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4948 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 246

Desde as serras, vales e barragens da ponta norte, até à suavidade ribeirinha da ponta sul, qualquer turista pode quedar-se no ambiente mais acolhedor que o turismo pode proporcionar.
Na serra não há poluição, embora falte uma pousada. As matas nacionais são um jardim imenso e os monumentos são dos mais enraizados na história da Pátria, funcionando como livro aberto, sem taxa de utilização.
Quanto a praias, são das melhores do País, e se vão ficando pequenas pela atracção que oferecem, outras podem e devem surgir, aproveitando a riqueza da costa.
Não teremos poder económico para aproveitar todas as potencialidades com que Deus nos brindou juntamente com o sol e o mar, mas bem poderíamos rasgar novos acessos aos extensos areais, já que aqui e além deixámos abrir as portas à poluição, como acontece no litoral norte do distrito, com o mal cuidado funcionamento da fábrica de celulose.
Se na metade do ano mais contemplada pela afluência de turistas escasseia o poder de recepção nos bem cuidados hotéis, pousadas e restaurantes, bom seria que se apoiassem mais iniciativas, desencorajadas por uma burocracia que nem sempre se justifica. Parece que em nada ficaria afectada a dignidade do Castelo de Leiria se nas suas dependências funcionasse um pretendido restaurante enquadrado nas características do monumento.
Faltam, e cada vez mais, felizmente, alojamentos ao longo da costa. São infra-estruturas ao alcance de quem queira preparar-se para o futuro, em vez de esperar que o futuro lhe bata à porta.
Proponho-me terminar esta pequena ronda regional na progressiva vila de Peniche, onde muito se tem feito e muito há para fazer, deixando Óbidos no seu lugar, que precisa pouco mais do que respeitosa contemplação quando falamos de turismo.
Peniche, sem deixar de ser centro de inteiro labor, é um pólo de atracção turística por excelência.
Vivendo na esperança de que as obras do seu porto acelerem o passo, vencendo as enervantes delongas de que sofre há anos, está a caminho da solução dos problemas sociais, embora espere que o sacrifício dos homens do mar seja acompanhado por medidas cada vez mais eficientes, para tranquilidade de quem é capaz de viver todos os riscos do presente se não sentir que pode criar angústias para o futuro.
Peniche tem ainda outro senão na satisfação das suas aspirações.
Essa desgraça, que é a necessidade da existência de estabelecimentos prisionais, afecta a sensibilidade daquele povo de marinheiros.

O Sr. Alberto de Meireles: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Afecta a sensibilidade de toda a gente, no fim de contas; mas Peniche gostaria que os serviços ali existentes fossem transferidos, já que eliminá-los não é da sua conta e isso pertence a contas muito difíceis de fazer...
Então sim, terminaríamos quase em beleza este contacto com as riquezas e comportamento turístico do distrito de Leiria.
E digo quase, porque falta fazer um reparo no enquadramento que oferece a ilha da Berlenga.
O brioso esforço do concessionário da Pousada, criteriosamente instalada na histórica fortaleza, não basta para harmonizar os critérios de quem manda na conservação e de quem pontifica na exploração.
Não se entende que assim seja e muito menos entende o turista, nacional ou estrangeiro, quando altera os seus propósitos de permanência, se lhe calha ser albergado num aposento que funciona como uma câmara de gás!
São as tais pequenas mas grandes coisas do turismo no nosso país.
A pousada da fortaleza da Berlenga precisa, urgentemente, de correcções e adaptações condignas. A ilha e o turismo da região ficariam extraordinariamente enriquecidos com mais instalações para recepção de turistas, que não faltariam com certeza absoluta.
Está ali uma preciosidade turística que parece condenada a retratar a fraqueza das vontades, perante a grandeza das possibilidades.
Também aqui se pode falar de possibilidades grandes e soluções simples.
Não é preciso pensar em soluções arrojadas. Arrojo há, até de mais.
Só por arrojo é que é possível meter num barco o dobro da sua lotação normal, para regresso a Peniche.
Arrojo demasiado e insensato, porque se a desgraça acompanhar a imprudência, lá vai o turismo da Berlenga pela borda fora!...
Saibamos ir sempre mais longe, mesmo sem renúncia à tradicional aventura, mas partindo sempre da conservação do que temos.
E assim procurei falar de turismo, numa interpretação simples e corrente, que poderá servir de apoio a pretensões maiores.
Tenho dito.

O Sr. Alberto de Alarcão: - Sr. Presidente: No primeiro ano do nosso mandato aqui ergui a voz a recordar Paulo de Barros e os instantes problemas da electrificação rural {Diário das Sessões, n.° 34, de 15 de Abril de 1970, p. 662). É-me grato agora sublinhar quanto se avançou desde então e mais promete em termos de uma melhor organização dos serviços e cobertura do território continental pelas redes de distribuição de energia eléctrica.
Assim, o Decreto-Lei n.° 630/70, de 22 de Dezembro, criou a Federação de Municípios do distrito de Leiria, à qual foi cometida a execução e exploração das obras destinadas à pequena distribuição de energia em alguns dos seus concelhos; mais tarde vieram juntar-se-lhe as do distrito de Santarém (Decreto-Lei n.° 51/71, de 24 de Fevereiro), de Setúbal (Decreto-Lei n.° 593/71, de 28 de Dezembro), de Faro (Decreto-Lei n.° 5/72, de 5 de Janeiro) e de Viseu (Decreto-Lei n.° 528/72, suplemento, de 19 de Dezembro), bem como a Federação de Municípios de Trás-os-Montes e Alto Douro (Decreto-Lei n.° 199/ 72, de 17 de Junho), zona produtora, mas tão esquecida, tão às escuras deste benefício da civilização.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Muito bem!