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22 DE DEZEMBRO DE 1982 973

O Sr. Ferreira de Campos (PSD): - Não junte as coisas que não pode juntar!

O Orador: - Aliás, se os resultados destas eleições fossem aplicados às eleições legislativas a AD perderia a maioria absoluta, mesmo contando que não havia alteração nos deputados da emigração, isto é, mesmo com 3 deputados da emigração, mesmo assim a AD ficava com 117 mandatos. Podemos mostrar os números e temos todo o prazer em discutir convosco. Como é que com isto a AD é a maioria da sociedade portuguesa?
No que toca à demissão do Sr. Primeiro-Ministro, a questão que se coloca é esta: como é que, após esta derrota verdadeira, clara e pesada da AD, vem o Sr. Deputado querer convencer-me de que o Sr. Primeiro-Ministro se demitiu porque isto era uma intenção antiga, porque agora se vai apenas devotar aos interesses do seu partido e não porque sofreu uma pesada derrota eleitoral, não porque a AD revela uma total incapacidade para se reorganizar, como, aliás, se vê pelo que está a acontecer agora?
O PSD e o CDS têm de vir à Assembleia da República para poderem polemizar, para poderem discutir, uma vez que, desde o dia 12 de Dezembro, um e outro estão acantonados nas suas sedes, não tendo voltado a encontrar-se. É esta prova de incapacidade que nos leva a reclamar eleições legislativas já, para que o povo português dê a resposta. E se os senhores estão convencidos do vosso bom resultado do dia 12. por que é que não aceitam eleições legislativas antecipadas?

Aplausos do PCP.

O Sr. Amadeu dos Santos (PSD): - Vocês é que não conhecem a sede do MDP porque nunca lá foram!

Risos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Victor Crespo começou por reprovar todos aqueles que têm feito interpretações unilaterais e deformadas dos resultados eleitorais, E o Sr. Deputado Victor Crespo acabou por incidir no mesmo erro que condenou: fazer uma interpretação unilateral e deformada dos resultados eleitorais. Esta a primeira nota a sua intervenção.

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Muito bem!

O Orador: - A segunda nota tem um pouco a ver com o funcionamento interno dos grupos e com a sua percepção da realidade. Fala-se de pensamento esquizóide quando um indivíduo se divorcia da realidade, se fecha nas suas próprias convicções e no seu mundo interior. O PSD está. neste momento, dominado por esse pensamento esquizóide - divorciou-se da realidade e vive dos seus próprios sonhos, das suas próprias fantasias e da sua própria imaginação.

Protestos do PSD.

Sr. Deputado Victor Crespo, a interpretação que faz dos resultados eleitorais é, manifestamente, uma tentativa de reagir contra as interpretações de todo os observadores, de todas as forças políticas, de todos os estudiosos das últimas eleições, os quais dão, naturalmente, à AD e ao PSD uma derrota política e eleitoral. E a sua interpretação choca-se, com a interpretação de um outro parceiro da ligação governamental, o CDS, que reconheceu (aliás, com alguma honestidade e rigor) que sofreram um desaire eleitoral.

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Muito bem!

O Orador: - Naturalmente que aqui o Sr. Deputado Victor Crespo e o seu partido estão ainda mais isolados na interpretação que hoje tentaram fazer. Pode-se aqui aplicar a velha metáfora, segundo a qual o Sr. Deputado Víctor Crespo e o seu partido, tal como a avestruz, meteram a «rabeca debaixo da areia quando acossados pelas dificuldades. Isso não lhes adianta absolutamente nada, na medida em que os factos são factos, os números são números e qualquer cidadão português, neste momento, interpreta os resultados das últimas eleições autárquicas como uma forte derrota política para a Aliança Democrática e, designadamente, para o PSD, e como tendo proporcionado ao Partido Socialista significativos progressos eleitorais e possibilidades de vir a ganhar umas eleições legislativas se elas vierem a disputar-se.

O Sr. Pedro Lourenço (CDS): - Querias!

O Orador: - E, na verdade, aquilo que o PSD e o CDS temem neste momento ao eleições legislativas antecipadas, porque sabem que se elas se realizarem vão ter uma derrota, pelo que não terão possibilidades de voltar a decidir dos destinos do País, aliás, a decidir mal, levando o País para uma crise como nunca tivemos até a data.

Protestos do PSD.

Se acaso as eleições legislativas se não realizarem já, realizar-se-ão daqui por mais alguns meses porque o apodrecimento da AD é visível para todos os cidadãos, portugueses. Só que se vão realizar em condições piores, com o País numa crise económica e social ainda mais precária e, por conseguinte, o poder político que saia dessas eleições vai defrontar dificuldades mais acrescidas.
Esta é a realidade, Sr. Deputado Victor Crespo, e não adianta nada fechar os olhos ou tentar fazer divagações como aquelas que o Sr. Deputado hoje aqui fez.

Aplausos do PS e da UEDS.

O Sr. Presidente: - Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Vitorino.

O Sr. António Vitorino (UEDS): - Sr. Presidente.
Srs. Deputados: O Dr. Alberto João Jardim já nos linha explicado que a Aliança Democrática era dominada pelo eixo Lisboa-Cascais. A origem geográfica do Primeiro-Ministro explica-nos que quem