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972 I SÉRIE-NÚMERO 28

Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado César Oliveira. durante 3 minutos.

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Sr. Presidente,
Srs. Deputados: Ouvi o Sr. Deputado Vítor Crespo com toda a atenção, acompanhada, também, de um misto de estupefacção. Queria pôr ao Sr. Deputado apenas uma questão: das duas uma. QU o Sr. Primeiro-Ministro se demite pelos resultados, eleitorais, pela declaração do Sr. Professor Freitas do Amaral na noite das eleições e pela posição do CDS em todo este processo, ou o Sr. Primeiro-Ministro não se demite por estas rabões e se demite, apenas, por jogadas internas no PSD e na Aliança Democrática. Então, gostaria que V. Ex.ª explicasse ao País - que ao fim e ao cabo ainda não percebeu - por que é que o Sr. Primeiro-Ministro se demitiu.

O Sr. Santana Lopes (PSD): - Telefone!

O Orador: - Se foi em consequência do Prof. Freitas do Amaral ter dito o que disse ou se foi por qualquer outra razão, inclusivamente jogadas internas no seu próprio partido e na Aliança Democrática. O Pais precisa de saber por que é que o Sr. Primeiro-Ministro se demitiu, porque ainda não sabe.
Na verdade, o tacto de ser Primeiro-Ministro e dedicar-se ao seu partido...

O Sr. Santana Lopes (PSD): - Foi a pedido da UEDS!

O Orador: - ... quer dizer que alguma razão houve para tal acontecesse. Qual foi essa razão, se não foi o Professor Freitas do Amaral, se não foram os resultados das eleições, se não foi a situação interna do seu próprio partido e da Aliança Democrática? Qual foi, então, essa razão, Sr. Deputado?
Aliás, parece que há deputados do PSD que estão excitadíssimos por eu falar nesta matéria. Talvez, devessem estar tristíssimos porque parece que a jogada do Dr. Pinto Balsemão os «limpou», também a eles, lá no interior do partido. Mas isso e convosco!

Risos do PSD e do Sr. Deputado António Vitorino (UEDS).

O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado veio aqui, aliás, na linha do que o Sr. Primeiro-Ministro demissionário já tinha feito, tentar demonstrar que estas eleições autárquicas se tinha saldado por uma vitória da Aliança Democrática. Damos isso de barato. Mas então, Sr. Deputado, o povo português disse: a Aliança Democrática governou bem; o povo português disse; o Sr. Primeiro-Ministro governou bem, e perante isto o Sr. Primeiro-Ministro demite-se! Ainda bem que a Aliança Democrática, ou que o Sr. Primeiro-Ministro, não tirou a conclusão de que tinha uma derrota nas umas, porque, de contrário, calhar tinha continuado. Ainda bem!

O Sr. Manuel da Costa (PS): - Obviamente!

O Orador: - Sr. Deputado: qual é a lógica dessa atitude?
Não me venha dizer que o Sr. Primeiro-Ministro abandona o Governo para ir resolver os problemas partidários, porque então pergunto-lhe, Sr. Deputado: acha legítimo que um primeiro-ministro que governou tão bem (tão bem, que até ganhou as eleições!), que, na sua interpretação e na do Sr. Primeiro-Ministro, teve a confirmação do eleitorado português perante uma situação de crise com que o País se defronta, que ninguém nega, renuncie a continuar a sua obra meritória para se dedicar ao partido?
Não posso conceber que o Sr. Dr. Francisco Pinto Balsemão tenha dos problemas um espírito tão tacanho que ponha acima dos interesses nacionais os interesses do seu partido, a sua meta para as eleições legislativas e pretenda ganhá-las com prejuízo de uma governação que, seguramente, nos iria livrar da crise (segundo o entendimento do povo português na sua interpretação e na do Sr. Primeiro-Ministro).

O Sr. António Vitorino (UEDS): - Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito mal!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito, para um pedido de esclarecimento.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sr. Deputado Victor Crespo, ouvi-o, interrogando-me sempre sobre se a sua intenção era abrir uma discussão na Assembleia a partir dos pontos de vista do PSD ou se não era nada disso que se tratava e se o Sr. Deputado apenas se servia da tribuna da Assembleia da República para, em nome do seu partido, polemizar com o CDS. Ficou-me a ideia de que era disso que realmente se tratava De facto, as partes mais polémicas da sua intervenção não se dirigem à oposição, dirigem-se ao CDS E isto tanto no que se refere ao balanço do; resultados eleitorais como no que se refere à demissão do Sr. Primeiro-Ministro. Mas ainda assim - o Sr. Deputado, por via dessa polemica com o CDS. incorreu em alguns erros na análise do resultado das eleições -. queria perguntar-lhe: então pode considerar-se uma vitória da AD a circunstância de. no acto eleitoral do passado dia 12 de Dezembro, a própria AD ter perdido em percentagem de votação não. como dizia o Sr. Deputado, 4.7 % (não. não, porque isso na sua boca até è um erro clamoroso), mas 5 pontos percentuais, o que equivale a mais de 10 %. um aumento de 12 % do seu eleitorado?

Risos do PSD.

Perdeu em número de câmaras e em número de mandatos. E quem perdeu mais, Sr. Deputado, foi o PSD. O Sr. Deputado não conseguiu demonstrar que não foi o PSD quem perdeu mais. Então isto é que é uma vitória da AD?
Outra pergunta: então a AD é a maioria da sociedade? Repare nestes números: a AD tem, nestas eleições, 2 157 000 votos, e a APU, o PS e a UEDS têm 2 707 000 votos. Repare que há uma diferença de 650 000 votos. Como é que os senhores se poderá arrogar da maioria da sociedade portuguesa?