distrito que represento.